Atenta Inquietude: O RAPAZ QUE VIVIA À SOMBRA

24-01-2012
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Era uma vez um Rapaz que sempre viveu à sombra. Quando era pequeno a sua vida decorria entre a sombra dos pais e, depois, a sombra da educadora. O Rapaz, filho único, envolvia-se com ninguém e ninguém se envolvia com ele. Quanto menos se envolvia nas coisas dos miúdos mais à sombra continuava. Cresceu e passou para escola dos mais crescidos, sempre andando pela sombra. Na escola, ajeitava-se num canto, só, à sombra. Os pais levavam-no e traziam-no da escola e ficava, claro, à sombra. Continuava a não ter amigos, ninguém gosta de brincar com quem não sabe brincar.Cresceu para a outra escola, a dos grandes, uma escola cheia de sombras, árvores, muros, professores e outra gente. O Rapaz tinha sempre uma sombra para se acolher. Naquela escola andava uma rapariga que, de mansinho começou a reparar naquele Rapaz, sempre à sombra e com ninguém. Qualquer coisa naquela tristeza sombria e resignada a chamava. Um dia aproximou-se do Rapaz, olhou bem para ele e disse de forma convicta, “Anda”. O Rapaz, meio atordoado, hesitou, mas como sempre fez o que lhe disseram, foi.A Rapariga falava de tudo e de coisas de que ele nunca falava, mas que sabia, lia muito, que se falavam e passavam. Foram a muitos lados, perderam-se, voltaram a encontrar-se e, como diz o Sérgio Godinho, a Rapariga mostrou ao Rapaz caminhos onde ele nem atalhos conhecia.O Rapaz que tinha vivido sempre à sombra tinha acabado de descobrir o Sol.


Era uma vez um Rapaz que sempre viveu à sombra. Quando era pequeno a sua vida decorria entre a sombra dos pais e, depois, a sombra da educadora. O Rapaz, filho único, envolvia-se com ninguém e ninguém se envolvia com ele. Quanto menos se envolvia nas coisas dos miúdos mais à sombra continuava. Cresceu e passou para escola dos mais crescidos, sempre andando pela sombra. Na escola, ajeitava-se num canto, só, à sombra. Os pais levavam-no e traziam-no da escola e ficava, claro, à sombra. Continuava a não ter amigos, ninguém gosta de brincar com quem não sabe brincar.Cresceu para a outra escola, a dos grandes, uma escola cheia de sombras, árvores, muros, professores e outra gente. O Rapaz tinha sempre uma sombra para se acolher. Naquela escola andava uma rapariga que, de mansinho começou a reparar naquele Rapaz, sempre à sombra e com ninguém. Qualquer coisa naquela tristeza sombria e resignada a chamava. Um dia aproximou-se do Rapaz, olhou bem para ele e disse de forma convicta, “Anda”. O Rapaz, meio atordoado, hesitou, mas como sempre fez o que lhe disseram, foi.A Rapariga falava de tudo e de coisas de que ele nunca falava, mas que sabia, lia muito, que se falavam e passavam. Foram a muitos lados, perderam-se, voltaram a encontrar-se e, como diz o Sérgio Godinho, a Rapariga mostrou ao Rapaz caminhos onde ele nem atalhos conhecia.O Rapaz que tinha vivido sempre à sombra tinha acabado de descobrir o Sol.

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