Remodelação governamental para Passos Coelho tramar Luís Filipe Menezes

14-10-2015
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A mudança de Secrtetários de Estado no Governo Passos Coelho continua. Desta vez, Berta Cabral substitui Braga Lino na Defesa: Berta já deu provas de ser uma mulher muito competente, politicamente hábil e com intuição prática. Resta saber se conseguirá impor-se numa pasta bastante delicada que, por alguma ingenuidade de Aguiar Branco, está em polvorosa. Berta Cabral terá, pois, de ter bastante jogo de cintura político para negociar com os militares em rota de colisão com o Governo, devido às reformas já prometidas para o sector. Por outro lado, Berta Cabral apresenta uma vantagem comparativa que é o conhecimento exaustivo e completo que tem do dossiê "Base das Lajes", o qual poderá ser muito útil numa altura em que o Governo está a renegociar o acordo com os Estados Unidos da América. Ponderados todos os factores, julgo que Berta Cabral foi uma boa escolha de Passos Coelho.

Quanto a Castro Almeida, é um político experiente, muito próximo de Marques Mendes. Vamos ver como se comportará em tarefas governamentais. Marques Mendes, agora sem Miguel Relvas no Governo, procura ter a sua zona de influência. Julgamos que a escolha mais surpreendente foi a de António Leitão Amaro para a secretaria de Estado do Poder Local. Quem é António Leitão Amaro? Leitão Amaro era um militante muito discreto da JSD, até que teve a sorte de passar uma temporada em Harvard. Esteve lá alguns meses e quando voltou, devido a um certo fascínio que os portugueses têm pelos "estrangeirados", voltou como um herói nacional. Pedro Rodrigues convidou-o logo para Secretário-Geral da JSD, tendo a oportunidade de criar conhecimentos e influências na máquina do partido. Tem talento? Tem, embora tenha mais talento académico do que talento político. Não foi um brilhante Secretário-Geral, teve vários problemas - e, para seu azar, o seu período na JSD correspondeu ao pior período da liderança de Pedro Rodrigues. É claro que corre contra ele um rumor, lançado pelos seus adversários na JSD, segundo o qual Leitão Amaro só foi escolhido para deputado e agora para Secretário de Estado devido às suas ligações familiares, nomeadamente devido à influência de seu pai. Isto porque António Leitão Amaro é filho de Leitão Amaro, presidente da empresa de renováveis Nutroton, empresa que empregou, por exemplo, Marques Mendes depois de sair da liderança do PSD. Quero aqui refutar claramente este rumor: não me parece nada que António Leitão Amaro só tenha subido politicamente apenas devido ao seu pai. É um jovem com capacidades - e nós temos de aplaudir a renovação política. Só não percebo o porquê de o colocar no poder local: não é uma área que Leitão Amaro conheça bem, nem é uma matéria pela qual ele tenha especial interesse.

Mais: a escolha de Leitão para o poder local é uma provocação de Passos Coelho a Luís Filipe Menezes. Porquê? Porque Leitão Amaro, como responsável pelo poder local, terá de resolver o berbicacho - pelo menos, tomar posição - sobre a lei de limitação de mandatos dos autarcas. Ora, Leitão Amaro defende que a proibição de exercício de mais de três mandatos autárquicos não se aplica apenas ao território, mas à função. Com uma particularidade: o autarca que completa três mandatos à frente de uma autarquia pode voltar a candidatar-se a outra, desde que não esteja compreendida na sua área de influência - esta é a posição defendida por Leitão Amaro. Se assim for, Leitão Amara defende a ilegalidade da candidatura de Luís Filipe Menezes. Das duas, uma: ou Leitão Amaro vai mudar radicalmente de posição porque o vão obrigar; ou vai ter de se opor à candidatura de Luís Filipe Menezes. Veremos o que fará.

Outro aspecto interessante da remodelação governamental é que transpôs para o Governo as guerrinhas internas da JSD. De facto, Leitão Amaro tem um ódio visceral por João Annnes, que é adjunto de Aguiar-Branco. Pedro Rodrigues, ex-líder da JSD, é chefe de gabinete de Poiares Maduro (curiosamente, o tandem Rodrigues/Leitão Amaro mantém-se agora no Governo) e tem vários conflitos com outra malta da JSD que está espalhada pelo Governo Passos Coelho. Na JSD, não se têm entendido com prejuízo para a Jota - vamos ver se no Governo se acalmam e conseguem fazer um trabalho meritório.

Email:politicoesfera@gmail.com

A mudança de Secrtetários de Estado no Governo Passos Coelho continua. Desta vez, Berta Cabral substitui Braga Lino na Defesa: Berta já deu provas de ser uma mulher muito competente, politicamente hábil e com intuição prática. Resta saber se conseguirá impor-se numa pasta bastante delicada que, por alguma ingenuidade de Aguiar Branco, está em polvorosa. Berta Cabral terá, pois, de ter bastante jogo de cintura político para negociar com os militares em rota de colisão com o Governo, devido às reformas já prometidas para o sector. Por outro lado, Berta Cabral apresenta uma vantagem comparativa que é o conhecimento exaustivo e completo que tem do dossiê "Base das Lajes", o qual poderá ser muito útil numa altura em que o Governo está a renegociar o acordo com os Estados Unidos da América. Ponderados todos os factores, julgo que Berta Cabral foi uma boa escolha de Passos Coelho.

Quanto a Castro Almeida, é um político experiente, muito próximo de Marques Mendes. Vamos ver como se comportará em tarefas governamentais. Marques Mendes, agora sem Miguel Relvas no Governo, procura ter a sua zona de influência. Julgamos que a escolha mais surpreendente foi a de António Leitão Amaro para a secretaria de Estado do Poder Local. Quem é António Leitão Amaro? Leitão Amaro era um militante muito discreto da JSD, até que teve a sorte de passar uma temporada em Harvard. Esteve lá alguns meses e quando voltou, devido a um certo fascínio que os portugueses têm pelos "estrangeirados", voltou como um herói nacional. Pedro Rodrigues convidou-o logo para Secretário-Geral da JSD, tendo a oportunidade de criar conhecimentos e influências na máquina do partido. Tem talento? Tem, embora tenha mais talento académico do que talento político. Não foi um brilhante Secretário-Geral, teve vários problemas - e, para seu azar, o seu período na JSD correspondeu ao pior período da liderança de Pedro Rodrigues. É claro que corre contra ele um rumor, lançado pelos seus adversários na JSD, segundo o qual Leitão Amaro só foi escolhido para deputado e agora para Secretário de Estado devido às suas ligações familiares, nomeadamente devido à influência de seu pai. Isto porque António Leitão Amaro é filho de Leitão Amaro, presidente da empresa de renováveis Nutroton, empresa que empregou, por exemplo, Marques Mendes depois de sair da liderança do PSD. Quero aqui refutar claramente este rumor: não me parece nada que António Leitão Amaro só tenha subido politicamente apenas devido ao seu pai. É um jovem com capacidades - e nós temos de aplaudir a renovação política. Só não percebo o porquê de o colocar no poder local: não é uma área que Leitão Amaro conheça bem, nem é uma matéria pela qual ele tenha especial interesse.

Mais: a escolha de Leitão para o poder local é uma provocação de Passos Coelho a Luís Filipe Menezes. Porquê? Porque Leitão Amaro, como responsável pelo poder local, terá de resolver o berbicacho - pelo menos, tomar posição - sobre a lei de limitação de mandatos dos autarcas. Ora, Leitão Amaro defende que a proibição de exercício de mais de três mandatos autárquicos não se aplica apenas ao território, mas à função. Com uma particularidade: o autarca que completa três mandatos à frente de uma autarquia pode voltar a candidatar-se a outra, desde que não esteja compreendida na sua área de influência - esta é a posição defendida por Leitão Amaro. Se assim for, Leitão Amara defende a ilegalidade da candidatura de Luís Filipe Menezes. Das duas, uma: ou Leitão Amaro vai mudar radicalmente de posição porque o vão obrigar; ou vai ter de se opor à candidatura de Luís Filipe Menezes. Veremos o que fará.

Outro aspecto interessante da remodelação governamental é que transpôs para o Governo as guerrinhas internas da JSD. De facto, Leitão Amaro tem um ódio visceral por João Annnes, que é adjunto de Aguiar-Branco. Pedro Rodrigues, ex-líder da JSD, é chefe de gabinete de Poiares Maduro (curiosamente, o tandem Rodrigues/Leitão Amaro mantém-se agora no Governo) e tem vários conflitos com outra malta da JSD que está espalhada pelo Governo Passos Coelho. Na JSD, não se têm entendido com prejuízo para a Jota - vamos ver se no Governo se acalmam e conseguem fazer um trabalho meritório.

Email:politicoesfera@gmail.com

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