Relvas regressa para testar PSD

02-07-2015
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Mas o tiro de saída de Relvas nesta corrida de fundo pela recuperação da sua imagem no país e no PSD não foi dado hoje, com o livro. Há um ano atrás, o ex-ministro já tinha começado discretamente a caminhada, pela mão de Passos, o ex-líder da JSD que o próprio Relvas ajudou a colocar no poder, também numa corrida de fundo, iniciada quatro anos antes. Quando Relvas anunciou a sua demissão fez questão de lembrar isso mesmo, deixando passar alguma mágoa e nos primeiros tempos as relações com Passos ficaram tensas, como confirmaram na altura várias fontes do PSD.

Em Fevereiro de 2014, no congresso do partido, Passos Coelho surpreendeu tudo e todos ao anunciar que o cabeça de lista ao Conselho Nacional do PSD era Miguel Relvas, uma decisão que caiu mal no partido e que foi, à data, interpretada como "um gesto de solidariedade" do primeiro-ministro. O mal-estar, aliás, fez-se sentir de imediato na sala do Pavilhão Atlântico e horas depois a lista encabeçada por Relvas recebia a menor votação de sempre de Passos Coelho. O PSD dava sinal de que considerava cedo o regresso de Relvas à vida político-partidária. O ex-ministro, que já foi secretário-geral do PSD, percebeu o sinal mas manteve-se no Conselho Nacional, onde só vai uma vez por outra dar a sua opinião sobre as principais estratégias do partido. E gosta. É um pouco de política na sua nova vida de consultor. "Gosto de ser conselheiro, quero dar a minha opinião", admitiu o próprio na entrevista que deu ao ‘Expresso' no sábado.

Foi a partir dessa altura que as suas relações com Passos melhoraram e que o primeiro-ministro voltou a contar com os seus conselhos e opiniões. Embora passe muito tempo em viagens transatlânticas, Miguel Relvas continua a falar com o primeiro-ministro e outros dirigentes do PSD, deixando opiniões sobre dossiers quentes e estratégias eleitorais. Por exemplo, já aconselhou o PSD a tentar um acordo de regime para uma década após as eleições, quer ganhe Passos, quer ganhe o PS. "Não está dentro mas nunca está totalmente de fora", sintetiza um dirigente social-democrata, lembrando que a sua experiência política "é uma mais-valia". Nem que seja nos bastidores, porque existe o outro lado: a "imagem debilitada" na opinião pública mantém-se. De facto, por causa da sua licenciatura em Ciência Política tirada num ano - teve equivalência em 32 das 36 cadeiras - Relvas passou a ser alvo de piadas por todo o país. A contestação que se levantou contra a extinção de freguesias logo em 2011 e que piorou em 2012 levou milhares de pessoas para as ruas contra o ministro, que chegou a ser interrompido em cerimónias com manifestantes a cantarem "Grândola, vila morena". No livro, Relvas relata mesmo que no processo de reforma administrativa houve "rasteiras e traições" dentro da própria coligação, "situações muito desconfortáveis" dentro do PSD, onde muitos autarcas e deputados se opunham, mas garante que teve o apoio de Passos "do primeiro ao último minuto". Nos dois anos de polémicas, Passos segurou Relvas até ao limite e desagradando ao próprio partido. Só quando Nuno Crato anunciou que tinha enviado a licenciatura de Relvas para o Ministério Público é que o ex-ministro bateu com a porta, alegando "falta de força anímica".

Relvas garante que o livro não é "um ajuste de contas" com o passado "ou o regresso à vida política activa" e define-o como "o desejo de partilha dos bastidores" da reforma local. Sempre os bastidores, onde continua a mover-se.

Mas o tiro de saída de Relvas nesta corrida de fundo pela recuperação da sua imagem no país e no PSD não foi dado hoje, com o livro. Há um ano atrás, o ex-ministro já tinha começado discretamente a caminhada, pela mão de Passos, o ex-líder da JSD que o próprio Relvas ajudou a colocar no poder, também numa corrida de fundo, iniciada quatro anos antes. Quando Relvas anunciou a sua demissão fez questão de lembrar isso mesmo, deixando passar alguma mágoa e nos primeiros tempos as relações com Passos ficaram tensas, como confirmaram na altura várias fontes do PSD.

Em Fevereiro de 2014, no congresso do partido, Passos Coelho surpreendeu tudo e todos ao anunciar que o cabeça de lista ao Conselho Nacional do PSD era Miguel Relvas, uma decisão que caiu mal no partido e que foi, à data, interpretada como "um gesto de solidariedade" do primeiro-ministro. O mal-estar, aliás, fez-se sentir de imediato na sala do Pavilhão Atlântico e horas depois a lista encabeçada por Relvas recebia a menor votação de sempre de Passos Coelho. O PSD dava sinal de que considerava cedo o regresso de Relvas à vida político-partidária. O ex-ministro, que já foi secretário-geral do PSD, percebeu o sinal mas manteve-se no Conselho Nacional, onde só vai uma vez por outra dar a sua opinião sobre as principais estratégias do partido. E gosta. É um pouco de política na sua nova vida de consultor. "Gosto de ser conselheiro, quero dar a minha opinião", admitiu o próprio na entrevista que deu ao ‘Expresso' no sábado.

Foi a partir dessa altura que as suas relações com Passos melhoraram e que o primeiro-ministro voltou a contar com os seus conselhos e opiniões. Embora passe muito tempo em viagens transatlânticas, Miguel Relvas continua a falar com o primeiro-ministro e outros dirigentes do PSD, deixando opiniões sobre dossiers quentes e estratégias eleitorais. Por exemplo, já aconselhou o PSD a tentar um acordo de regime para uma década após as eleições, quer ganhe Passos, quer ganhe o PS. "Não está dentro mas nunca está totalmente de fora", sintetiza um dirigente social-democrata, lembrando que a sua experiência política "é uma mais-valia". Nem que seja nos bastidores, porque existe o outro lado: a "imagem debilitada" na opinião pública mantém-se. De facto, por causa da sua licenciatura em Ciência Política tirada num ano - teve equivalência em 32 das 36 cadeiras - Relvas passou a ser alvo de piadas por todo o país. A contestação que se levantou contra a extinção de freguesias logo em 2011 e que piorou em 2012 levou milhares de pessoas para as ruas contra o ministro, que chegou a ser interrompido em cerimónias com manifestantes a cantarem "Grândola, vila morena". No livro, Relvas relata mesmo que no processo de reforma administrativa houve "rasteiras e traições" dentro da própria coligação, "situações muito desconfortáveis" dentro do PSD, onde muitos autarcas e deputados se opunham, mas garante que teve o apoio de Passos "do primeiro ao último minuto". Nos dois anos de polémicas, Passos segurou Relvas até ao limite e desagradando ao próprio partido. Só quando Nuno Crato anunciou que tinha enviado a licenciatura de Relvas para o Ministério Público é que o ex-ministro bateu com a porta, alegando "falta de força anímica".

Relvas garante que o livro não é "um ajuste de contas" com o passado "ou o regresso à vida política activa" e define-o como "o desejo de partilha dos bastidores" da reforma local. Sempre os bastidores, onde continua a mover-se.

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