Mas ninguém tira a licenciatura a José Sócrates?

10-10-2015
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Quando o homem estava no retiro parisiense, a questão não era premente. Até era bonito termos um ex-pm a estudar em terras gaulesas, dava um certo ar aristocrático à nação. Era uma cena fofa, no fundo. Mas entretanto a fofice desapareceu, porque o homem regressou à pátria, pior, voltou ao centro da nossa vidinha colectiva. Agora é mesmo um imperativo categórico colocar a questão: depois do que aconteceu a Miguel Relvas, por que razão ninguém tira a licenciatura a José Sócrates? O que distingue o grau académico de Relvas do grau académico de Sócrates? Nada. Ambos foram obtidos por diversas e divertidas portas do cavalo. Se existirem diferenças, as ditas são de grau e não de natureza. Tal como Relvas, Sócrates conseguiu uma tonelada de equivalências injustificadas e ainda deu uso ao fax e ao domingo para fazer testes e para receber notas e o título de "Eng.".

Recorde-se ainda que a dimensão política do escândalo Sócrates é superior à dimensão política do escândalo Relvas. Quando fez a sua manigância académica, Relvas não ocupava cargos públicos. Sócrates, ao invés, era secretário de Estado. No tal teste de inglês conduzido pelo reitor, o perito em tortura enviou um cartão de visita oficial anexado ao exame. Mais: quatro das cadeiras foram leccionadas por António de Morais, que era assessor de outro secretário de Estado, Armando Vara, que, por sua vez, era amigo de Sócrates. Isto não era um curso, era um clube de chá guterrista. Se Relvas apresentou demissão, Sócrates devia ter apresentado uma demissão elevada ao cubo.

O ex-pm não apresentou demissão e, mais grave, ninguém vai ter a coragem para lhe retirar aquele indecoroso grau académico. Como se sabe, existe um duplo padrão moral entre nós. A esquerda gera os filhos, a direita providencia os enteados façanhudos. Como menino do PS, José Sócrates está numa categoria à parte, uma categoria que toma infusões de impunidade da mesma forma que eu tomo chá de camomila.

Quando o homem estava no retiro parisiense, a questão não era premente. Até era bonito termos um ex-pm a estudar em terras gaulesas, dava um certo ar aristocrático à nação. Era uma cena fofa, no fundo. Mas entretanto a fofice desapareceu, porque o homem regressou à pátria, pior, voltou ao centro da nossa vidinha colectiva. Agora é mesmo um imperativo categórico colocar a questão: depois do que aconteceu a Miguel Relvas, por que razão ninguém tira a licenciatura a José Sócrates? O que distingue o grau académico de Relvas do grau académico de Sócrates? Nada. Ambos foram obtidos por diversas e divertidas portas do cavalo. Se existirem diferenças, as ditas são de grau e não de natureza. Tal como Relvas, Sócrates conseguiu uma tonelada de equivalências injustificadas e ainda deu uso ao fax e ao domingo para fazer testes e para receber notas e o título de "Eng.".

Recorde-se ainda que a dimensão política do escândalo Sócrates é superior à dimensão política do escândalo Relvas. Quando fez a sua manigância académica, Relvas não ocupava cargos públicos. Sócrates, ao invés, era secretário de Estado. No tal teste de inglês conduzido pelo reitor, o perito em tortura enviou um cartão de visita oficial anexado ao exame. Mais: quatro das cadeiras foram leccionadas por António de Morais, que era assessor de outro secretário de Estado, Armando Vara, que, por sua vez, era amigo de Sócrates. Isto não era um curso, era um clube de chá guterrista. Se Relvas apresentou demissão, Sócrates devia ter apresentado uma demissão elevada ao cubo.

O ex-pm não apresentou demissão e, mais grave, ninguém vai ter a coragem para lhe retirar aquele indecoroso grau académico. Como se sabe, existe um duplo padrão moral entre nós. A esquerda gera os filhos, a direita providencia os enteados façanhudos. Como menino do PS, José Sócrates está numa categoria à parte, uma categoria que toma infusões de impunidade da mesma forma que eu tomo chá de camomila.

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