Uma imensa quê????

05-01-2015
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Novembro 19, 2014

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“A demissão de Miguel Macedo é uma atitude que revela uma imensa dignidade”José Matos Correia, vice-presidente do PSDAté às 19h30 do último domingo, Miguel Macedo era um membro apagado de um governo que tem diligentemente arruinado a vida de muitos portugueses, nomeadamente a dos que não fogem ao fisco nem mergulham no sempre fascinante submundo da micro, pequena e média corrupção. Mas a partir do momento em que, na sequência do escândalo dos vistos Gold, o agora ex-ministro da Administração Interna apresentou a sua demissão, foi erguido pelos seus pares e pela generalidade dos opinion makers indígenas à condição de herói nacional; uma espécie de derradeiro bastião da nobríssima ética republicana.Nem nos seus sonhos mais lascivos Miguel Macedo imaginaria que poderia um dia amealhar um clube de fãs tão distinto. Vejamos: Marcelo Rebelo de Sousa; José Sócrates (!); Morais Sarmento; António Vitorino; a maçonaria; os comunistas; os socialista; os bloquistas; os bloguistas; outras forças vivas da sociedade cuja designação termina em “istas”. Até o Papa se terá benzido perante a musculada exibição de despojamento por parte de Macedo.Desejava muito associar-me à onda gloriosa que entretanto se formou à volta do velho amigo de Pedro Passos Coelho, mas tenho um problema em embarcar em mentiras. É que – lamento escrevê-lo - Macedo não se demitiu por uma questão de dignidade pessoal ou política. Fê-lo porque não podia fazer outra coisa. As suas ligações íntimas, quase pornográficas, aos protagonistas do processo – de quem ou é amigo, ou é sócio ou que nomeou para lugares de confiança política - não lhe deixaram alternativa. E as interrogações relativamente ao seu grau de envolvimento com a rede corrupta que se encarregou de transformar uma boa ideia (os vistos Gold) num vergonhoso folclore estão bem vivas – não as vê quem não quer. Só por isso, prefiro esperar pelo fim da investigação ao caso. Prometo que logo a seguir me juntarei ao coro beatificador – ou não.Churchill dizia que uma mentira dá uma volta inteira ao mundo antes mesmo de a verdade ter oportunidade de se vestir. Não posso concordar mais.

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“A demissão de Miguel Macedo é uma atitude que revela uma imensa dignidade”José Matos Correia, vice-presidente do PSDAté às 19h30 do último domingo, Miguel Macedo era um membro apagado de um governo que tem diligentemente arruinado a vida de muitos portugueses, nomeadamente a dos que não fogem ao fisco nem mergulham no sempre fascinante submundo da micro, pequena e média corrupção. Mas a partir do momento em que, na sequência do escândalo dos vistos Gold, o agora ex-ministro da Administração Interna apresentou a sua demissão, foi erguido pelos seus pares e pela generalidade dos opinion makers indígenas à condição de herói nacional; uma espécie de derradeiro bastião da nobríssima ética republicana.Nem nos seus sonhos mais lascivos Miguel Macedo imaginaria que poderia um dia amealhar um clube de fãs tão distinto. Vejamos: Marcelo Rebelo de Sousa; José Sócrates (!); Morais Sarmento; António Vitorino; a maçonaria; os comunistas; os socialista; os bloquistas; os bloguistas; outras forças vivas da sociedade cuja designação termina em “istas”. Até o Papa se terá benzido perante a musculada exibição de despojamento por parte de Macedo.Desejava muito associar-me à onda gloriosa que entretanto se formou à volta do velho amigo de Pedro Passos Coelho, mas tenho um problema em embarcar em mentiras. É que – lamento escrevê-lo - Macedo não se demitiu por uma questão de dignidade pessoal ou política. Fê-lo porque não podia fazer outra coisa. As suas ligações íntimas, quase pornográficas, aos protagonistas do processo – de quem ou é amigo, ou é sócio ou que nomeou para lugares de confiança política - não lhe deixaram alternativa. E as interrogações relativamente ao seu grau de envolvimento com a rede corrupta que se encarregou de transformar uma boa ideia (os vistos Gold) num vergonhoso folclore estão bem vivas – não as vê quem não quer. Só por isso, prefiro esperar pelo fim da investigação ao caso. Prometo que logo a seguir me juntarei ao coro beatificador – ou não.Churchill dizia que uma mentira dá uma volta inteira ao mundo antes mesmo de a verdade ter oportunidade de se vestir. Não posso concordar mais.

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