“Seguro está apenas de ‘licença sabática’. Um dia voltará ao ativo”

01-10-2015
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Passavam 50 minutos das oito da noite de domingo, 28 de setembro, e mesmo sem ter ainda os resultados definitivos das eleições primárias para candidato a primeiro-ministro pelo PS, António José Seguro já sabia que perdera (e por muitos) para António Costa. Sem demoras, dirigiu-se à sala das conferências de imprensa, anunciou a cessação de funções como secretário-geral, felicitou o vencedor (“o PS escolheu o seu candidato a primeiro-ministro. Está escolhido. Ponto final”) e informou que regressava à condição de militante de base. Nem deu tempo a que os jornalistas lhe fizessem perguntas: acabou de ler a curta declaração (que redigira na véspera), desceu a escadaria da sede nacional do partido, acompanhado apenas pela mulher e pela filha, sentou-se ao volante do seu automóvel particular e partiu.

Foi a última vez que foi visto no Largo do Rato. Passados dez dias renunciava ao mandato de deputado (que exercia ininterruptamente desde 2002), confirmando o início de uma previsível travessia do deserto. Não se lhe ouve uma palavra em público desde então, mas o seu nome voltou à baila por estes dias, “à boleia” de Miguel Laranjeiro (um dos seus braços-direitos na direção socialista) que, em entrevista ao “Diário de Notícias”, afirmou que ele “é muito novo para deixar a política. É jovem para poder exercer outro tipo de cargos”. O próprio, mesmo agora que já passaram quase nove meses, recusa-se a fazer declarações.

Luis Barra

Sabe-se que, embora mantendo o apartamento que comprou há anos na Estrada das Laranjeiras, em Lisboa, é nas Caldas da Rainha que vive, com a mulher (que tem uma farmácia no centro da cidade) e os dois filhos (Maria, 13 anos, e António, 8). Voltou a dar a mesma cadeira (História das Ideias Políticas) nas mesmas faculdades (Universidade Autónoma de Lisboa e Instituto de Ciências Sociais e Políticas) onde lecionava antes de se candidatar à sucessão de José Sócrates na liderança do PS, em julho de 2011. E retomou a tese de mestrado, que versa a reforma do Parlamento (processo que ele próprio liderou em 2007). Há dois ou três meses abriu um perfil profissional no Linkedin (rede social de negócios), onde se anunciava como consultor. Mas a vida académica e a tese (que terá de entregar nos próximos meses) tomam-lhe a quase totalidade do tempo.

A política, garantem os seus mais próximos, passou para o fim da sua lista de prioridades: “Fechou-se uma etapa na sua vida. Agora está noutra”. Ao ponto de ter apagado os contactos de todas as pessoas com quem não quer falar e desligar o telefone sempre que, inadvertidamente, atende algum jornalista que lhe quer perguntar sobre o PS. Vê as primeiras páginas dos jornais, mas fica por aí. Ao dar de caras com o seu nome na edição do “DN” de segunda-feira, ligou a Miguel Laranjeiro a “agradecer”. “Não falávamos há meses”, garante ao Expresso o antigo secretário nacional para a Organização, sublinhando que quando disse o que disse se limitou a fazer uma constatação: “Ele ainda é novo. Tem competências e uma experiência que nem o PS nem o país se podem dar ao luxo de desperdiçar”. Mas tem a certeza de que, “nos próximos tempos”, ele vai continuar afastado.

Eurico Brilhante Dias, que foi seu porta-voz do PS para os assuntos económicos, concorda: “O melhor contributo que ele pode dar ao PS, neste momento, é o seu silêncio”. É cedo para falar em regresso? “A questão não se põe. Mas António José Seguro foi e é uma referência para muitos socialistas. Tem futuro, claro. É demasiado novo para se reformar”.

Luis Barra

Álvaro Beleza, que envergou as vestes de líder do “segurismo” depois das primárias que deram a chefia do partido a António Costa, é mais enfático. Lembra que Seguro tem hoje praticamente a mesma idade que Mário Soares tinha quando chegou a Portugal, regressado do exílio, em 1974: “Está na meia idade na vida, mas na juventude na política”. À pergunta se é demasiado cedo para o seu regresso, responde com ironia: “Ele está perto; vive nas Caldas”. Para depois falar a sério: “O António José Seguro deixa uma marca inapagável: a abertura da política aos cidadãos. A ele se deve, entre outras coisas, a introdução de primárias. Portugal não se pode dar ao luxo de dispensar um líder com a sua experiência, sensibilidade e decência! Está apenas de licença sabática e um dia voltará ao ativo”.

Para já, não há planos nenhuns para isso, asseguram os seus amigos. Depois de anos e anos a trabalhar para chegar a secretário-geral do PS, o seu objetivo é agora bem mais simples de alcançar: passar uns bons dias seguidos de férias em Porto Covo (algo que já não acontece desde 2011), ter tempo para fazer o que quer. E, eventualmente, decidir o que quer fazer... um dia: é que se ele saiu da política, a política não saiu dele.

Passavam 50 minutos das oito da noite de domingo, 28 de setembro, e mesmo sem ter ainda os resultados definitivos das eleições primárias para candidato a primeiro-ministro pelo PS, António José Seguro já sabia que perdera (e por muitos) para António Costa. Sem demoras, dirigiu-se à sala das conferências de imprensa, anunciou a cessação de funções como secretário-geral, felicitou o vencedor (“o PS escolheu o seu candidato a primeiro-ministro. Está escolhido. Ponto final”) e informou que regressava à condição de militante de base. Nem deu tempo a que os jornalistas lhe fizessem perguntas: acabou de ler a curta declaração (que redigira na véspera), desceu a escadaria da sede nacional do partido, acompanhado apenas pela mulher e pela filha, sentou-se ao volante do seu automóvel particular e partiu.

Foi a última vez que foi visto no Largo do Rato. Passados dez dias renunciava ao mandato de deputado (que exercia ininterruptamente desde 2002), confirmando o início de uma previsível travessia do deserto. Não se lhe ouve uma palavra em público desde então, mas o seu nome voltou à baila por estes dias, “à boleia” de Miguel Laranjeiro (um dos seus braços-direitos na direção socialista) que, em entrevista ao “Diário de Notícias”, afirmou que ele “é muito novo para deixar a política. É jovem para poder exercer outro tipo de cargos”. O próprio, mesmo agora que já passaram quase nove meses, recusa-se a fazer declarações.

Luis Barra

Sabe-se que, embora mantendo o apartamento que comprou há anos na Estrada das Laranjeiras, em Lisboa, é nas Caldas da Rainha que vive, com a mulher (que tem uma farmácia no centro da cidade) e os dois filhos (Maria, 13 anos, e António, 8). Voltou a dar a mesma cadeira (História das Ideias Políticas) nas mesmas faculdades (Universidade Autónoma de Lisboa e Instituto de Ciências Sociais e Políticas) onde lecionava antes de se candidatar à sucessão de José Sócrates na liderança do PS, em julho de 2011. E retomou a tese de mestrado, que versa a reforma do Parlamento (processo que ele próprio liderou em 2007). Há dois ou três meses abriu um perfil profissional no Linkedin (rede social de negócios), onde se anunciava como consultor. Mas a vida académica e a tese (que terá de entregar nos próximos meses) tomam-lhe a quase totalidade do tempo.

A política, garantem os seus mais próximos, passou para o fim da sua lista de prioridades: “Fechou-se uma etapa na sua vida. Agora está noutra”. Ao ponto de ter apagado os contactos de todas as pessoas com quem não quer falar e desligar o telefone sempre que, inadvertidamente, atende algum jornalista que lhe quer perguntar sobre o PS. Vê as primeiras páginas dos jornais, mas fica por aí. Ao dar de caras com o seu nome na edição do “DN” de segunda-feira, ligou a Miguel Laranjeiro a “agradecer”. “Não falávamos há meses”, garante ao Expresso o antigo secretário nacional para a Organização, sublinhando que quando disse o que disse se limitou a fazer uma constatação: “Ele ainda é novo. Tem competências e uma experiência que nem o PS nem o país se podem dar ao luxo de desperdiçar”. Mas tem a certeza de que, “nos próximos tempos”, ele vai continuar afastado.

Eurico Brilhante Dias, que foi seu porta-voz do PS para os assuntos económicos, concorda: “O melhor contributo que ele pode dar ao PS, neste momento, é o seu silêncio”. É cedo para falar em regresso? “A questão não se põe. Mas António José Seguro foi e é uma referência para muitos socialistas. Tem futuro, claro. É demasiado novo para se reformar”.

Luis Barra

Álvaro Beleza, que envergou as vestes de líder do “segurismo” depois das primárias que deram a chefia do partido a António Costa, é mais enfático. Lembra que Seguro tem hoje praticamente a mesma idade que Mário Soares tinha quando chegou a Portugal, regressado do exílio, em 1974: “Está na meia idade na vida, mas na juventude na política”. À pergunta se é demasiado cedo para o seu regresso, responde com ironia: “Ele está perto; vive nas Caldas”. Para depois falar a sério: “O António José Seguro deixa uma marca inapagável: a abertura da política aos cidadãos. A ele se deve, entre outras coisas, a introdução de primárias. Portugal não se pode dar ao luxo de dispensar um líder com a sua experiência, sensibilidade e decência! Está apenas de licença sabática e um dia voltará ao ativo”.

Para já, não há planos nenhuns para isso, asseguram os seus amigos. Depois de anos e anos a trabalhar para chegar a secretário-geral do PS, o seu objetivo é agora bem mais simples de alcançar: passar uns bons dias seguidos de férias em Porto Covo (algo que já não acontece desde 2011), ter tempo para fazer o que quer. E, eventualmente, decidir o que quer fazer... um dia: é que se ele saiu da política, a política não saiu dele.

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