Morreu o galerista e curador Luís Serpa. Deixou um sonho por cumprir

16-04-2015
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Morreu, esta quinta-feira, o galerista e curador Luís Serpa. De acordo com o jornal Público, tinha esclerose lateral amiotrófica e estava internado desde domingo. O Observador confirmou que o galerista morreu no Hospital São José, em Lisboa, aos 66 anos.

Em 1991, a Galeria Cómicos/Luís Serpa Projectos foi considerada uma das 200 Melhores Galerias do Mundo, no The World’s 200 Best Contemporary Art Galleries, M.M. Editions. O reconhecimento do trabalho de Luís Serpa chegou de fora, mas os elogios dentro do meio para com o galerista também eram muitos dentro de fronteiras.

No ano passado, Luís Serpa celebrou os 30 anos da Galeria Cómicos, inaugurada em Lisboa em 1984, na sequência da exposição “Depois do Modernismo”, que tinha coordenado um ano antes. Símbolo de uma nova vaga de criadores e agentes culturais que mudaram as artes visuais do país, a exposição foi acompanhada de ações na área da dança, música, moda e arquitetura.

Foi na base do intercâmbio das diferentes artes e dos diferentes artistas de vários países que foi fundada a Galeria Cómicos, na altura chamada Cómicos – Espaço Intermédia. “ZOO&lógica_Instalação a Habitar por Coreografia” foi a primeira iniciativa do novo projeto, em fevereiro de 1984. “Constituiu o primeiro desvio radical na estética e nos moldes de realização dos espetáculos de dança em Portugal”, escreveu António Pinto Ribeiro, atualmente coordenador geral da programação da Gulbenkian.

Entre 1984 e 2014 apresentou 225 exposições e produziu, em colaboração com o Museu Temporário, e em cooperação com diversos centros culturais e museus, 35 exposições individuais e temáticas, pode ler-se na página da Galeria. Desde o início, apostou em artistas que se afirmaram até aos dias de hoje, casos de Julião Sarmento ou Pedro Cabrita Reis, e divulgava os seus trabalhos no estrangeiro.

Por ocasião do 30.º aniversário da Cómicos, Luís Serpa escreveu:

“A todos que foram testemunhas e protagonistas desta “aventura artística” quero deixar aqui o meu obrigado pela disponibilidade e entusiasmo que dedicaram a este projeto de vida que abracei com paixão, muito entusiasmo e alguma “loucura”. E porque os tempos são de resistência a resposta só pode ser: Continuamos!”.

O sonho que ficou por cumprir

“Ele era sempre extremamente empenhado. Era uma pessoa de um grande entusiasmo e às vezes não tinha noção se os projetos que ele propunha podiam ser concretizados, porque queria atingir um desenvolvimento e uma perceção que não são dos nossos tempos”. As palavras são de Arlete Silva, que está à frente da galeria portuguesa há mais tempo em funcionamento contínuo, a Galeria 111, fundada em 1964 pelo marido, Manuel de Brito. Ela e Luís Serpa trabalharam juntos inúmeras vezes, sobretudo em comissões para a Associação Portuguesa de Galerias de Arte. O galerista, que “também tinha um lado de arquiteto, até nos fez o arranjo de uma das nossas galerias, na Rua Dr. João Soares”.

Uma das maiores “utopias” de Luís Serpa, como descreveu ao Observador, era a de criar um museu de arte contemporânea “como deve ser”. Os dois estavam empenhados no mesmo sonho e foi disso que falaram na última conversa que tiveram. “Estávamos dispostos a colaborar, a reunir coleções que pudessem estar ao dispor das entidades oficiais, para que todos pudéssemos ter um museu capaz”, contou.

A ideia foi motivada pela falta de locais onde ver trabalhos de artistas portugueses. “É uma coisa que nos dói muito e era um sonho que perseguíamos desde há muitos anos. Todos nós sentimos essa lacuna”, disse. E nem queriam construir um espaço de raiz, bastava um espaço no Centro Cultural de Belém, ou no Palácio da Ajuda, “ocupado por gabinetes”. “Ele não queria morrer antes de cumprir este sonho”, contou.

Arlete Silva só soube que Luís Serpa estava gravemente doente “há um mês ou dois”. O funeral está marcado para sábado, com uma missa à 11h00, e cremação no Cemitério do Alto de São João, em Lisboa.

Morreu, esta quinta-feira, o galerista e curador Luís Serpa. De acordo com o jornal Público, tinha esclerose lateral amiotrófica e estava internado desde domingo. O Observador confirmou que o galerista morreu no Hospital São José, em Lisboa, aos 66 anos.

Em 1991, a Galeria Cómicos/Luís Serpa Projectos foi considerada uma das 200 Melhores Galerias do Mundo, no The World’s 200 Best Contemporary Art Galleries, M.M. Editions. O reconhecimento do trabalho de Luís Serpa chegou de fora, mas os elogios dentro do meio para com o galerista também eram muitos dentro de fronteiras.

No ano passado, Luís Serpa celebrou os 30 anos da Galeria Cómicos, inaugurada em Lisboa em 1984, na sequência da exposição “Depois do Modernismo”, que tinha coordenado um ano antes. Símbolo de uma nova vaga de criadores e agentes culturais que mudaram as artes visuais do país, a exposição foi acompanhada de ações na área da dança, música, moda e arquitetura.

Foi na base do intercâmbio das diferentes artes e dos diferentes artistas de vários países que foi fundada a Galeria Cómicos, na altura chamada Cómicos – Espaço Intermédia. “ZOO&lógica_Instalação a Habitar por Coreografia” foi a primeira iniciativa do novo projeto, em fevereiro de 1984. “Constituiu o primeiro desvio radical na estética e nos moldes de realização dos espetáculos de dança em Portugal”, escreveu António Pinto Ribeiro, atualmente coordenador geral da programação da Gulbenkian.

Entre 1984 e 2014 apresentou 225 exposições e produziu, em colaboração com o Museu Temporário, e em cooperação com diversos centros culturais e museus, 35 exposições individuais e temáticas, pode ler-se na página da Galeria. Desde o início, apostou em artistas que se afirmaram até aos dias de hoje, casos de Julião Sarmento ou Pedro Cabrita Reis, e divulgava os seus trabalhos no estrangeiro.

Por ocasião do 30.º aniversário da Cómicos, Luís Serpa escreveu:

“A todos que foram testemunhas e protagonistas desta “aventura artística” quero deixar aqui o meu obrigado pela disponibilidade e entusiasmo que dedicaram a este projeto de vida que abracei com paixão, muito entusiasmo e alguma “loucura”. E porque os tempos são de resistência a resposta só pode ser: Continuamos!”.

O sonho que ficou por cumprir

“Ele era sempre extremamente empenhado. Era uma pessoa de um grande entusiasmo e às vezes não tinha noção se os projetos que ele propunha podiam ser concretizados, porque queria atingir um desenvolvimento e uma perceção que não são dos nossos tempos”. As palavras são de Arlete Silva, que está à frente da galeria portuguesa há mais tempo em funcionamento contínuo, a Galeria 111, fundada em 1964 pelo marido, Manuel de Brito. Ela e Luís Serpa trabalharam juntos inúmeras vezes, sobretudo em comissões para a Associação Portuguesa de Galerias de Arte. O galerista, que “também tinha um lado de arquiteto, até nos fez o arranjo de uma das nossas galerias, na Rua Dr. João Soares”.

Uma das maiores “utopias” de Luís Serpa, como descreveu ao Observador, era a de criar um museu de arte contemporânea “como deve ser”. Os dois estavam empenhados no mesmo sonho e foi disso que falaram na última conversa que tiveram. “Estávamos dispostos a colaborar, a reunir coleções que pudessem estar ao dispor das entidades oficiais, para que todos pudéssemos ter um museu capaz”, contou.

A ideia foi motivada pela falta de locais onde ver trabalhos de artistas portugueses. “É uma coisa que nos dói muito e era um sonho que perseguíamos desde há muitos anos. Todos nós sentimos essa lacuna”, disse. E nem queriam construir um espaço de raiz, bastava um espaço no Centro Cultural de Belém, ou no Palácio da Ajuda, “ocupado por gabinetes”. “Ele não queria morrer antes de cumprir este sonho”, contou.

Arlete Silva só soube que Luís Serpa estava gravemente doente “há um mês ou dois”. O funeral está marcado para sábado, com uma missa à 11h00, e cremação no Cemitério do Alto de São João, em Lisboa.

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