O Cachimbo de Magritte: Com a corda ao pescoço

27-01-2012
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António Costa mostrou-se, numa entrevista ao i, muito crítico sobre o desempenho de alguns dos ministros deste governo PS. O número 2 do PS opta, portanto, por uma estratégia curiosa para a sua recandidatura à Câmara de Lisboa: criticar o governo por aquilo que correu mal durante o seu mandato, tirar proveito da má reputação de Santana Lopes no que às contas públicas diz respeito, e conseguir Sá Fernandes na sua lista (e quem sabe, talvez até Helena Roseta). O que está em jogo não é Lisboa, mas a futura liderança do PS.No que diz respeito à procura dos apoios de Sá Fernandes e Helena Roseta, nada de inesperado. Apercebendo-se que a vitória não será tão fácil como pensou, António Costa precisa de ir buscar à esquerda um apoio que poderá ser decisivo, até porque tanto Sá Fernandes como Helena Roseta desfrutam de uma boa reputação pelo trabalho desempenhado em Lisboa. Além disso, esta possível lista de uma esquerda unida daria a António Costa uma boa imagem, a de um PS que vê na esquerda um aliado e não um inimigo. Uma boa estratégia para quem ambiciona ser o líder do PS. Além de que, nada mais útil do que, no caso de derrota, poder partilhar as responsabilidades.Mas mais interessante, é notar a relação de António Costa com o actual governo. As suas declarações poderiam ser apenas as de quem lida mal com a sua própria incompetência, mas o caso deve ser visto com maior profundidade. A questão é que António Costa, número 2 do PS e natural substituto de José Sócrates na liderança do partido, tem o seu futuro a médio prazo hipotecado com a candidatura a Lisboa, à qual não podia fugir. No caso de sair derrotado, ainda por cima perdendo contra um mal-amado da política nacional, ele deixará mesmo de ser uma alternativa viável ao actual líder do PS. Ou seja, esta sua candidatura a Lisboa é um tudo ou nada. Por isso, António Costa tudo fará para assegurar a vitória. Mas mesmo tudo: atacar a acção do governo, contribuir para o desgaste do PS para as legislativas, e fazer alianças incómodas a algumas facções do PS (abdicando de alguns assentos em Lisboa). Quando se tem a corda ao pescoço, é assim.


António Costa mostrou-se, numa entrevista ao i, muito crítico sobre o desempenho de alguns dos ministros deste governo PS. O número 2 do PS opta, portanto, por uma estratégia curiosa para a sua recandidatura à Câmara de Lisboa: criticar o governo por aquilo que correu mal durante o seu mandato, tirar proveito da má reputação de Santana Lopes no que às contas públicas diz respeito, e conseguir Sá Fernandes na sua lista (e quem sabe, talvez até Helena Roseta). O que está em jogo não é Lisboa, mas a futura liderança do PS.No que diz respeito à procura dos apoios de Sá Fernandes e Helena Roseta, nada de inesperado. Apercebendo-se que a vitória não será tão fácil como pensou, António Costa precisa de ir buscar à esquerda um apoio que poderá ser decisivo, até porque tanto Sá Fernandes como Helena Roseta desfrutam de uma boa reputação pelo trabalho desempenhado em Lisboa. Além disso, esta possível lista de uma esquerda unida daria a António Costa uma boa imagem, a de um PS que vê na esquerda um aliado e não um inimigo. Uma boa estratégia para quem ambiciona ser o líder do PS. Além de que, nada mais útil do que, no caso de derrota, poder partilhar as responsabilidades.Mas mais interessante, é notar a relação de António Costa com o actual governo. As suas declarações poderiam ser apenas as de quem lida mal com a sua própria incompetência, mas o caso deve ser visto com maior profundidade. A questão é que António Costa, número 2 do PS e natural substituto de José Sócrates na liderança do partido, tem o seu futuro a médio prazo hipotecado com a candidatura a Lisboa, à qual não podia fugir. No caso de sair derrotado, ainda por cima perdendo contra um mal-amado da política nacional, ele deixará mesmo de ser uma alternativa viável ao actual líder do PS. Ou seja, esta sua candidatura a Lisboa é um tudo ou nada. Por isso, António Costa tudo fará para assegurar a vitória. Mas mesmo tudo: atacar a acção do governo, contribuir para o desgaste do PS para as legislativas, e fazer alianças incómodas a algumas facções do PS (abdicando de alguns assentos em Lisboa). Quando se tem a corda ao pescoço, é assim.

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