O Cachimbo de Magritte: Por falar em responsabilidade...

27-01-2012
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Sou muito crítico das edições de entrevistas a responsáveis políticos, exploradas por cá ad nauseam pelos engraçadinhos do Gato Fedorento, agora na versão 31 da Armada. A desproporção é evidente: o registo humorístico e o registo político não estão situados num mesmo plano. Ninguém com bom senso estará à espera de ver o Primeiro Ministro, ou outro qualquer responsável político, a responder directa ou indirectamente aos humoristas que fazem crítica política escondida sob a capa do humor. É igualmente evidente a desonestidade: o que diz o entrevistado responde a questões colocadas pelo entrevistador original que são diferentes daquelas agora feitas pelo novo entrevistador. O efeito pode até ser engraçado, fazer rir quem estiver para aí virado, mas trata-se de uma transfiguração indevida da realidade. É claro que não tenho nada contra os humoristas que nos fazem rir e passar momentos de boa disposição. Mas já tenho muito contra os humoristas que fazem política de uma forma desproporcionada e desonesta. Cidadania e humor são actividades exclusivas: para ter o seu lugar dentro da sociedade, o homem deve desempenhar um papel responsável; para desempenhar o papel de bobo, o homem deve situar-se explicitamente fora dela.


Sou muito crítico das edições de entrevistas a responsáveis políticos, exploradas por cá ad nauseam pelos engraçadinhos do Gato Fedorento, agora na versão 31 da Armada. A desproporção é evidente: o registo humorístico e o registo político não estão situados num mesmo plano. Ninguém com bom senso estará à espera de ver o Primeiro Ministro, ou outro qualquer responsável político, a responder directa ou indirectamente aos humoristas que fazem crítica política escondida sob a capa do humor. É igualmente evidente a desonestidade: o que diz o entrevistado responde a questões colocadas pelo entrevistador original que são diferentes daquelas agora feitas pelo novo entrevistador. O efeito pode até ser engraçado, fazer rir quem estiver para aí virado, mas trata-se de uma transfiguração indevida da realidade. É claro que não tenho nada contra os humoristas que nos fazem rir e passar momentos de boa disposição. Mas já tenho muito contra os humoristas que fazem política de uma forma desproporcionada e desonesta. Cidadania e humor são actividades exclusivas: para ter o seu lugar dentro da sociedade, o homem deve desempenhar um papel responsável; para desempenhar o papel de bobo, o homem deve situar-se explicitamente fora dela.

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