PSICANÁLISES

21-01-2012
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"A política transformou-se numa megacentral de negócios""O problema é que a política se transformou numa megacentral de negócios." Paulo Morais, vice-presidente da Associação Cívica Transparência e Integridade, explica assim a razão do seu alerta em relação à "duplicidade de funções", lançado a propósito dos deputados da maioria que estão na comissão parlamentar que acompanha a aplicação do memorando da troika. Morais classificou, em declarações à TSF, como "inaceitável" que Miguel Frasquilho e Adolfo Mesquita Nunes fossem os "representantes" da maioria naquela comissão. Ao PÚBLICO explicou porquê: "Essa comissão é actualmente a mais importante na gestão económico-financeira do país. Não é aceitável que a maioria governamental tenha nomeado como seus representantes uma pessoa que trabalha na banca [Frasquilho, do PSD, é director do departamento Espírito Santo Research do BES] e outra que trabalha num escritório de advogados que representa uma das empresas a privatizar [Mesquita Nunes, do CDS, em relação à EDP]. Não podem simultaneamente defender os interesses do povo português e das empresas que lhes pagam."Mas, para Paulo Morais, os casos destes deputados são apenas a "ponta do icebergue": "O problema está no esquema que permite que isto aconteça. O problema é que a política se transformou numa megacentral de negócios", remata.Morais assinala ainda não ser inocente que muitos deputados trabalhem em "actividades profissionais que têm mais fortes relações com o Estado". E critica o facto de estarem por disponibilizar para consulta, obrigatória por lei, os registos de interesses de cerca de 40 deputados, quando passaram já 40 dias do prazo definido para tal.O presidente da comissão de Ética, Mendes Bota, confirmou ao PÚBLICO existirem na passada sexta-feira 40 deputados com os processos de registo de interesses ainda não encerrados, aos quais enviou "correios electrónicos pessoais, solicitando a sua colaboração". Acrescentou que apenas 21 deputados haviam entregue o registo "fora do prazo legal". Os restantes não estavam disponíveis por faltarem esclarecimentos adicionais ou problemas informáticos.O PÚBLICO não conseguiu contactar Miguel Frasquilho durante o dia de ontem. Mas falou com Paulo Baptista Santos, outro deputado da mesma comissão e que é presidente da mesa da assembleia geral da Caixa de Crédito Agrícola Mútua da Batalha. Sobre a sua situação, lembra que não é uma "Caixa central", não tendo por isso "nada a ver com a troika". E fez questão de acrescentar que, mesmo no caso de Frasquilho, tendo em conta a "função meramente de acompanhamento" da comissão, "não tem havido situações concretas que pudessem suscitar questões".Também Adolfo Mesquita Nunes destacou, à TSF, os limites da actividade da comissão: "Eu não exerço funções governativas. Não tomarei qualquer decisão do ponto de vista do processo de decisão, nem colaborarei em qualquer parte do processo." N.S.L. Público 2011-11-08


"A política transformou-se numa megacentral de negócios""O problema é que a política se transformou numa megacentral de negócios." Paulo Morais, vice-presidente da Associação Cívica Transparência e Integridade, explica assim a razão do seu alerta em relação à "duplicidade de funções", lançado a propósito dos deputados da maioria que estão na comissão parlamentar que acompanha a aplicação do memorando da troika. Morais classificou, em declarações à TSF, como "inaceitável" que Miguel Frasquilho e Adolfo Mesquita Nunes fossem os "representantes" da maioria naquela comissão. Ao PÚBLICO explicou porquê: "Essa comissão é actualmente a mais importante na gestão económico-financeira do país. Não é aceitável que a maioria governamental tenha nomeado como seus representantes uma pessoa que trabalha na banca [Frasquilho, do PSD, é director do departamento Espírito Santo Research do BES] e outra que trabalha num escritório de advogados que representa uma das empresas a privatizar [Mesquita Nunes, do CDS, em relação à EDP]. Não podem simultaneamente defender os interesses do povo português e das empresas que lhes pagam."Mas, para Paulo Morais, os casos destes deputados são apenas a "ponta do icebergue": "O problema está no esquema que permite que isto aconteça. O problema é que a política se transformou numa megacentral de negócios", remata.Morais assinala ainda não ser inocente que muitos deputados trabalhem em "actividades profissionais que têm mais fortes relações com o Estado". E critica o facto de estarem por disponibilizar para consulta, obrigatória por lei, os registos de interesses de cerca de 40 deputados, quando passaram já 40 dias do prazo definido para tal.O presidente da comissão de Ética, Mendes Bota, confirmou ao PÚBLICO existirem na passada sexta-feira 40 deputados com os processos de registo de interesses ainda não encerrados, aos quais enviou "correios electrónicos pessoais, solicitando a sua colaboração". Acrescentou que apenas 21 deputados haviam entregue o registo "fora do prazo legal". Os restantes não estavam disponíveis por faltarem esclarecimentos adicionais ou problemas informáticos.O PÚBLICO não conseguiu contactar Miguel Frasquilho durante o dia de ontem. Mas falou com Paulo Baptista Santos, outro deputado da mesma comissão e que é presidente da mesa da assembleia geral da Caixa de Crédito Agrícola Mútua da Batalha. Sobre a sua situação, lembra que não é uma "Caixa central", não tendo por isso "nada a ver com a troika". E fez questão de acrescentar que, mesmo no caso de Frasquilho, tendo em conta a "função meramente de acompanhamento" da comissão, "não tem havido situações concretas que pudessem suscitar questões".Também Adolfo Mesquita Nunes destacou, à TSF, os limites da actividade da comissão: "Eu não exerço funções governativas. Não tomarei qualquer decisão do ponto de vista do processo de decisão, nem colaborarei em qualquer parte do processo." N.S.L. Público 2011-11-08

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