O Cachimbo de Magritte: Do declínio do império romano: o case-study PS

03-07-2011
marcar artigo


António Costa lançou um duro ataque ao ministro das Obras Públicas, afirmando que no ministério de Mário Lino os problemas acumulam-se e há incapacidade para os resolver. Costa não gostou das alterações que o Governo fez aos estatutos do Metropolitano e afirma que a Câmara não foi consultada, nem informalmente. A principal consequência é que a autarquia deixou de fazer parte do conselho de administração do Metropolitano. «Esta actuação do Governo é absolutamente lamentável e inaceitável», afirmou António Costa em declarações à Antena 1, adiantando que «é um lamentável retrocesso».Ontem muito se falou que o gesto de Pinho seria o símbolo de um governo perdido, quando na verdade foi sobretudo a manifestação tardia (mas inevitável) de um erro de casting no governo socialista. Num país onde as instituições políticas mais parecem um gigantesco circo, é compreensível que estas declarações de António Costa, Presidente da Câmara de Lisboa, passem mais ou menos despercebidas. Mas é importante recuperá-las, pois elas soam a um sinal de alarme de quem pressente que o navio vai afundar. António Costa é o número 2 do PS mas, temendo o fortalecimento da candidatura de Santana Lopes, opta por responsabilizar o governo socialista pela incapacidade na gestão das obras públicas da capital. Ainda, aponta com exemplo máximo da interferência do Governo na sua Câmara a recente alteração dos estatutos do Metropolitano de Lisboa. Estas suas declarações impõem conclusões:(1) António Costa sente que pode perder a eleição em Lisboa, e assumindo o inegável (i.e. que Lisboa está a cair aos bocados), responsabiliza o governo desse fracasso na sua liderança. É uma estratégia que em nada favorece a sua candidatura (porque não justifica a sua incompetência), e que tem como único efeito o indesejado descredibilizar da acção do governo.(2) Parece evidente que António Costa, pressentindo a queda do governo, e a perda das eleições legislativas, está a querer salvar a sua pele, preparando-se para atacar a liderança pós-Sócrates. O problema é que perder em Lisboa significará perder também a possibilidade de disputar a liderança do PS. E se isso acontecer, como é possível (provável?), o PS vai ter de ir recrutar às reservas.(3) Um verdadeiro sinal de um governo perdido é parecido com isto. Menos vistosas que uns corninhos na Assembleia, as críticas internas entre governantes socialistas, lançadas através dos media para que o povo também as ouça, são o sinal maior de um país sem rumo político. Tal como um enorme exército em vias de sair derrotado no campo de batalha, que já sem confiança na liderança do seu general vê os seus soldados dispostos a tudo para salvar o pescoço, os socialistas acusam-se entre si do fracasso das suas políticas. É a queda do Império romano, à escala do PS.


António Costa lançou um duro ataque ao ministro das Obras Públicas, afirmando que no ministério de Mário Lino os problemas acumulam-se e há incapacidade para os resolver. Costa não gostou das alterações que o Governo fez aos estatutos do Metropolitano e afirma que a Câmara não foi consultada, nem informalmente. A principal consequência é que a autarquia deixou de fazer parte do conselho de administração do Metropolitano. «Esta actuação do Governo é absolutamente lamentável e inaceitável», afirmou António Costa em declarações à Antena 1, adiantando que «é um lamentável retrocesso».Ontem muito se falou que o gesto de Pinho seria o símbolo de um governo perdido, quando na verdade foi sobretudo a manifestação tardia (mas inevitável) de um erro de casting no governo socialista. Num país onde as instituições políticas mais parecem um gigantesco circo, é compreensível que estas declarações de António Costa, Presidente da Câmara de Lisboa, passem mais ou menos despercebidas. Mas é importante recuperá-las, pois elas soam a um sinal de alarme de quem pressente que o navio vai afundar. António Costa é o número 2 do PS mas, temendo o fortalecimento da candidatura de Santana Lopes, opta por responsabilizar o governo socialista pela incapacidade na gestão das obras públicas da capital. Ainda, aponta com exemplo máximo da interferência do Governo na sua Câmara a recente alteração dos estatutos do Metropolitano de Lisboa. Estas suas declarações impõem conclusões:(1) António Costa sente que pode perder a eleição em Lisboa, e assumindo o inegável (i.e. que Lisboa está a cair aos bocados), responsabiliza o governo desse fracasso na sua liderança. É uma estratégia que em nada favorece a sua candidatura (porque não justifica a sua incompetência), e que tem como único efeito o indesejado descredibilizar da acção do governo.(2) Parece evidente que António Costa, pressentindo a queda do governo, e a perda das eleições legislativas, está a querer salvar a sua pele, preparando-se para atacar a liderança pós-Sócrates. O problema é que perder em Lisboa significará perder também a possibilidade de disputar a liderança do PS. E se isso acontecer, como é possível (provável?), o PS vai ter de ir recrutar às reservas.(3) Um verdadeiro sinal de um governo perdido é parecido com isto. Menos vistosas que uns corninhos na Assembleia, as críticas internas entre governantes socialistas, lançadas através dos media para que o povo também as ouça, são o sinal maior de um país sem rumo político. Tal como um enorme exército em vias de sair derrotado no campo de batalha, que já sem confiança na liderança do seu general vê os seus soldados dispostos a tudo para salvar o pescoço, os socialistas acusam-se entre si do fracasso das suas políticas. É a queda do Império romano, à escala do PS.

marcar artigo