Zhdukur Enver Hoxha

07-09-2014
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Zhdukur Enver Hoxha

Portugal precisa disto. Nenhuma manifestação está completa sem o jornalista-activista, aquele que não sendo o narrador é mesmo a personagem da notícia. Pode ser incómodo para o jornalista-jornalista-mesmo mas, convenhamos, desde quando é que uma manifestação é notícia, principalmente considerando que a eleição para a direcção do rancho folclórico local consegue gerar mais emoção (e sangue, suor e lágrimas)?

Pessoas que trabalharam 10 horas semanais em escolas num dos últimos anos vão boicotar o teste. É um bocado abusivo o uso do termo “professores” a um subgrupo dos desempregados mas – ei – se não o fizermos contribuímos para o assassínio (com tortura prolongada desde 1974) da escola pública. Outros, que um dia receberam bolsa para “investigarem”, estão em reboliço porque se está a matar a ciência (que era extremamente pujante até 2011). Apesar do homicídio da ciência, o CES lista 130 investigadores (0,1% da população de Coimbra investiga abrilismo, é pouco) e estamos todos à espera da conclusão do projecto “ALICE – Espelhos estranhos, lições imprevistas: definindo para a Europa um novo modo de partilhar as experiências do mundo”.

As crianças estão a morrer: à fome/com excesso de açúcar/com excesso de sal/de obesidade/de tédio/de hiperactividade/de depressão/porque lêem jornais/porque sim.

Os israelitas matam palestinianos inocentes em números bem conhecidos, palestinianos estes que nunca mexeram uma palha nem se rebentaram no bar de um hotel em Tel Aviv. Do lado israelita não há mortos, pelo menos contabilizando pessoas humanas, coisa que militares obviamente não são.

Caiu um avião na Ucrânia. Também caiu um avião em Portugal, a 4 de Dezembro de 1980. Hoje estamos chateados com o Correio da Manhã, por publicar uma foto com mortos, com muito mais mau gosto que a foto com mortos publicada pelo DN (é que a do CM mostra mortos).

Pessoas como o Pedro sociólogo e permanente co-autor de coisas com Maria de Lurdes Rodrigues (a da pena de prisão) comentam economia, culinária, metalomecânica e finança na televisão com a mesma facilidade com o ISCTE pode dispensar pessoas para Carnaxide a qualquer hora do dia.

Podemos então mandar fazer as placas de identificação de jornalistas tamanho jumbo, preferencialmente com irónico tipo de letra em escalarlate ou amanhã há indignação da boa outra vez, para animar a patetice auto-explicativa da nossa auto-infligida miséria?

Zhdukur Enver Hoxha

Portugal precisa disto. Nenhuma manifestação está completa sem o jornalista-activista, aquele que não sendo o narrador é mesmo a personagem da notícia. Pode ser incómodo para o jornalista-jornalista-mesmo mas, convenhamos, desde quando é que uma manifestação é notícia, principalmente considerando que a eleição para a direcção do rancho folclórico local consegue gerar mais emoção (e sangue, suor e lágrimas)?

Pessoas que trabalharam 10 horas semanais em escolas num dos últimos anos vão boicotar o teste. É um bocado abusivo o uso do termo “professores” a um subgrupo dos desempregados mas – ei – se não o fizermos contribuímos para o assassínio (com tortura prolongada desde 1974) da escola pública. Outros, que um dia receberam bolsa para “investigarem”, estão em reboliço porque se está a matar a ciência (que era extremamente pujante até 2011). Apesar do homicídio da ciência, o CES lista 130 investigadores (0,1% da população de Coimbra investiga abrilismo, é pouco) e estamos todos à espera da conclusão do projecto “ALICE – Espelhos estranhos, lições imprevistas: definindo para a Europa um novo modo de partilhar as experiências do mundo”.

As crianças estão a morrer: à fome/com excesso de açúcar/com excesso de sal/de obesidade/de tédio/de hiperactividade/de depressão/porque lêem jornais/porque sim.

Os israelitas matam palestinianos inocentes em números bem conhecidos, palestinianos estes que nunca mexeram uma palha nem se rebentaram no bar de um hotel em Tel Aviv. Do lado israelita não há mortos, pelo menos contabilizando pessoas humanas, coisa que militares obviamente não são.

Caiu um avião na Ucrânia. Também caiu um avião em Portugal, a 4 de Dezembro de 1980. Hoje estamos chateados com o Correio da Manhã, por publicar uma foto com mortos, com muito mais mau gosto que a foto com mortos publicada pelo DN (é que a do CM mostra mortos).

Pessoas como o Pedro sociólogo e permanente co-autor de coisas com Maria de Lurdes Rodrigues (a da pena de prisão) comentam economia, culinária, metalomecânica e finança na televisão com a mesma facilidade com o ISCTE pode dispensar pessoas para Carnaxide a qualquer hora do dia.

Podemos então mandar fazer as placas de identificação de jornalistas tamanho jumbo, preferencialmente com irónico tipo de letra em escalarlate ou amanhã há indignação da boa outra vez, para animar a patetice auto-explicativa da nossa auto-infligida miséria?

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