Jornalismo gourmet, tipo degustação.

03-07-2011
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Jornalismo gourmet, tipo degustação.

O EXPRESSO publicou o seu Estatuto Editorial. Nos pontos 7 e 8 lê-se o seguinte:

7. O Expresso sabe, também, que em casos muito excepcionais, há notícias que mereciam ser publicadas em lugar de destaque, mas que não devem ser referidas, não por auto-censura ou censura interna, mas porque a sua divulgação seria eventualmente nociva ao interesse nacional. O jornal reserva-se, como é óbvio, o direito de definir, caso a caso, a aplicação deste critério.

8. O Expresso sabe, igualmente, que a publicação insistente de determinados assuntos – do crime e do sexo às baixezas da vida política e económica – poderia aumentar a venda de exemplares, mas recusa-se a alimentar qualquer tipo de sensacionalismo que ponha em perigo o jornalismo de qualidade que sempre pretendeu fazer. Respeita, acima de tudo, os leitores e está consciente de que eles aceitam e desculpam os erros que o Expresso comete, mas que não lhe perdoariam se, deliberadamente, por acção ou por omissão, os enganasse ou abusasse da sua boa fé.

Sobre o ponto 7 ele representa uma clara defesa da auto-censura. Só não percebo pq escrevem que não o fazem “por auto-censura ou censura interna mas porque a sua divulgação seria eventualmente nociva ao interesse nacional“. Trata-se de uma opção clara pela auto-censura e como habitualmente esta é legitimada em razões de interesse nacional. Toda a auto-censura é legitimada na defesa de un interesse superior. Não há nada de mal com a auto-censura desde que seja assumida, clara e excepcional: se um país está em guerra e tem liberdade de imprensa determinadas notícias são embargadas até à conclusão das operações. Em 2011, no caso de Portugal percebe-se que se um jornalista sabe que vai ter lugar uma operação para detecção de traficantes que não a anuncie previamente. Outra coisa completamente diferente é fazer uma opção editorial pela propaganda do regime identificando-o com o interesse nacional. Tenho o maior respeito pelo critério do interesse nacional (ou interesse particular, por exemplo no caso de um rapto) mas por isso mesmo ele deve ser invocado poucas vezes como argumento para não dar uma notícia. Deve ser algo de muito excepcional. No mais é do interesse de todos e da nação que os jornais relatem os factos. Esse sim é o verdadeiro interesse nacional. Se o EXPRESSO passar a ponderar o interesse nacional e não o interesse das notícias acabará a não publicar sequer a previsão do estado do mar.

Quanto ao ponto 8 deve ter sido decalcado de um jornal da República Popular da China. Assim ficamos a saber que o crime existe mas não deve ser noticiado simplesmente por isso. Dá mau ar do país, não é?

Mas o que de todo não entendo é a referência às “baixezas da vida política e económica” que o EXPRESSO tb não quer referir muito. O que são as “baixezas da vida política e económica” ? O BPN? O Face Oculta? O Casa Pia? Por fim o Estatuto Editorial também acha que assuntos como o sexo tb não devem ser mto destacados. Mas essa é a conclusão inevitável a que chegaram após terem apresentado como grande novidade e ousadia (!) artigos como este . Po este caminho o EXPRESSO acabará a confundir-se com o suplemento Casas, Imobiliário etc.. etc

Jornalismo gourmet, tipo degustação.

O EXPRESSO publicou o seu Estatuto Editorial. Nos pontos 7 e 8 lê-se o seguinte:

7. O Expresso sabe, também, que em casos muito excepcionais, há notícias que mereciam ser publicadas em lugar de destaque, mas que não devem ser referidas, não por auto-censura ou censura interna, mas porque a sua divulgação seria eventualmente nociva ao interesse nacional. O jornal reserva-se, como é óbvio, o direito de definir, caso a caso, a aplicação deste critério.

8. O Expresso sabe, igualmente, que a publicação insistente de determinados assuntos – do crime e do sexo às baixezas da vida política e económica – poderia aumentar a venda de exemplares, mas recusa-se a alimentar qualquer tipo de sensacionalismo que ponha em perigo o jornalismo de qualidade que sempre pretendeu fazer. Respeita, acima de tudo, os leitores e está consciente de que eles aceitam e desculpam os erros que o Expresso comete, mas que não lhe perdoariam se, deliberadamente, por acção ou por omissão, os enganasse ou abusasse da sua boa fé.

Sobre o ponto 7 ele representa uma clara defesa da auto-censura. Só não percebo pq escrevem que não o fazem “por auto-censura ou censura interna mas porque a sua divulgação seria eventualmente nociva ao interesse nacional“. Trata-se de uma opção clara pela auto-censura e como habitualmente esta é legitimada em razões de interesse nacional. Toda a auto-censura é legitimada na defesa de un interesse superior. Não há nada de mal com a auto-censura desde que seja assumida, clara e excepcional: se um país está em guerra e tem liberdade de imprensa determinadas notícias são embargadas até à conclusão das operações. Em 2011, no caso de Portugal percebe-se que se um jornalista sabe que vai ter lugar uma operação para detecção de traficantes que não a anuncie previamente. Outra coisa completamente diferente é fazer uma opção editorial pela propaganda do regime identificando-o com o interesse nacional. Tenho o maior respeito pelo critério do interesse nacional (ou interesse particular, por exemplo no caso de um rapto) mas por isso mesmo ele deve ser invocado poucas vezes como argumento para não dar uma notícia. Deve ser algo de muito excepcional. No mais é do interesse de todos e da nação que os jornais relatem os factos. Esse sim é o verdadeiro interesse nacional. Se o EXPRESSO passar a ponderar o interesse nacional e não o interesse das notícias acabará a não publicar sequer a previsão do estado do mar.

Quanto ao ponto 8 deve ter sido decalcado de um jornal da República Popular da China. Assim ficamos a saber que o crime existe mas não deve ser noticiado simplesmente por isso. Dá mau ar do país, não é?

Mas o que de todo não entendo é a referência às “baixezas da vida política e económica” que o EXPRESSO tb não quer referir muito. O que são as “baixezas da vida política e económica” ? O BPN? O Face Oculta? O Casa Pia? Por fim o Estatuto Editorial também acha que assuntos como o sexo tb não devem ser mto destacados. Mas essa é a conclusão inevitável a que chegaram após terem apresentado como grande novidade e ousadia (!) artigos como este . Po este caminho o EXPRESSO acabará a confundir-se com o suplemento Casas, Imobiliário etc.. etc

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