Partidocracia no auge (II)

06-09-2014
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Partidocracia no auge (II)

Um antigo ministro das finanças reuniu-se em sua casa, pela calada da noite, com o actual ministro da mesma pasta e entre eles acordaram a versão final do OE 2011, ou seja, quanto irão mexer nos bolsos dos cidadãos. O registo de tão solene evento para a posteridade, limitar-se-á a uma simples foto, tirada do telemóvel de Eduardo Catroga o qual garantiu, com embevecida comoção, que a mesma será peça relevante de um grato espólio de duras lutas dedicadas à causa pública. Para grande alegria de Marcelo, que pegou no folhetim da foto, tão glosado em toda a comunicação social como o grande destaque das negociações e, na sua “homília” de ontem, criou desde logo um “facto político” com a foto privada e a ausência de fotos oficiais, supostamente pretendidas por uma parte e recusadas pela outra.

Decididamente, a política em Portugal está reduzida a este “registo facebookiano” de “marcar” os protagonistas nas fotos. Entretanto o Parlamento, que até agora não foi ouvido nem achado, cumprirá na próxima semana e com enorme eficácia (apenas 2 dias), o ritual de “discutir” e aprovar o Orçamento. Nesta altura, já todos os deputados receberam as directrizes quanto ao sentido de voto, sendo que as do PSD estão “oficializadas” no último parágrafo deste comunicado:

Assim, ouvida a Comissão Permanente do PSD e garantidos estes objectivos nos pressupostos assumidos pelo Governo e pela equipa chefiada pelo Prof. Eduardo Catroga, o PSD abster-se-á na votação do orçamento para 2011 possibilitando assim a viabilização deste documento apresentado pelo Governo e evitando assim um mal maior para Portugal.

Ouve-se a Comissão Permanente, mas não o Grupo Parlamentar, o que constitui um total e completo atestado de menoridade aos deputados. O regime diz-se representativo, mas ostraciza descaradamente os seus representantes, sujeitos desde há muito a tratos de polé e dir-se-ia que conformados com a função passiva de um relacionamento sado-masoquista.

Sinal porventura do estertor de um regime moribundo. Oxalá.

Partidocracia no auge (II)

Um antigo ministro das finanças reuniu-se em sua casa, pela calada da noite, com o actual ministro da mesma pasta e entre eles acordaram a versão final do OE 2011, ou seja, quanto irão mexer nos bolsos dos cidadãos. O registo de tão solene evento para a posteridade, limitar-se-á a uma simples foto, tirada do telemóvel de Eduardo Catroga o qual garantiu, com embevecida comoção, que a mesma será peça relevante de um grato espólio de duras lutas dedicadas à causa pública. Para grande alegria de Marcelo, que pegou no folhetim da foto, tão glosado em toda a comunicação social como o grande destaque das negociações e, na sua “homília” de ontem, criou desde logo um “facto político” com a foto privada e a ausência de fotos oficiais, supostamente pretendidas por uma parte e recusadas pela outra.

Decididamente, a política em Portugal está reduzida a este “registo facebookiano” de “marcar” os protagonistas nas fotos. Entretanto o Parlamento, que até agora não foi ouvido nem achado, cumprirá na próxima semana e com enorme eficácia (apenas 2 dias), o ritual de “discutir” e aprovar o Orçamento. Nesta altura, já todos os deputados receberam as directrizes quanto ao sentido de voto, sendo que as do PSD estão “oficializadas” no último parágrafo deste comunicado:

Assim, ouvida a Comissão Permanente do PSD e garantidos estes objectivos nos pressupostos assumidos pelo Governo e pela equipa chefiada pelo Prof. Eduardo Catroga, o PSD abster-se-á na votação do orçamento para 2011 possibilitando assim a viabilização deste documento apresentado pelo Governo e evitando assim um mal maior para Portugal.

Ouve-se a Comissão Permanente, mas não o Grupo Parlamentar, o que constitui um total e completo atestado de menoridade aos deputados. O regime diz-se representativo, mas ostraciza descaradamente os seus representantes, sujeitos desde há muito a tratos de polé e dir-se-ia que conformados com a função passiva de um relacionamento sado-masoquista.

Sinal porventura do estertor de um regime moribundo. Oxalá.

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