I come in peace

28-07-2014
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I come in peace

Toda a gente aponta o ingrediente em falta, o Santo Graal que permitiria transformar o país num portento europeu através de um modelo de desenvolvimento que, tal como com os Descobrimentos, abriria as portas à era dourada para o menino e para menina portadores de cartão de cidadão. Uns apontam a justiça, outros o combate à corrupção, outros ainda – normalmente típicos parolos urbanos indignados por terem nascido, uma espécie de adolescentes tardios My Chemical Romance – a formação e qualificação, com as inevitáveis cultura e ciência na dianteira. Há um eventual Pedro Nunes em potência em cada candidato a bolseiro nos pós-doutoramentos de indivíduos cujo único emprego foi o de registar produtos na caixa do hipermercado, isto na versão optimista. Há um Miró em cada criança diagnosticada como hiperactiva aos 18 dias, uma espécie de teste do pezinho à lassidão patarata dos papás urbanos que adoram as férias em Cabo Verde.

Ninguém ou quase ninguém propõe o inverso. São poucos os que sugerem ser o excessivo peso do bedelho estatal a causa das próprias deficiências que, em conversa de taberneiro habituado a manter clientela, com caridosa “sensibilidade social” pretende apaticamente fingir colmatar.

O estado-alcoviteira tem dessas coisas: não faltam candidatos à Brízida Vaz do momento, com as suas questões estruturais, substituindo a promessa de vida eterna pela arquitectura social do “agora é que é”. E enquanto assim for, é garantido que assim será, para a remissão dos pecados, a ressurreição dos mortos e a vida do mundo que há-de vir, agora e sempre.

I come in peace

Toda a gente aponta o ingrediente em falta, o Santo Graal que permitiria transformar o país num portento europeu através de um modelo de desenvolvimento que, tal como com os Descobrimentos, abriria as portas à era dourada para o menino e para menina portadores de cartão de cidadão. Uns apontam a justiça, outros o combate à corrupção, outros ainda – normalmente típicos parolos urbanos indignados por terem nascido, uma espécie de adolescentes tardios My Chemical Romance – a formação e qualificação, com as inevitáveis cultura e ciência na dianteira. Há um eventual Pedro Nunes em potência em cada candidato a bolseiro nos pós-doutoramentos de indivíduos cujo único emprego foi o de registar produtos na caixa do hipermercado, isto na versão optimista. Há um Miró em cada criança diagnosticada como hiperactiva aos 18 dias, uma espécie de teste do pezinho à lassidão patarata dos papás urbanos que adoram as férias em Cabo Verde.

Ninguém ou quase ninguém propõe o inverso. São poucos os que sugerem ser o excessivo peso do bedelho estatal a causa das próprias deficiências que, em conversa de taberneiro habituado a manter clientela, com caridosa “sensibilidade social” pretende apaticamente fingir colmatar.

O estado-alcoviteira tem dessas coisas: não faltam candidatos à Brízida Vaz do momento, com as suas questões estruturais, substituindo a promessa de vida eterna pela arquitectura social do “agora é que é”. E enquanto assim for, é garantido que assim será, para a remissão dos pecados, a ressurreição dos mortos e a vida do mundo que há-de vir, agora e sempre.

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