Prometer o fim da austeridade é extremamente positivo

23-06-2015
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Prometer o fim da austeridade é extremamente positivo

Podemos apresentar o programa eleitoral que nos apetecer com a garantia que ninguém (excepto o adversário) perderá um único segundo com a sua leitura. Isto não é negativo, pelo contrário; uma leitura de um programa eleitoral poderia, in extremis – no caso da leitura por um humano instruído -, originar um raciocínio devidamente estruturado e sustentado em lógica, gramática e retórica, raciocínio este que poria em causa a falta de qualquer uma destas no dito documento. Uma vez li um programa eleitoral e, só por isso, penso que merecia um subsídio pela dedicação à ciência.

O que é “acabar com a austeridade”, algo que fica sempre bem num programa eleitoral proto- e, simultaneamente, pós-syrizico? Para responder, teremos, em primeiro lugar, que regressar ao básico, questionando a própria noção de austeridade. Aparentemente, “a austeridade” consiste em políticas como aumento de impostos e redução de despesas salariais e sociais com objectivo de aumentar a receita disponível, receita esta manifestamente inferior para as necessidades anuais, como se constata pelo valor positivo do défice. Quer isto dizer que “a austeridade” consiste em gastar mais do que o que se arrecada mas menos do que gostaríamos de gastar. No fundo, é aquilo que o caro leitor leitor faz todos os dias ao não comprar um apartamento agradável em Paris, um sacrifício que, no meu caso, é amplificado pela ausência de amigos mesmo bons. Assim sendo, “acabar com a austeridade” é permitir-se gastar mais do que o que recebe mas em grande – e à francesa – ultrapassando em muito as suas possibilidades de vir a pagar, isto para gerar, através de multiplicadores mágicos, muito mais dinheiro para gastar muito mais, isto para gerar, através de multiplicadores mágicos, muito mais dinheiro para gastar muito mais, isto para gerar, através de multiplicadores mágicos… Creio que já percebeu a ideia.

O meu receio, porém, não são as promessas de “fim da austeridade”. Não, o que receio é que alguém, percebendo que austeridade é regime permanente e não regime transitório, se ofereça para prometer outra coisa qualquer. Enquanto a promessa é “o fim da austeridade”, estamos bem. Como quando uma concorrente a Miss Universo promete usar a tiara para trazer paz ao mundo. O problema não são as promessas impossíveis de cumprir; o meu receio é que prometam alguma coisa que possam efectivamente, e para mal de todos nós, ter possibilidade de concretizar.

Prometer o fim da austeridade é extremamente positivo

Podemos apresentar o programa eleitoral que nos apetecer com a garantia que ninguém (excepto o adversário) perderá um único segundo com a sua leitura. Isto não é negativo, pelo contrário; uma leitura de um programa eleitoral poderia, in extremis – no caso da leitura por um humano instruído -, originar um raciocínio devidamente estruturado e sustentado em lógica, gramática e retórica, raciocínio este que poria em causa a falta de qualquer uma destas no dito documento. Uma vez li um programa eleitoral e, só por isso, penso que merecia um subsídio pela dedicação à ciência.

O que é “acabar com a austeridade”, algo que fica sempre bem num programa eleitoral proto- e, simultaneamente, pós-syrizico? Para responder, teremos, em primeiro lugar, que regressar ao básico, questionando a própria noção de austeridade. Aparentemente, “a austeridade” consiste em políticas como aumento de impostos e redução de despesas salariais e sociais com objectivo de aumentar a receita disponível, receita esta manifestamente inferior para as necessidades anuais, como se constata pelo valor positivo do défice. Quer isto dizer que “a austeridade” consiste em gastar mais do que o que se arrecada mas menos do que gostaríamos de gastar. No fundo, é aquilo que o caro leitor leitor faz todos os dias ao não comprar um apartamento agradável em Paris, um sacrifício que, no meu caso, é amplificado pela ausência de amigos mesmo bons. Assim sendo, “acabar com a austeridade” é permitir-se gastar mais do que o que recebe mas em grande – e à francesa – ultrapassando em muito as suas possibilidades de vir a pagar, isto para gerar, através de multiplicadores mágicos, muito mais dinheiro para gastar muito mais, isto para gerar, através de multiplicadores mágicos, muito mais dinheiro para gastar muito mais, isto para gerar, através de multiplicadores mágicos… Creio que já percebeu a ideia.

O meu receio, porém, não são as promessas de “fim da austeridade”. Não, o que receio é que alguém, percebendo que austeridade é regime permanente e não regime transitório, se ofereça para prometer outra coisa qualquer. Enquanto a promessa é “o fim da austeridade”, estamos bem. Como quando uma concorrente a Miss Universo promete usar a tiara para trazer paz ao mundo. O problema não são as promessas impossíveis de cumprir; o meu receio é que prometam alguma coisa que possam efectivamente, e para mal de todos nós, ter possibilidade de concretizar.

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