Ao sabor do ciclo económico

07-11-2013
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Ao sabor do ciclo económico

Os partidos políticos têm que criar a ilusão de que nós precisamos deles. Não por acaso, o debate político entre os partidos do Bloco Central voga ao sabor do ciclo económico. Se o ciclo económico gera desemprego a oposição culpa o governo. Se o ciclo económico gera emprego, o governo assume a responsabilidade. No mundinho da partidarite a economia não se autoorganiza nem existem atrasos entre as políticas e os seus efeitos. No mundo da partidarite a economia obedece ao Estado. Como é evidente, tanto a oposição como o governo têm interesse em manter a ilusão de que podem fazer alguma coisa pela economia para alem de atrapalhar. E é por isso que o jogo atinge níveis sofisticados de aldrabice e contorcionismo. Selecciona-se os indicadores mais favoráveis mas absolutamente irrelevante, seleccionam-se os períodos de comparação mais favoráveis, muda-se de valores percentuais para valores relativos (e vice-versa) conforme as conveniências e repescam-se dados descontextualizado do passado para atacar o adversário (entre os partidos do Bloco Central, a melhor defesa é o ataque). Felizmente para os políticos, em séries com componentes aleatórias há sempre um indicador que está a melhorar. Se não for o indicador relativo que sempre foi usado como padrão, pode recorrer-se ao indicador absoluto ou à segunda derivada. Se o indicador baseado na variação homóloga falhar é sempre possível recorrer ao indicador da variação trimestral ou à tendência da variação trimestral (aproveitando a variação sazonal quando dá jeito). E se não melhorar o emprego, pode ser que melhore o investimento, ou a compra de carros ou o número de telemóveis ou a balança comercial dos bens tecnológicos ou o emprego entre maiores de 55. Sócrates joga este jogo com mestria porque a lógica da oposição é a mesma.

Ao sabor do ciclo económico

Os partidos políticos têm que criar a ilusão de que nós precisamos deles. Não por acaso, o debate político entre os partidos do Bloco Central voga ao sabor do ciclo económico. Se o ciclo económico gera desemprego a oposição culpa o governo. Se o ciclo económico gera emprego, o governo assume a responsabilidade. No mundinho da partidarite a economia não se autoorganiza nem existem atrasos entre as políticas e os seus efeitos. No mundo da partidarite a economia obedece ao Estado. Como é evidente, tanto a oposição como o governo têm interesse em manter a ilusão de que podem fazer alguma coisa pela economia para alem de atrapalhar. E é por isso que o jogo atinge níveis sofisticados de aldrabice e contorcionismo. Selecciona-se os indicadores mais favoráveis mas absolutamente irrelevante, seleccionam-se os períodos de comparação mais favoráveis, muda-se de valores percentuais para valores relativos (e vice-versa) conforme as conveniências e repescam-se dados descontextualizado do passado para atacar o adversário (entre os partidos do Bloco Central, a melhor defesa é o ataque). Felizmente para os políticos, em séries com componentes aleatórias há sempre um indicador que está a melhorar. Se não for o indicador relativo que sempre foi usado como padrão, pode recorrer-se ao indicador absoluto ou à segunda derivada. Se o indicador baseado na variação homóloga falhar é sempre possível recorrer ao indicador da variação trimestral ou à tendência da variação trimestral (aproveitando a variação sazonal quando dá jeito). E se não melhorar o emprego, pode ser que melhore o investimento, ou a compra de carros ou o número de telemóveis ou a balança comercial dos bens tecnológicos ou o emprego entre maiores de 55. Sócrates joga este jogo com mestria porque a lógica da oposição é a mesma.

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