O meu muro pessoal

24-08-2015
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O meu muro pessoal

Tenho estado muito bem no meu cantinho preferido de férias, mais longe do frenesim mediático português que do país propriamente dito, eis que o meu tempo por cá termina, neste último dia, com uma trovoada e o céu mais cinzento que o retratado no primeiro cartaz ridículo da sucessão de cartazes ridículos de António Costa. Está a chover de tal forma que apenas encontro a vantagem de obter uma lavagem grátis do carro para a viagem de regresso de amanhã.

O excesso de tempo livre pela fatalidade que é não me poder dedicar à arte do bronze corporal permitiu-me ler este artigo sobre o muro húngaro e reflectir sobre a minha própria condição de recluso do clima. Eu queria mesmo estar na praia e estou a ser impedido, como se barrado por um muro climatérico, de aceder à vida melhor de refugiado de uma guerra contra o frio outonal. A União Europeia não me ajuda. Ignoram o meu problema. Eu tenho frio e não tenho culpa de ter frio. Há mecanismos jurídicos para evitar o meu frio. Eu só quero o calor do sol democrático que me permite derreter numa toalha entre camadas de calor atmosférico e areia previamente aquecida. Porque me colocam este muro da vergonha, pior que o muro de Berlim, que me impede de aceder ao único clima que importa no Mediterrâneo? A União Europeia devia decretar que Verão é para calor, não para chuva ridícula e indesejada. Uma pessoa está até a gastar dinheiro para estar aqui e só vê os seus desejos defraudados por governos sem liderança para resolver o meu problema específico de falta de sol no último dia de férias.

Tal como a autora do artigo – Patrícia Fragoso Martins – estou indignado, inconsolável e desejo tanto a bonita e límpida simplicidade que acabo a escrever sobre sonhos infantis e frustrações pueris com a candura de uma personagem que a Pixar consideraria demasiado bidimensional.

O meu muro pessoal

Tenho estado muito bem no meu cantinho preferido de férias, mais longe do frenesim mediático português que do país propriamente dito, eis que o meu tempo por cá termina, neste último dia, com uma trovoada e o céu mais cinzento que o retratado no primeiro cartaz ridículo da sucessão de cartazes ridículos de António Costa. Está a chover de tal forma que apenas encontro a vantagem de obter uma lavagem grátis do carro para a viagem de regresso de amanhã.

O excesso de tempo livre pela fatalidade que é não me poder dedicar à arte do bronze corporal permitiu-me ler este artigo sobre o muro húngaro e reflectir sobre a minha própria condição de recluso do clima. Eu queria mesmo estar na praia e estou a ser impedido, como se barrado por um muro climatérico, de aceder à vida melhor de refugiado de uma guerra contra o frio outonal. A União Europeia não me ajuda. Ignoram o meu problema. Eu tenho frio e não tenho culpa de ter frio. Há mecanismos jurídicos para evitar o meu frio. Eu só quero o calor do sol democrático que me permite derreter numa toalha entre camadas de calor atmosférico e areia previamente aquecida. Porque me colocam este muro da vergonha, pior que o muro de Berlim, que me impede de aceder ao único clima que importa no Mediterrâneo? A União Europeia devia decretar que Verão é para calor, não para chuva ridícula e indesejada. Uma pessoa está até a gastar dinheiro para estar aqui e só vê os seus desejos defraudados por governos sem liderança para resolver o meu problema específico de falta de sol no último dia de férias.

Tal como a autora do artigo – Patrícia Fragoso Martins – estou indignado, inconsolável e desejo tanto a bonita e límpida simplicidade que acabo a escrever sobre sonhos infantis e frustrações pueris com a candura de uma personagem que a Pixar consideraria demasiado bidimensional.

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