Jovem universitária e outras metáforas

09-07-2011
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O Rui Tavares, que tem uma enorme capacidade para se exprimir por metáforas e, sobretudo, por hipérboles, diz, em grande estilo, entre outros “elogios”, que eu permaneço “orgulhosamente ignorante” no que diz respeito à crise dos mercados financeiros. Isto, porque relatei aqui no Insurgente uma conversa casual e real – embora obviamente romanceada – onde o meu interlocutor (por acaso, alguém que até tem uma vida inteira dedicada aos mercados financeiros, de prestígio intocável) conclui que o Rui Tavares estrutura este artigo em redor daquilo que ele classificou como “acertar no totobola à segunda-feira”.

O Rui Tavares escreve uma coluna responsabilizando os gestores dos principais bancos de investimento americanos, afirmando premptoriamente que estes tinham conhecimento e consciência – porque avisados por economistas que facilmente se descobrem à pressa no google (v.g., se forem aqui, encontram a linha geral do que o Rui Tavares escreve, name dropping incluído) – da inevitabilidade da crise; aproveita para dar um salto até ao Iraque, e não perde a oportunidade para mandar uma farpazita a Durão Barroso – “culpado!” – ou apelar ao voto(?) em Obama.

Julgo que este artigo é, em si, criticável, admitindo-se – no mínimo – opinião contrária.

Mas não: para o Rui Tavares, discordar daquilo que ele escreve – que passa, desde logo, por achar que esta crise tem razões muito mais complexas e distintas do que aquelas que ele tem apresentado, e que as soluções a ensaiar andam a milhas daquilo que os autores que o Rui cita admitem – é permanecer “orgulhosamente ignorante”. O Rui Tavares, que quando o “mudar o disco”, se tornará se for o caso num especialista único no importante tema do vôo migratório das aves no inverno – que nunca na vida deve ter visto uma central de liquidação a funcionar, que não sabe seguramente o que é um clearing, o que são as regras de compliance, a DMIF, as IAS/IFRS, Basileia, o Patriot Act, que não sonha o que é um routing de ordens, um ETF, TT’s, CRV’s, ou como se calcula o risco numa carteira de derivados, o que são rácios de solvabilidade, TIER I ou TIER II – impõe que aceitemos que a crise tinha sido antecipada, porque alguém o disse, que foi deliberadamente ignorada pelos gestores dos bancos de investimento; e mais: quem entender que as coisas não foram assim – ainda que esteja consciente da gravidade da crise, das suas causas, e até tenha uma ideia sobre o que se está a passar e o futuro – é “orgulhosamente ignorante”.

Recorrendo a uma metáfora – que agora que aprendi o que são “figuras de estilo”, acho que me vão dar muito jeito – diria que o RT escreve com uma superioridade e certeza tais que me faz lembrar aquela anedota do anúncio de relax: “jovem universitária, inteligente, culta, falo cinco línguas, sou bonita, linda d+, tenho um bumbum escaldante, sou tão perfeita que nem sei como acabei puta”.

O Rui Tavares, que tem uma enorme capacidade para se exprimir por metáforas e, sobretudo, por hipérboles, diz, em grande estilo, entre outros “elogios”, que eu permaneço “orgulhosamente ignorante” no que diz respeito à crise dos mercados financeiros. Isto, porque relatei aqui no Insurgente uma conversa casual e real – embora obviamente romanceada – onde o meu interlocutor (por acaso, alguém que até tem uma vida inteira dedicada aos mercados financeiros, de prestígio intocável) conclui que o Rui Tavares estrutura este artigo em redor daquilo que ele classificou como “acertar no totobola à segunda-feira”.

O Rui Tavares escreve uma coluna responsabilizando os gestores dos principais bancos de investimento americanos, afirmando premptoriamente que estes tinham conhecimento e consciência – porque avisados por economistas que facilmente se descobrem à pressa no google (v.g., se forem aqui, encontram a linha geral do que o Rui Tavares escreve, name dropping incluído) – da inevitabilidade da crise; aproveita para dar um salto até ao Iraque, e não perde a oportunidade para mandar uma farpazita a Durão Barroso – “culpado!” – ou apelar ao voto(?) em Obama.

Julgo que este artigo é, em si, criticável, admitindo-se – no mínimo – opinião contrária.

Mas não: para o Rui Tavares, discordar daquilo que ele escreve – que passa, desde logo, por achar que esta crise tem razões muito mais complexas e distintas do que aquelas que ele tem apresentado, e que as soluções a ensaiar andam a milhas daquilo que os autores que o Rui cita admitem – é permanecer “orgulhosamente ignorante”. O Rui Tavares, que quando o “mudar o disco”, se tornará se for o caso num especialista único no importante tema do vôo migratório das aves no inverno – que nunca na vida deve ter visto uma central de liquidação a funcionar, que não sabe seguramente o que é um clearing, o que são as regras de compliance, a DMIF, as IAS/IFRS, Basileia, o Patriot Act, que não sonha o que é um routing de ordens, um ETF, TT’s, CRV’s, ou como se calcula o risco numa carteira de derivados, o que são rácios de solvabilidade, TIER I ou TIER II – impõe que aceitemos que a crise tinha sido antecipada, porque alguém o disse, que foi deliberadamente ignorada pelos gestores dos bancos de investimento; e mais: quem entender que as coisas não foram assim – ainda que esteja consciente da gravidade da crise, das suas causas, e até tenha uma ideia sobre o que se está a passar e o futuro – é “orgulhosamente ignorante”.

Recorrendo a uma metáfora – que agora que aprendi o que são “figuras de estilo”, acho que me vão dar muito jeito – diria que o RT escreve com uma superioridade e certeza tais que me faz lembrar aquela anedota do anúncio de relax: “jovem universitária, inteligente, culta, falo cinco línguas, sou bonita, linda d+, tenho um bumbum escaldante, sou tão perfeita que nem sei como acabei puta”.

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