Centenário da República: combustões

26-01-2012
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A prática de regicídio parece ser uma constante no comportamento daqueles que pretendem derrubar as monarquias. Que eu saiba, república alguma jamais foi implantada por votação impoluta. Llembro o caso italiano, em 1946, em que a contagem foi interrompida quando as regiões mais fiéis à Casa de Sabóia começaram a inclinar o prato da balança para a manutenção da chefia de Estado dinástica, ou lembro, ainda, o caso grego, em que os ditadores militares fizeram um plebiscito absolutamente viciado. Recentemente, a abolição (até ver) da monarquia nepalesa saíu de um arranjo visando oferecer aos maoístas a participação no governo daquele país dos Himalaias. Ao povo nepalês foi negado o direito de decidir. Matar reis, exterminar por atacado famílias reais, parece ser a especialidade dos inimigos das monarquias. Ontem, um celerado quis matar a família real holandesa. Parece não haver novidade, porquanto o século XX oferece interminável sucessão de crimes de sangue contra famílias reais: Humberto I de Itália, D. Carlos I de Portugal, Jorge I da Grécia, Francisco Fernando da Áustria, Nicolau II da Rússia, Alexandre I da Jugoslávia, Faisal II do Iraque, Sisavang Vatthana do Laos, Lord Louis Mountbatten of Burma. Os inimigos da monarquia sabem-na popular e entranhada na consciência e afectos do povo, pelo que a "propaganda pelo facto" - expressão cunhada pelos anarquistas do século XIX - constitui o único meio para virar a página e impor o facto consumado irreversível. Há semanas, no último dia das barricadas vermelhas em Banguecoque, fui ao acampamento dos republicanos tailandeses e travei interessante diálogo com um seguidor de Thaksin, professor do ensino secundário e ardente defensor da república. Falou-me despreocupadamente sobre as suas convicções e, ao terminar a sua exposição, deixou cair um sintomático "até seria melhor se a família real desaparecesse". Sabemos o que isso quer dizer. Desaparecer quer dizer "assassiná-los a todos, sem excepção". Estes republicanos são uns bons safados !Miguel Castelo-Branco, in Combustões, 2-5-2009


A prática de regicídio parece ser uma constante no comportamento daqueles que pretendem derrubar as monarquias. Que eu saiba, república alguma jamais foi implantada por votação impoluta. Llembro o caso italiano, em 1946, em que a contagem foi interrompida quando as regiões mais fiéis à Casa de Sabóia começaram a inclinar o prato da balança para a manutenção da chefia de Estado dinástica, ou lembro, ainda, o caso grego, em que os ditadores militares fizeram um plebiscito absolutamente viciado. Recentemente, a abolição (até ver) da monarquia nepalesa saíu de um arranjo visando oferecer aos maoístas a participação no governo daquele país dos Himalaias. Ao povo nepalês foi negado o direito de decidir. Matar reis, exterminar por atacado famílias reais, parece ser a especialidade dos inimigos das monarquias. Ontem, um celerado quis matar a família real holandesa. Parece não haver novidade, porquanto o século XX oferece interminável sucessão de crimes de sangue contra famílias reais: Humberto I de Itália, D. Carlos I de Portugal, Jorge I da Grécia, Francisco Fernando da Áustria, Nicolau II da Rússia, Alexandre I da Jugoslávia, Faisal II do Iraque, Sisavang Vatthana do Laos, Lord Louis Mountbatten of Burma. Os inimigos da monarquia sabem-na popular e entranhada na consciência e afectos do povo, pelo que a "propaganda pelo facto" - expressão cunhada pelos anarquistas do século XIX - constitui o único meio para virar a página e impor o facto consumado irreversível. Há semanas, no último dia das barricadas vermelhas em Banguecoque, fui ao acampamento dos republicanos tailandeses e travei interessante diálogo com um seguidor de Thaksin, professor do ensino secundário e ardente defensor da república. Falou-me despreocupadamente sobre as suas convicções e, ao terminar a sua exposição, deixou cair um sintomático "até seria melhor se a família real desaparecesse". Sabemos o que isso quer dizer. Desaparecer quer dizer "assassiná-los a todos, sem excepção". Estes republicanos são uns bons safados !Miguel Castelo-Branco, in Combustões, 2-5-2009

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