Escolas de Beja recusam receber 70 crianças de etnia cigana

24-01-2012
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Centena e meia de pessoas concentraram-se ontem de manhã frente à sede da Associação de Municípios do Baixo Alentejo e Alentejo Litoral, em Beja, onde se iria decidir como distribuir as 70 crianças, residentes no Bairro das Pedreiras, pelos três agrupamentos de escolas desta cidade.

Durante a tarde o director Regional de Educação do Alentejo, José Verdasca, reuniu com os três directores dos agrupamentos de escolas de Beja, num encontro acalorado que terminou depois das 19h, sem declarações à imprensa. O PÚBLICO sabe que não houve consenso, porque há escolas que se recusam a receber estes alunos. Hoje há nova reunião.

Margarida Lucas, presidente da Associação de Pais, de Santa Maria, justificou a concentração com a "indignação" de pais, encarregados de educação e funcionários escolares, que estão descontentes com o que está a ser feito aos alunos de etnia cigana. Estes foram obrigados, no último ano lectivo, a permanecer no Regimento de Infantaria n.º 3. Os pais pedem que as crianças de etnia cigana não se concentrem apenas num agrupamento, o de Santa Maria, porque alegam que neste momento "mais de 90 por cento dos alunos oriundos dos bairros mais problemáticos da cidade estão concentrados neste estabelecimento de ensino".

António Duarte, presidente do conselho geral do agrupamento de Santa Maria, diz que se "está a criar um ghetto", referindo-se ao elevado número de alunos que revelam problemas de aprendizagem e são oriundos de agregados familiares desestruturados. Esta realidade, prossegue o docente, tem incentivado a saída sistemática de crianças não-ciganas para os outros agrupamentos de Beja. "Já detectámos que 36 alunos que deveriam matricular-se no nosso agrupamento foram para outras escolas, e mais 27 alunos pediram transferência. Arriscamo-nos a que só fiquem crianças problemáticas", vinca Marta Brito, mãe de um aluno que se queixa que o seu filho terá sido prejudicado na aprendizagem com a instabilidade provocada por alunos de etnia cigana e que condicionou o trabalho do professor.

Tanto a associação de pais como a direcção do agrupamento reclamam que metade dos 70 alunos seja dividida pelos agrupamentos de Mário Beirão e de Santiago Maior. Mas as respectivas direcções já disseram ao PÚBLICO que não têm vagas nem condições para integrar as crianças do Bairro das Pedreiras, construído pela Câmara de Beja há seis anos para instalar cerca de 400 pessoas que viviam em barracas no Bairro da Esperança, o mais problemático de Beja.

O vereador com o pelouro da Educação, José Velez (PS), diz que "há ano e meio" mantém o diálogo com a Direcção Regional da Educação do Alentejo para resolver este problema. A autarquia propôs que "não se concentrassem todos os miúdos de etnia cigana num só agrupamento", posição que diz ter sido partilhada pelo director regional da Educação. Mas " as coisas não correram bem" e as crianças "ficaram no quartel de Beja por não ter sido encontrada uma solução", diz o autarca. Confrontado com um conflito que se agudiza, o presidente da Câmara de Beja, Jorge, Pulido Valente (PS), diz que esta questão "não é da competência directa da câmara". O autarca advoga a distribuição das crianças pelos três agrupamentos.

Miguel Ramalho, vereador da CDU, reconhece que se trata de uma situação "muito complexa", mas diz ter "muitas dúvidas" que a solução esteja na redistribuição dos alunos. Sustentar que, por serem ciganos, têm de ser distribuídos, "é um ferrete que lhes é colocado, pois isto não acontece com as crianças não ciganas."

Mário Simões, deputado do PSD eleito pelo círculo de Beja, deslocou-se ao local da concentração para falar com os manifestantes, informou-os de que o "Governo já tem conhecimento da situação" e espera que "rapidamente" seja encontrada uma solução.

Centena e meia de pessoas concentraram-se ontem de manhã frente à sede da Associação de Municípios do Baixo Alentejo e Alentejo Litoral, em Beja, onde se iria decidir como distribuir as 70 crianças, residentes no Bairro das Pedreiras, pelos três agrupamentos de escolas desta cidade.

Durante a tarde o director Regional de Educação do Alentejo, José Verdasca, reuniu com os três directores dos agrupamentos de escolas de Beja, num encontro acalorado que terminou depois das 19h, sem declarações à imprensa. O PÚBLICO sabe que não houve consenso, porque há escolas que se recusam a receber estes alunos. Hoje há nova reunião.

Margarida Lucas, presidente da Associação de Pais, de Santa Maria, justificou a concentração com a "indignação" de pais, encarregados de educação e funcionários escolares, que estão descontentes com o que está a ser feito aos alunos de etnia cigana. Estes foram obrigados, no último ano lectivo, a permanecer no Regimento de Infantaria n.º 3. Os pais pedem que as crianças de etnia cigana não se concentrem apenas num agrupamento, o de Santa Maria, porque alegam que neste momento "mais de 90 por cento dos alunos oriundos dos bairros mais problemáticos da cidade estão concentrados neste estabelecimento de ensino".

António Duarte, presidente do conselho geral do agrupamento de Santa Maria, diz que se "está a criar um ghetto", referindo-se ao elevado número de alunos que revelam problemas de aprendizagem e são oriundos de agregados familiares desestruturados. Esta realidade, prossegue o docente, tem incentivado a saída sistemática de crianças não-ciganas para os outros agrupamentos de Beja. "Já detectámos que 36 alunos que deveriam matricular-se no nosso agrupamento foram para outras escolas, e mais 27 alunos pediram transferência. Arriscamo-nos a que só fiquem crianças problemáticas", vinca Marta Brito, mãe de um aluno que se queixa que o seu filho terá sido prejudicado na aprendizagem com a instabilidade provocada por alunos de etnia cigana e que condicionou o trabalho do professor.

Tanto a associação de pais como a direcção do agrupamento reclamam que metade dos 70 alunos seja dividida pelos agrupamentos de Mário Beirão e de Santiago Maior. Mas as respectivas direcções já disseram ao PÚBLICO que não têm vagas nem condições para integrar as crianças do Bairro das Pedreiras, construído pela Câmara de Beja há seis anos para instalar cerca de 400 pessoas que viviam em barracas no Bairro da Esperança, o mais problemático de Beja.

O vereador com o pelouro da Educação, José Velez (PS), diz que "há ano e meio" mantém o diálogo com a Direcção Regional da Educação do Alentejo para resolver este problema. A autarquia propôs que "não se concentrassem todos os miúdos de etnia cigana num só agrupamento", posição que diz ter sido partilhada pelo director regional da Educação. Mas " as coisas não correram bem" e as crianças "ficaram no quartel de Beja por não ter sido encontrada uma solução", diz o autarca. Confrontado com um conflito que se agudiza, o presidente da Câmara de Beja, Jorge, Pulido Valente (PS), diz que esta questão "não é da competência directa da câmara". O autarca advoga a distribuição das crianças pelos três agrupamentos.

Miguel Ramalho, vereador da CDU, reconhece que se trata de uma situação "muito complexa", mas diz ter "muitas dúvidas" que a solução esteja na redistribuição dos alunos. Sustentar que, por serem ciganos, têm de ser distribuídos, "é um ferrete que lhes é colocado, pois isto não acontece com as crianças não ciganas."

Mário Simões, deputado do PSD eleito pelo círculo de Beja, deslocou-se ao local da concentração para falar com os manifestantes, informou-os de que o "Governo já tem conhecimento da situação" e espera que "rapidamente" seja encontrada uma solução.

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