Uma Nova Miranda: Quo Vadis, Coimbra?

26-01-2012
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Ou Coimbra, Lágrimas de Nostalgia, poderia ser também o título. É com mágoa profunda que vejo encerrar as portas de inúmeros estabelecimentos comerciais que faziam parte da memória da Lusa Atenas. Nos últimos 25 anos fecharam portas: os Cafés Brasileira (café centenário), Arcádia, a Barbearia Universal de Basílio Diniz (barbearia com 100 anos de história), a mítica discoteca Valentim de Carvalho, localizados na Rua Ferreira Borges, em Coimbra.A nostalgia da «A Brasileira»Fecharam também portas ao público as salas de cinema do Avenida, do S. Teotónio, do Sousa Bastos e do Tivoli (que deu lugar primeiro à Zara e depois a outra loja congénere). Aqui funcionava o Cinema Tivoli, noutros temposHoje fala-se tanto em comércio tradicional e nada se faz para manter os espaços e lojas existentes na Baixa e Baixinha da cidade de Coimbra. Pelo contrário, com o passar dos anos vemos fechar casas que faziam parte da memória duma cidade. Há quem se questione que a baixa não gera movimento e que está deserta, pois os conimbricenses preferem outras paragens, porquê? A baixa da cidade está descaracterizada, com tanto pronto-a-vestir, lojas de lingerie e perfumarias pertencentes a cadeias internacionais e a franchising. As grandes superfícies (Continente, modelo, Pingo Doce, Makro, Jumbo, Lidl e Carrefour) tomaram de assalto a cidade.Barbearia Universal, 100 anos de História Já não há lugar para os pequenos comerciantes. É com profunda apreensão que vejo encerrar inúmeras lojas ditas do comércio tradicional. O sector secundário já não existe, as poucas fábricas que havia na Zona Industrial da Pedrulha fecharam as portas deixando no desemprego milhares de trabalhadores. Por enquanto, o sector de comércio e serviços vai proporcionando emprego aos conimbricenses. Será que a cidade pode dormir à sombra da Universidade? Sim e até quando? Texto – Mário NunesRua Visconde da Luz Foi com profunda apreensão que esta manhã li no Diário de Coimbra o seguinte artigo: « Café Central deverá ser substituído por pronto-a-vestir ou loja de lingerie Gerente não quis confirmar mas é certo que o Café Central irá encerrar e no seu lugar nascerá uma outra loja, muito provavelmente do pronto-a-vestir ou de lingerie. Junta de Freguesia e Agência para a Promoção da Baixa lamentam a perda «de mais um café de referência da cidade» É um dado adquirido. O Café Central, mais um espaço emblemático da Baixa de Coimbra, está fechado para obras e não voltará a abrir, prevendo-se que venha a funcionar no seu lugar um estabelecimento comercial dedicado a outro ramo de actividade, muito provavelmente uma loja de pronto-a-vestir ou de lingerie. Luís Oliveira, gerente do Café Central, e também do Café Nicola, recusou-se a confirmar a informação ou a tecer comentários sobre o assunto, quando contactado pelo Diário de Coimbra, mas Carlos Clemente, presidente da Junta de Freguesia de S. Bartolomeu, confirmou ao nosso Jornal que efectivamente o Central fechou portas e não voltará a abrir ao público com este nome, nem dedicado à restauração. «Mais um café de referência da Baixa que se perde. É lamentável», reagiu o autarca confessando que «é com muita mágoa» que vê fechar mais um espaço emblemático da cidade, local de reunião de muitas pessoas da cidade e famoso, em tempos, pela venda de marmelada e “rebuçados” de fabrico próprio, conforme recordou Carlos Clemente, também ele frequentador daquele espaço, localizado na Rua Ferreira Borges. O presidente da Junta de Freguesia de S. Bartolomeu não tem dúvidas: «se não forem tomadas medidas urgentes, a Baixa ficará cada vez mais descaracterizada e com nada que atraia as pessoas a visitá-la» e, por isso, considera que as entidades responsáveis terão que, rapidamente, fazer algo «para inverter esta situação». Carlos Clemente considera que é tão «grave que a Central deixe de ser Central» como o é que tivessem fechado o Arcádia ou a Brasileira, temendo que depois do Central, «vá o Nicola ou até o Santa Cruz».É Coimbra que perde. «Coimbra só perde com isto», advertiu, lamentando que mais um espaço carismático da Baixa seja ocupado por um pronto-a-vestir «ou por outra loja do género, iguais às que já vemos nos centros comerciais da cidade». É precisamente por aqui que se inicia o comentário de Armindo Gaspar a este encerramento. Sem querer meter-se «nas questões de mercado», o presidente da Agência para a Promoção da Baixa de Coimbra (APBC) considera que deveria existir a preocupação, quando se opta pela venda ou pelo trespasse de, pelo menos, «procurar áreas que não existam» nesta zona da cidade.Neste caso, Armindo Gaspar diz que não o chocaria tanto se, em vez do pronto-a-vestir ou da loja de lingerie, no espaço do Café Central nascesse uma gelataria, «que é um ramo de actividade que não existe na Baixa e que, por isso, com certeza que clientes não faltariam». «Desta forma não havia uma descaracterização tão grande desta zona da cidade», continuou o presidente da APBC, confessando-se «preocupado, apreensivo e até triste» pelo fecho de mais um café de referência da Baixa e por «não haver capacidade para inverter esta tendência». Seja como for, Armindo Gaspar diz que pretende levar a uma próxima reunião da APBC uma proposta para a criação de um gabinete, dentro da agência, que, à semelhança do que acontece em Santiago de Compostela, em Espanha, acompanhe este tipo de processos e encaminhe os negócios para «áreas que sejam mais importantes de desenvolver na Baixa de Coimbra». Isto aplicar-se-ia para vendas e trespasses mas também para a ocupação de áreas desocupadas da Baixa, explicou o responsável, adiantando que «a agência serviria de intermediária» entre todas as partes. Quanto à notícia publicada recentemente no Diário de Coimbra de que a Câmara Municipal poderia apoiar investidores interessados em adquirir o antigo edifício do café “A Brasileira”, que neste momento está à venda, de modo a devolver-lhe as características culturais que fizeram daquele espaço um dos mais carismáticos da Baixa e da cidade, Armindo Gaspar comprometeu-se a também debater o assunto com os restantes membros da APBC de modo a perceber «o que é possível fazer para que tal se concretize». in Diário de CoimbraPraça do Comércio


Ou Coimbra, Lágrimas de Nostalgia, poderia ser também o título. É com mágoa profunda que vejo encerrar as portas de inúmeros estabelecimentos comerciais que faziam parte da memória da Lusa Atenas. Nos últimos 25 anos fecharam portas: os Cafés Brasileira (café centenário), Arcádia, a Barbearia Universal de Basílio Diniz (barbearia com 100 anos de história), a mítica discoteca Valentim de Carvalho, localizados na Rua Ferreira Borges, em Coimbra.A nostalgia da «A Brasileira»Fecharam também portas ao público as salas de cinema do Avenida, do S. Teotónio, do Sousa Bastos e do Tivoli (que deu lugar primeiro à Zara e depois a outra loja congénere). Aqui funcionava o Cinema Tivoli, noutros temposHoje fala-se tanto em comércio tradicional e nada se faz para manter os espaços e lojas existentes na Baixa e Baixinha da cidade de Coimbra. Pelo contrário, com o passar dos anos vemos fechar casas que faziam parte da memória duma cidade. Há quem se questione que a baixa não gera movimento e que está deserta, pois os conimbricenses preferem outras paragens, porquê? A baixa da cidade está descaracterizada, com tanto pronto-a-vestir, lojas de lingerie e perfumarias pertencentes a cadeias internacionais e a franchising. As grandes superfícies (Continente, modelo, Pingo Doce, Makro, Jumbo, Lidl e Carrefour) tomaram de assalto a cidade.Barbearia Universal, 100 anos de História Já não há lugar para os pequenos comerciantes. É com profunda apreensão que vejo encerrar inúmeras lojas ditas do comércio tradicional. O sector secundário já não existe, as poucas fábricas que havia na Zona Industrial da Pedrulha fecharam as portas deixando no desemprego milhares de trabalhadores. Por enquanto, o sector de comércio e serviços vai proporcionando emprego aos conimbricenses. Será que a cidade pode dormir à sombra da Universidade? Sim e até quando? Texto – Mário NunesRua Visconde da Luz Foi com profunda apreensão que esta manhã li no Diário de Coimbra o seguinte artigo: « Café Central deverá ser substituído por pronto-a-vestir ou loja de lingerie Gerente não quis confirmar mas é certo que o Café Central irá encerrar e no seu lugar nascerá uma outra loja, muito provavelmente do pronto-a-vestir ou de lingerie. Junta de Freguesia e Agência para a Promoção da Baixa lamentam a perda «de mais um café de referência da cidade» É um dado adquirido. O Café Central, mais um espaço emblemático da Baixa de Coimbra, está fechado para obras e não voltará a abrir, prevendo-se que venha a funcionar no seu lugar um estabelecimento comercial dedicado a outro ramo de actividade, muito provavelmente uma loja de pronto-a-vestir ou de lingerie. Luís Oliveira, gerente do Café Central, e também do Café Nicola, recusou-se a confirmar a informação ou a tecer comentários sobre o assunto, quando contactado pelo Diário de Coimbra, mas Carlos Clemente, presidente da Junta de Freguesia de S. Bartolomeu, confirmou ao nosso Jornal que efectivamente o Central fechou portas e não voltará a abrir ao público com este nome, nem dedicado à restauração. «Mais um café de referência da Baixa que se perde. É lamentável», reagiu o autarca confessando que «é com muita mágoa» que vê fechar mais um espaço emblemático da cidade, local de reunião de muitas pessoas da cidade e famoso, em tempos, pela venda de marmelada e “rebuçados” de fabrico próprio, conforme recordou Carlos Clemente, também ele frequentador daquele espaço, localizado na Rua Ferreira Borges. O presidente da Junta de Freguesia de S. Bartolomeu não tem dúvidas: «se não forem tomadas medidas urgentes, a Baixa ficará cada vez mais descaracterizada e com nada que atraia as pessoas a visitá-la» e, por isso, considera que as entidades responsáveis terão que, rapidamente, fazer algo «para inverter esta situação». Carlos Clemente considera que é tão «grave que a Central deixe de ser Central» como o é que tivessem fechado o Arcádia ou a Brasileira, temendo que depois do Central, «vá o Nicola ou até o Santa Cruz».É Coimbra que perde. «Coimbra só perde com isto», advertiu, lamentando que mais um espaço carismático da Baixa seja ocupado por um pronto-a-vestir «ou por outra loja do género, iguais às que já vemos nos centros comerciais da cidade». É precisamente por aqui que se inicia o comentário de Armindo Gaspar a este encerramento. Sem querer meter-se «nas questões de mercado», o presidente da Agência para a Promoção da Baixa de Coimbra (APBC) considera que deveria existir a preocupação, quando se opta pela venda ou pelo trespasse de, pelo menos, «procurar áreas que não existam» nesta zona da cidade.Neste caso, Armindo Gaspar diz que não o chocaria tanto se, em vez do pronto-a-vestir ou da loja de lingerie, no espaço do Café Central nascesse uma gelataria, «que é um ramo de actividade que não existe na Baixa e que, por isso, com certeza que clientes não faltariam». «Desta forma não havia uma descaracterização tão grande desta zona da cidade», continuou o presidente da APBC, confessando-se «preocupado, apreensivo e até triste» pelo fecho de mais um café de referência da Baixa e por «não haver capacidade para inverter esta tendência». Seja como for, Armindo Gaspar diz que pretende levar a uma próxima reunião da APBC uma proposta para a criação de um gabinete, dentro da agência, que, à semelhança do que acontece em Santiago de Compostela, em Espanha, acompanhe este tipo de processos e encaminhe os negócios para «áreas que sejam mais importantes de desenvolver na Baixa de Coimbra». Isto aplicar-se-ia para vendas e trespasses mas também para a ocupação de áreas desocupadas da Baixa, explicou o responsável, adiantando que «a agência serviria de intermediária» entre todas as partes. Quanto à notícia publicada recentemente no Diário de Coimbra de que a Câmara Municipal poderia apoiar investidores interessados em adquirir o antigo edifício do café “A Brasileira”, que neste momento está à venda, de modo a devolver-lhe as características culturais que fizeram daquele espaço um dos mais carismáticos da Baixa e da cidade, Armindo Gaspar comprometeu-se a também debater o assunto com os restantes membros da APBC de modo a perceber «o que é possível fazer para que tal se concretize». in Diário de CoimbraPraça do Comércio

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