Câmara de Comuns

29-05-2015
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por João Maria Condeixa

Enquanto Portugal vai apurando o seu pedido de ajuda ao FMI numa panela de pressão - devagar, devagarinho, até a coisa apitar no limite da explosão - a Europa vai-se desdobrando, num acto solidário e no egoísmo legítimo de quem quer minorar o número de membros a reclamar ajuda, em declarações e desmentidos que visam ajudar o nosso país. Mas e se Portugal não o conseguir evitar? Merkel e a Europa ficarão com a reputação de Teixeira dos Santos - que ignorava a crise e a desmentia - ou com a do ministro da propaganda de Saddam, o que não serve de modo nenhum a Europa que se quer sólida, mas também realista. E se não querem pôr os Europeus a pensar o que pensam os Portugueses de quem os dirige, então é mesmo aconselhável que não sigam por esse caminho. Igualmente importante é o braço de ferro que se propõem a travar com os especuladores quando vêm em auxílio de países como Portugal, isto é: quando a Europa, contra os especuladores, se propõe a dar garantias e tranquilidade aos mercados, é bom que se assegure que vence essa batalha, caso contrário poderá mesmo perder a guerra e no futuro ficar nas suas mãos. Let's hope not! Disclaimer: esta não é uma opinião derrotista, mas sim a posição de quem quer ver Portugal resolvido e a Europa sem mazelas. também publicado no República do Cáustico

por João Maria Condeixa

Não sei o que é pior para Portugal: se o aumento de impostos, se o conformismo estampado no rosto de cada um dos entrevistados nestes primeiros dias do ano. Dão-lhes merda para comer e eles queixam-se da falta de sal. Vão-lhes ao bolso e eles limitam-se a encolher os ombros e a dizer que o melhor é não fazer contas à vida. Ao microfone, no pouco tempo de antena que lhes dão, praticamente nenhum se queixou do saque via impostos. Resignados em frente à câmara, guardam a insatisfação, o desalento e a revolta para as conversas de café, de táxi, de cabeleireiro ou mesmo de casa - até porque a mulher é melhor saco de boxe que a menina bonita da televisão -. 365 dias a chorarem o voto errado, a escolha incorrecta, a insultarem os governantes e respectivas mãezinhas para naquele segundo abrirem o sorriso e dizerem um vazio: " pois, tem de seri. É a crise, né?". Esquecem-se que os 5 cêntimos extra que hoje pagam por um café, sai-lhes do bolso, mas não vai para a caixa registadora do pasteleiro, nem para a do distribuidor do grão, nem mesmo para a do fabricante que o torra. Este dinheiro não servirá para estimular a economia, mas sim para alimentar a máquina estatal que ainda este ano lhes irá saquear mais, via IRS e deduções fiscais. Sim, a mesma máquina que em 2010 e em anos anteriores se queixavam de alimentar sem que dela sentissem vir qualquer retorno. É quase trágico, que de um dia para o outro, com a passagem de ano, tenham esquecido essa injustiça e tão prontamente sorriam para câmara. Também publicado no República do Cáustico

por Rudolfo de Castro Pimenta

Teixeira dos Santos foi ligeiro para o Império do Meio vender títulos de dívida de forma a conseguir mais umas patacas para aguentar por mais uns tempos o nível de vida que não podemos pagar. Portugal necessita de investimento externo como de pão para a boca, é certo. No entanto qualquer decisão deste género não deve ser tomada de ânimo leve. Especialmente quando a contraparte é a China. A China é o país com maiores reservas de divisas no mundo. É credora de 2/3 da dívida externa norte-americana e já controla grande parte dos recursos de África e da Ásia. Oficialmente a sua política externa é de não ingerência nos assuntos internos dos outros Estados o que a leva a investir no Sudão da mesma forma que investe no Ocidente. No entanto tal não significa que não exerça a sua influência de qualquer modo. Há vários exemplos disso mesmo, desde as questões que concernem ao Tibete ou às Coreias, aos direitos humanos e direitos laborais ou às relações comerciais, bem como a sua cada vez maior tendência hegemónica no Pacífico e no Índico. Já diz o meu Professor César das Neves: "não há almoços grátis". Tenho sérias reservas relativamente às contrapartidas exigidas pelos chineses. O preço a pagar poderá ser demasiado alto para além de que ficarmos nas mãos "controleiras" da China é a última coisa de que precisamos. A prudência aconselha que relativamente a esta matéria explorássemos outras possibilidades; como por exemplo o Brasil, que aliás até já se predispôs a isso.

por João Maria Condeixa

A pressão sobre aquela primeira peça de dominó era imensa. Há meses a fio que o PS aguentava um executivo trôpego, incompetente, desnorteado e descredibilizado sem que transpirasse uma gota de desunião. Sei bem que os empregos, cargos e favores, sobretudo em época de crise, são o cimento perfeito para que essa coesão permaneça, mas desta vez o PS estava a exceder-se a si próprio e a durar tempo de mais sem que uma voz crítica se destacasse.Como se nada à sua volta se passasse. Como se nem sequer Sócrates ou Teixeira dos Santos - pelo menos estes dois - estivessem a conduzir o país para o caos. Mas esta semana o leilão e os juros da dívida pública acima dos 7% - aquela meta traçada por Teixeira dos Santos para, como todas as outras, não respeitar - fizeram com que Vieira da Silva o viesse desautorizar. Ah, mas não é a primeira vez que o fazem! - dirão. É verdade. Mas foi a primeira vez que Teixeira dos Santos disse que atiraria a toalha ao chão, e que a partir desse número, recorreria ao FMI, rasgando o seu contrato de líder financeiro do país e que, por sua maior culpa, passaria essa responsabilidade para uma entidade terceira, externa, fazendo uma interregno à soberania de Portugal. E desautorizar um Ministro de Estado e das Finanças, quando este questiona as condições para se manter no lugar, varre por completo - interna e exteriormente - a solidez e credibilidade de um governo. Ora isto foi o milimetro de mercúrio que faltava para a primeira peça de dominó cair. E aqueles socialistas que menos agarrados estão ao poder - por independência de carácter ou por estarem numa posição superior ao actual executivo - começam agora, paulatinamente, a soltar algumas discordâncias. Luís Amado, foi um dos primeiros. Outros somar-se-ão. Depois é esperar. Também publicado na República do Cáustico

por André Couto

Excelente decisão do Ministro Fernando Teixeira dos Santos. Em tempos sensíveis e difíceis como os que vivemos, há que saber olhar a sociedade, medir-lhe o pulso e por vezes abrir processos de excepção. É um facto que perante a lei todos aqueles trabalhadores teriam de pagar os 250€ de multa. No entanto, tendo em conta que foi uma falha generalizada e a calamitosa situação de quem é remunerado por recibos verdes em Portugal este é um processo plenamente justificado para suprir o efeito social perverso da Lei que a Oposição já se preparava para aproveitar. O Governo prova que há razoabilidade e sensibilidade na sua governação. (Gostava de ouvir os profetas da desgraça governamental a dar o braço a torcer.)

por António Prôa

por João Maria Condeixa

Enquanto Portugal vai apurando o seu pedido de ajuda ao FMI numa panela de pressão - devagar, devagarinho, até a coisa apitar no limite da explosão - a Europa vai-se desdobrando, num acto solidário e no egoísmo legítimo de quem quer minorar o número de membros a reclamar ajuda, em declarações e desmentidos que visam ajudar o nosso país. Mas e se Portugal não o conseguir evitar? Merkel e a Europa ficarão com a reputação de Teixeira dos Santos - que ignorava a crise e a desmentia - ou com a do ministro da propaganda de Saddam, o que não serve de modo nenhum a Europa que se quer sólida, mas também realista. E se não querem pôr os Europeus a pensar o que pensam os Portugueses de quem os dirige, então é mesmo aconselhável que não sigam por esse caminho. Igualmente importante é o braço de ferro que se propõem a travar com os especuladores quando vêm em auxílio de países como Portugal, isto é: quando a Europa, contra os especuladores, se propõe a dar garantias e tranquilidade aos mercados, é bom que se assegure que vence essa batalha, caso contrário poderá mesmo perder a guerra e no futuro ficar nas suas mãos. Let's hope not! Disclaimer: esta não é uma opinião derrotista, mas sim a posição de quem quer ver Portugal resolvido e a Europa sem mazelas. também publicado no República do Cáustico

por João Maria Condeixa

Não sei o que é pior para Portugal: se o aumento de impostos, se o conformismo estampado no rosto de cada um dos entrevistados nestes primeiros dias do ano. Dão-lhes merda para comer e eles queixam-se da falta de sal. Vão-lhes ao bolso e eles limitam-se a encolher os ombros e a dizer que o melhor é não fazer contas à vida. Ao microfone, no pouco tempo de antena que lhes dão, praticamente nenhum se queixou do saque via impostos. Resignados em frente à câmara, guardam a insatisfação, o desalento e a revolta para as conversas de café, de táxi, de cabeleireiro ou mesmo de casa - até porque a mulher é melhor saco de boxe que a menina bonita da televisão -. 365 dias a chorarem o voto errado, a escolha incorrecta, a insultarem os governantes e respectivas mãezinhas para naquele segundo abrirem o sorriso e dizerem um vazio: " pois, tem de seri. É a crise, né?". Esquecem-se que os 5 cêntimos extra que hoje pagam por um café, sai-lhes do bolso, mas não vai para a caixa registadora do pasteleiro, nem para a do distribuidor do grão, nem mesmo para a do fabricante que o torra. Este dinheiro não servirá para estimular a economia, mas sim para alimentar a máquina estatal que ainda este ano lhes irá saquear mais, via IRS e deduções fiscais. Sim, a mesma máquina que em 2010 e em anos anteriores se queixavam de alimentar sem que dela sentissem vir qualquer retorno. É quase trágico, que de um dia para o outro, com a passagem de ano, tenham esquecido essa injustiça e tão prontamente sorriam para câmara. Também publicado no República do Cáustico

por Rudolfo de Castro Pimenta

Teixeira dos Santos foi ligeiro para o Império do Meio vender títulos de dívida de forma a conseguir mais umas patacas para aguentar por mais uns tempos o nível de vida que não podemos pagar. Portugal necessita de investimento externo como de pão para a boca, é certo. No entanto qualquer decisão deste género não deve ser tomada de ânimo leve. Especialmente quando a contraparte é a China. A China é o país com maiores reservas de divisas no mundo. É credora de 2/3 da dívida externa norte-americana e já controla grande parte dos recursos de África e da Ásia. Oficialmente a sua política externa é de não ingerência nos assuntos internos dos outros Estados o que a leva a investir no Sudão da mesma forma que investe no Ocidente. No entanto tal não significa que não exerça a sua influência de qualquer modo. Há vários exemplos disso mesmo, desde as questões que concernem ao Tibete ou às Coreias, aos direitos humanos e direitos laborais ou às relações comerciais, bem como a sua cada vez maior tendência hegemónica no Pacífico e no Índico. Já diz o meu Professor César das Neves: "não há almoços grátis". Tenho sérias reservas relativamente às contrapartidas exigidas pelos chineses. O preço a pagar poderá ser demasiado alto para além de que ficarmos nas mãos "controleiras" da China é a última coisa de que precisamos. A prudência aconselha que relativamente a esta matéria explorássemos outras possibilidades; como por exemplo o Brasil, que aliás até já se predispôs a isso.

por João Maria Condeixa

A pressão sobre aquela primeira peça de dominó era imensa. Há meses a fio que o PS aguentava um executivo trôpego, incompetente, desnorteado e descredibilizado sem que transpirasse uma gota de desunião. Sei bem que os empregos, cargos e favores, sobretudo em época de crise, são o cimento perfeito para que essa coesão permaneça, mas desta vez o PS estava a exceder-se a si próprio e a durar tempo de mais sem que uma voz crítica se destacasse.Como se nada à sua volta se passasse. Como se nem sequer Sócrates ou Teixeira dos Santos - pelo menos estes dois - estivessem a conduzir o país para o caos. Mas esta semana o leilão e os juros da dívida pública acima dos 7% - aquela meta traçada por Teixeira dos Santos para, como todas as outras, não respeitar - fizeram com que Vieira da Silva o viesse desautorizar. Ah, mas não é a primeira vez que o fazem! - dirão. É verdade. Mas foi a primeira vez que Teixeira dos Santos disse que atiraria a toalha ao chão, e que a partir desse número, recorreria ao FMI, rasgando o seu contrato de líder financeiro do país e que, por sua maior culpa, passaria essa responsabilidade para uma entidade terceira, externa, fazendo uma interregno à soberania de Portugal. E desautorizar um Ministro de Estado e das Finanças, quando este questiona as condições para se manter no lugar, varre por completo - interna e exteriormente - a solidez e credibilidade de um governo. Ora isto foi o milimetro de mercúrio que faltava para a primeira peça de dominó cair. E aqueles socialistas que menos agarrados estão ao poder - por independência de carácter ou por estarem numa posição superior ao actual executivo - começam agora, paulatinamente, a soltar algumas discordâncias. Luís Amado, foi um dos primeiros. Outros somar-se-ão. Depois é esperar. Também publicado na República do Cáustico

por André Couto

Excelente decisão do Ministro Fernando Teixeira dos Santos. Em tempos sensíveis e difíceis como os que vivemos, há que saber olhar a sociedade, medir-lhe o pulso e por vezes abrir processos de excepção. É um facto que perante a lei todos aqueles trabalhadores teriam de pagar os 250€ de multa. No entanto, tendo em conta que foi uma falha generalizada e a calamitosa situação de quem é remunerado por recibos verdes em Portugal este é um processo plenamente justificado para suprir o efeito social perverso da Lei que a Oposição já se preparava para aproveitar. O Governo prova que há razoabilidade e sensibilidade na sua governação. (Gostava de ouvir os profetas da desgraça governamental a dar o braço a torcer.)

por António Prôa

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