Outubro 2012

28-09-2015
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Gaiteiros de Lisboa - Avejão

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João Delgado (crónica na RUM) A discussão sobre o Orçamento de Estado é penosa para muitos portugueses, perdidos entre números que são esgrimidos e defendidos ou atacados, com argumentos de tal modo opostos que alguns deles não podem ser classificados de menos do que mentiras conscientes. Desculpem-me os ouvintes que se encontram entre os que detestam esta conversa de milhões e percentagens, mas estamos a falar, neste caso concreto do Orçamento para 2013, de um saque odioso aos rendimentos do trabalho, que não pode ser deixado passar sem indignação e sem luta para impedir a concretização desta ofensiva ideológica mascarada de salvação nacional. Mesmo partindo do princípio de que os rendimentos do trabalho teriam de ver as suas taxas agravadas para cumprir o estipulado no acordo com a troika (e estou entre os que discordam desta perspectiva), uma análise cuidada das medidas propostas pelo governo desmente um princípio constitucional, que é o de os impostos terem de ser progressivos. Com efeito, o artigo 104 da Constituição da República afirma, no seu primeiro ponto, que “O imposto sobre o rendimento pessoal visa a diminuição das desigualdades e será único e progressivo, tendo em conta as necessidades e os rendimentos do agregado familiar.”. Clarificando, significa isto que quanto maiores forem os rendimentos sujeitos a IRS maior deve ser a taxa aplicada. Vitor Gaspar afirmou mesmo, na apresentação dos novos escalões de IRS que, e passo a citar: “Teremos um aumento significativo de progressividade do imposto reforçando-se a capacidade redistributiva do imposto”.

E isto é mentira. Os novos escalões fazem exatamente o contrário, diminuem a progressividade e são, portanto, mais injustos. O economista Eugénio Rosa publicou no seu site um estudo exaustivo sobre esta falácia governamental, cujos aspectos principais enumero, tentando fazê-lo do modo mais simples e claro para os não iniciados nas questões económicas, como é o meu caso. Como é sabido aos actuais oito escalões de IRS sucedem-se cinco, sendo que em todos eles aumenta percentualmente a taxa de IRS. Mas, acontece que, e cito Eugénio Rosa, o “aumento percentual que se verifica na taxa de IRS entre 2012 e 2013 é muito mais elevado nos escalões de rendimentos mais baixos do que nos escalões de rendimento mais elevados”. O economista exemplifica: “Por exemplo, nos três primeiros escalões de IRS que construímos (até 4898€; de 4899 até 7000€; e de 7001€ a 7410€) o aumento da taxa de IRS é, respetivamente de 61%; de 32% e de 132%; enquanto nos três escalões mais elevados (de 61245€ até 66045€; de 66046€ até 80000€; e superior a 80000€) a subida é, respetivamente, de apenas 13%, de 25% e de 11%, portanto subidas muito inferiores às que se verificam nos três escalões mais baixos de IRS. Perante estes dados afirmar que existe equidade é mentir descaradamente para enganar.” E são estes números (além de outros aspectos de que não falarei hoje) que justificam que muitos defendam a inconstitucionalidade deste Orçamento de Estado, como é o caso da Associação Sindical de Juízes, ao considerar que o “aumento dos impostos é tão brutal que coloca em causa o princípio da capacidade contributiva” e vai por isso “suscitar a inconstitucionalidade do documento junto da Comissão Parlamentar do Orçamento”. Também PS, PCP e Bloco de Esquerda consideram o Orçamento inconstitucional, e vão votar contra o mesmo no Parlamento, embora os seus votos somados não sejam suficientes para o reprovar, sendo para tal necessário votos vindos da maioria governamental, o que não se antecipa como provável. O que está, portanto, em cima da mesa por estes dias é a capacidade que os cidadãos tenham, por todos os meios ao seu alcance, de fazer ouvir a sua voz, pressionando todos os poderes, incluindo o Tribunal Constitucional, no sentido de que mais um roubo aos salários não se venha a concretizar. Acredito que muitos já estarão conformados com a perda de um ou mais meses de salário mas, mais do que acreditar, tenho a certeza de que só com luta e resistência será possível condenar este Orçamento, e forçar a apresentação de outro, que vá buscar o grosso dos seus rendimentos ao capital e não ao trabalho. E termino, com o último parágrafo do estudo que tenho citado, em que se recomenda aos cidadãos que vejam para crer: “O leitor encontrará em www.eugeniorosa.com, na pasta “ULTIMO ESTUDO”, a partir de 23.10.2012, uma folha de Excel com dois programas que lhe permitirá, introduzindo os seus dados pessoais (rendimento e composição do agregado familiar), calcular o valor do IRS a pagar em 2012 e em 2013. Faça esses cálculos e prepare-se para uma surpresa muito desagradável. Concluirá que o seu rendimento liquido disponível sofrerá um corte brutal devido ao aumento do IRS. Os portugueses têm-se de unir para alterar esta situação que é inaceitável e insuportável a qual revela uma total insensibilidade social. E ainda mais quando tais sacrifícios são inúteis pois o país com esta politica afunda-se cada vez mais.”

Estou em completa sintonia com Eugénio Rosa e reforço o convite. Faça as contas, e veja como está a ser roubado. A não ser que seja um dos ricos de Portugal que esteja a ouvir esta crónica...

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Rebeliom do Inframundo - Político cabrón

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João Delgado Foram hoje entregues no Tribunal Constitucional as assinaturas requeridas para a legalização de um novo partido político. É o Movimento Alternativa Socialista. Um ponto prévio para declarar (ou recordar) que fui camarada de partido dos que agora fundam o MAS quando, no Bloco de Esquerda, se enquadravam na Ruptura / FER. Com eles, e com outros bloquistas desalinhados de correntes (como a Isabel Faria, o Daniel Arruda, a Teresa Alpuim, o José Franco, a Gabriela Mota Vieira…) estive ao lado nas “moções C”, que mais tarde baptizaríamos de Luta Socialista, com o propósito de nos assumirmos como tendência estatutária do BE. Algo que, aliás, não viria a acontecer, porque nos exigiam uma lista de todos os membros dessa tendência, o que (para nós, obviamente) recusámos. Nas longas discussões em volta dos textos políticos das “moções C” invariavelmente caíamos no debate sobre a natureza do BE, designadamente da vontade e capacidade do partido para resistir aos apelos para a social-democratização, e aproximação ao PS, que o atravessaram desde o início, bem desde a fundação, através de movimentações internas e externas. Recordo-me de ter estado inicialmente em desacordo com o que acabou por ser a linha de fractura apresentada pela moção C na VI Convenção, que consistia em desafiar a direcção do Bloco a garantir que nunca teria um candidato comum com o PS de Sócrates às presidenciais. O azar dessa afirmação viria a calhar a Luís Fazenda, que jurou estarmos perante uma “prodigiosa fantasia dos camaradas da Moção C”. Viu-se, alegremente, quem estava a fantasiar. Recordo-me também de ter dito, numa reunião do grupo coordenador da moção C, que no dia em que me convencesse que o Bloco era um partido social-democrata me demitiria de imediato. Foi o que fiz, antes das presidenciais de 2011, como já o tinham feito outros camaradas (entre os quais os que se viriam a reagrupar na Rubra) e fizeram depois muitos mais. Mas estas linhas não são sobre o Bloco, partido que continuo a prezar e com o qual concordo as maiorias das vezes, sendo que as discordâncias são da essência, e por isso inultrapassáveis para um comprometimento. Sobre o MAS, posso, em parte, escrever o mesmo; concordo maioritariamente com as suas posições, concordo ainda mais quando, sem tibiezas, defendem a nacionalização da banca, a prisão para quem roubou e endividou o país ou a convergência PCP / BE para um governo de esquerda. Mas… o MAS é um partido de filiação trotskista, e daí herda algumas características que só a prova do tempo mostrará se superáveis para uma acção política consequente. Desde logo, a crítica dura e permanente àqueles a quem desafia para a unidade, o que, mesmo quando a aquela é justa, coloca sob dúvida a genuidade dos apelos à convergência. Saberá o MAS fazer o seu caminho, afirmando programa político próprio em oposição ao capitalismo e resistindo a comportar-se como o grilo falante das esquerdas? Saberá o MAS construir-se como um novo movimento alternativo e não permanecer como um grupo crítico de ex-bloquistas? A resposta cabe aos camaradas que hoje se dirigiram ao Tribunal Constitucional, e a todo o colectivo que nos últimos meses temos visto na linha da frente das manifestações anti-troika. No que me toca, um partido da esquerda anti-capitalista é sempre um bom partido, a unidade na luta é ainda melhor. Lutemos então por um novo 25 de Abril.

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Chullage - Já não dá (Saímos para a rua) (Rapressão Vol1)

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João Delgado (crónica na RUM) Há já Muito Tempo que Nesta Latrina o Ar Se Tornou Irrespirável, é uma frase tornada conhecida do grande público português pelos bracarenses Mão Morta, como título de um álbum. Esse álbum, de 1998, corporiza as ideias difundidas pela Internacional Situacionista, particularmente por Guy Debord (embora a frase em questão seja da autoria de outro situacionista, Raoul Vaneigem), cuja obra influenciou o pensamento de muitos dos que vieram a protagonizar as revoltas dos anos sessenta, particularmente o maio de 68, em França, e diversas correntes libertárias e de extrema-esquerda. Ar irrespirável é aqui convocada como perfeita metáfora para este país, que, apesar de ainda longe de ser uma latrina, é local em que alguns pensam poder defecar à vontade as suas prodigiosas ideias. O ar torna-se irrespirável quando ouvimos Vítor Gaspar falar de um enorme aumento de impostos para logo a seguir nos classificar como o melhor povo de mundo, como se estivesse a perorar perante um bando de retardados subservientes à sua estrangeirada inteligência. Esta parece, portanto, ser a nova tática da direita extremista que conduz por vias tortuosas os destinos do país. É uma espécie de doutrina do Choque e Pavor, que, como lembrarão os ouvintes, foi elaborada pelos americanos para as suas intervenções imperialistas, entrando de chancas e destruindo a ferro e fogo para que os alvos, colaterais ou não, não pudessem pensar em mais nada do que colocarem-se a salvo. Choque e pavor, é bem isso que Gaspar e Coelho estão a procurar, quando nos ameaçam com medidas terríveis e depois recuam um milímetro, para termos a sensação de que a final a bomba caiu na cratera ao lado.

Mas é também certo que o pavor parece estar a mudar de sentido. Sinal disto, é o facto de terem passado as declarações nos areópagos europeus garantindo que o povo português aceitaria as medidas de austeridade sem protestar, dada a sua, a nossa, natureza calma e melancólica, mais propícia ao triste fado do que à canção de protesto. As grandiosas manifestações de 15 e 29 de Setembro vieram mostrar que afinal a revolta estava a crescer, e esperava apenas um sinal para tomar as ruas e gritar a indignação. Por isso o Gaspar optou agora por invocar o bom povo português, o melhor povo do mundo, em derradeira tentativa de se manter no poder para cumprir o programa de empobrecimento da nação, que já só tem como defensores os maiores dos capitalistas, porque não serve sequer os interesses dos empresários cuja sobrevivência depende do mercado interno, que desaparece ao ritmo galopante do desaparecimento dos salários. Há, no entanto, quem pareça ainda não ter entendido o que se passa, como é o caso de Vitor Constâncio, que em Portugal fechou aos olhos aos desmandos da banca e vem agora proclamar, do seu poleiro europeu, que as manifestações em Portugal, e também em Espanha, não impedirão o roubo dos salários porque, diz ele, as eleições só vêm lá para 2015. O que esta ave rara parece esquecer é que não seria a primeira vez que um governo com maioria absoluta seria derrubado no nosso país. E, quando tal aconteceu, não foi porque aqueles que não votaram nele se manifestassem, mas exactamente porque parte substancial dos seus apoiantes e eleitores entendeu que as promessas eleitorais não estavam a ser cumpridas, tornando-se urgente mudar de rumo. E é essa mudança de rumo que está ao alcance da mão, queiramos não esmorecer e continuar a gritar a indignação, não dando um minuto de descanso ao governo da troika. A hora é de luta, e todos estamos convocados.

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99 Posse featuring Caparezza - Tarantelle Pe' Campa' Nuje facimme ‘e tarantelle, ‘e tarantelle pe’ campa’,

ma nun song ‘e tarantelle vostre cheste ccà.

C”e sunamm’, c”e cantamm’, l’ abballamm’,

e a man’ a mana ch’abballamm’

tutte cose sta cagnann’ già Quanno ‘a musica nun è bbona

è assai difficile abballà,

ma cù chisti sunature

rimme tu comm’ amma fa

Chisti ccà

macchinoni e varchetelle,

vanno in vacanza alle Seychelles,

sott’ e fuggi ‘e mattunelle,

magna magna ‘e bustarelle.

Chisti ccà

sempe ‘nnanze ‘e spuglierelle,

fann’ ‘e festini dint’ ‘e ville,

se pazzeano ‘e uagliuncelle.

Chisti ccà

se trapiantan’ ‘e capille,

bucchinar’ e nacchennelle,

vonno tutt’ ‘e cose belle,

‘e cravatte ‘e Marinella,

‘a champagne c’ ‘e tarall’,

na decina ‘e muzzarelle,

panettune e sfogliatelle,

c’ ‘e canzone d’ Apicella.

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João Delgado Provocatoriamente, titulávamos ontem aqui que "pelo menos nove deputados do PS vão votar moções de censura do PCP e BE". Mas, tal como era de esperar, os deputados do PS que convocam o Congresso Democrático das Alternativas primaram pela incoerência e seguiram a orientação do partido na abstenção às moções de censura hoje apresentadas por comunistas e bloquistas. Nada que admire, já na passada semana as votações sobre a renegociação da dívida mereceram igual violenta abstenção de seis deputados do PS, registando-se apenas o voto favorável de Isabel Moreira (a mesma que hoje apresentou declaração de voto), no que respeita à proposta do BE, já que quanto ao projecto do PCP a rejeição “socialista” foi unânime. Daí que seja difícil escolher entre os opostos coerência / incoerência, não por razões de estilo, mas antes porque estes senhores e estas senhoras, à superfície erráticos, seguem, na substância, uma linha política determinada, que se caracteriza pela tentativa de burla, face a quem genuinamente se opõe às políticas troikistas e anseia por influenciar o poder. Perante estas evidências, cabe apenas perguntar aos cidadãos de esquerda que querem mesmo debater alternativas políticas, o que têm a dizer a estes deputados do PS, indicados para o papel de ala esquerda, com o propósito de nas próximas eleições tentar pescar votos entre os incautos que ainda acreditam nestas patranhas. De que vão conversar no Congresso Democrático das Alternativas? Da moda “socialista” Outono / Inverno? Está a demorar a aprender, poderá dizer-se.

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A partir dos 07:50 o deputado do PS Pedro Nuno Santos debate os "Desafios da denúncia do memorando". João Delgado Os deputados do Partido Socialista Pedro Nuno Santos, Ana Catarina Mendes, Sérgio Sousa Pinto, João Galamba, Isabel Moreira, Mário Ruivo, Maria Antónia Almeida Santos, Duarte Cordeiro e Pedro Alves, estarão a partir de sexta-feira no Congresso Democrático das Alternativas, de que são promotores, juntamente com deputados do Bloco de Esquerda, como João Semedo, Cecília Honório, Catarina Martins, Mariana Aiveca ou Fernando Rosas e outras personalidades, como “Manuel Carvalho da Silva, ex-secretário geral da CGTP, o presidente da Associação 25 de Abril, Vasco Lourenço, o economista José Reis, o histórico dirigente do PS e fundador do SNS, António Arnaut, bem como o sociólogo Boaventura Sousa Santos e o ex-líder parlamentar do Bloco, José Manuel Pureza”, isto seguindo a notícia publicada no portal do BE, único partido que apoia inequivocamente a iniciativa. Os deputados do Partido Socialista Pedro Nuno Santos, Ana Catarina Mendes, Sérgio Sousa Pinto, João Galamba, Isabel Moreira, Mário Ruivo, Maria Antónia Almeida Santos, Duarte Cordeiro e Pedro Alves estarão na quinta-feira na Assembleia da República, onde serão debatidas as moções de censura apresentadas pelo PCP e BE. Coerentemente, Pedro Nuno Santos, Ana Catarina Mendes, Sérgio Sousa Pinto, João Galamba, Isabel Moreira, Mário Ruivo, Maria Antónia Almeida Santos, Duarte Cordeiro e Pedro Alves, juntar-se-ão decerto à esquerda anti-troika, cumprindo o apelo que eles próprios subscreveram na convocatória do CDA: “no respeito pela autonomia dos partidos políticos e de outros movimentos e organizações, reúna todos os que sentem a necessidade e têm a vontade de debater e construir em conjunto uma alternativa à política de desastre nacional consagrada no memorando da troika e de convergir na ação política para o verdadeiro resgate democrático de Portugal”.

Ficará assim demonstrada a validade de juntar deputados do PS à luta contra as troikas lá de fora e cá de dentro. Ou não.

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João Delgado (crónica na RUM) A discussão sobre o Orçamento de Estado é penosa para muitos portugueses, perdidos entre números que são esgrimidos e defendidos ou atacados, com argumentos de tal modo opostos que alguns deles não podem ser classificados de menos do que mentiras conscientes. Desculpem-me os ouvintes que se encontram entre os que detestam esta conversa de milhões e percentagens, mas estamos a falar, neste caso concreto do Orçamento para 2013, de um saque odioso aos rendimentos do trabalho, que não pode ser deixado passar sem indignação e sem luta para impedir a concretização desta ofensiva ideológica mascarada de salvação nacional. Mesmo partindo do princípio de que os rendimentos do trabalho teriam de ver as suas taxas agravadas para cumprir o estipulado no acordo com a troika (e estou entre os que discordam desta perspectiva), uma análise cuidada das medidas propostas pelo governo desmente um princípio constitucional, que é o de os impostos terem de ser progressivos. Com efeito, o artigo 104 da Constituição da República afirma, no seu primeiro ponto, que “O imposto sobre o rendimento pessoal visa a diminuição das desigualdades e será único e progressivo, tendo em conta as necessidades e os rendimentos do agregado familiar.”. Clarificando, significa isto que quanto maiores forem os rendimentos sujeitos a IRS maior deve ser a taxa aplicada. Vitor Gaspar afirmou mesmo, na apresentação dos novos escalões de IRS que, e passo a citar: “Teremos um aumento significativo de progressividade do imposto reforçando-se a capacidade redistributiva do imposto”.

E isto é mentira. Os novos escalões fazem exatamente o contrário, diminuem a progressividade e são, portanto, mais injustos. O economista Eugénio Rosa publicou no seu site um estudo exaustivo sobre esta falácia governamental, cujos aspectos principais enumero, tentando fazê-lo do modo mais simples e claro para os não iniciados nas questões económicas, como é o meu caso. Como é sabido aos actuais oito escalões de IRS sucedem-se cinco, sendo que em todos eles aumenta percentualmente a taxa de IRS. Mas, acontece que, e cito Eugénio Rosa, o “aumento percentual que se verifica na taxa de IRS entre 2012 e 2013 é muito mais elevado nos escalões de rendimentos mais baixos do que nos escalões de rendimento mais elevados”. O economista exemplifica: “Por exemplo, nos três primeiros escalões de IRS que construímos (até 4898€; de 4899 até 7000€; e de 7001€ a 7410€) o aumento da taxa de IRS é, respetivamente de 61%; de 32% e de 132%; enquanto nos três escalões mais elevados (de 61245€ até 66045€; de 66046€ até 80000€; e superior a 80000€) a subida é, respetivamente, de apenas 13%, de 25% e de 11%, portanto subidas muito inferiores às que se verificam nos três escalões mais baixos de IRS. Perante estes dados afirmar que existe equidade é mentir descaradamente para enganar.” E são estes números (além de outros aspectos de que não falarei hoje) que justificam que muitos defendam a inconstitucionalidade deste Orçamento de Estado, como é o caso da Associação Sindical de Juízes, ao considerar que o “aumento dos impostos é tão brutal que coloca em causa o princípio da capacidade contributiva” e vai por isso “suscitar a inconstitucionalidade do documento junto da Comissão Parlamentar do Orçamento”. Também PS, PCP e Bloco de Esquerda consideram o Orçamento inconstitucional, e vão votar contra o mesmo no Parlamento, embora os seus votos somados não sejam suficientes para o reprovar, sendo para tal necessário votos vindos da maioria governamental, o que não se antecipa como provável. O que está, portanto, em cima da mesa por estes dias é a capacidade que os cidadãos tenham, por todos os meios ao seu alcance, de fazer ouvir a sua voz, pressionando todos os poderes, incluindo o Tribunal Constitucional, no sentido de que mais um roubo aos salários não se venha a concretizar. Acredito que muitos já estarão conformados com a perda de um ou mais meses de salário mas, mais do que acreditar, tenho a certeza de que só com luta e resistência será possível condenar este Orçamento, e forçar a apresentação de outro, que vá buscar o grosso dos seus rendimentos ao capital e não ao trabalho. E termino, com o último parágrafo do estudo que tenho citado, em que se recomenda aos cidadãos que vejam para crer: “O leitor encontrará em www.eugeniorosa.com, na pasta “ULTIMO ESTUDO”, a partir de 23.10.2012, uma folha de Excel com dois programas que lhe permitirá, introduzindo os seus dados pessoais (rendimento e composição do agregado familiar), calcular o valor do IRS a pagar em 2012 e em 2013. Faça esses cálculos e prepare-se para uma surpresa muito desagradável. Concluirá que o seu rendimento liquido disponível sofrerá um corte brutal devido ao aumento do IRS. Os portugueses têm-se de unir para alterar esta situação que é inaceitável e insuportável a qual revela uma total insensibilidade social. E ainda mais quando tais sacrifícios são inúteis pois o país com esta politica afunda-se cada vez mais.”

Estou em completa sintonia com Eugénio Rosa e reforço o convite. Faça as contas, e veja como está a ser roubado. A não ser que seja um dos ricos de Portugal que esteja a ouvir esta crónica...

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João Delgado Foram hoje entregues no Tribunal Constitucional as assinaturas requeridas para a legalização de um novo partido político. É o Movimento Alternativa Socialista. Um ponto prévio para declarar (ou recordar) que fui camarada de partido dos que agora fundam o MAS quando, no Bloco de Esquerda, se enquadravam na Ruptura / FER. Com eles, e com outros bloquistas desalinhados de correntes (como a Isabel Faria, o Daniel Arruda, a Teresa Alpuim, o José Franco, a Gabriela Mota Vieira…) estive ao lado nas “moções C”, que mais tarde baptizaríamos de Luta Socialista, com o propósito de nos assumirmos como tendência estatutária do BE. Algo que, aliás, não viria a acontecer, porque nos exigiam uma lista de todos os membros dessa tendência, o que (para nós, obviamente) recusámos. Nas longas discussões em volta dos textos políticos das “moções C” invariavelmente caíamos no debate sobre a natureza do BE, designadamente da vontade e capacidade do partido para resistir aos apelos para a social-democratização, e aproximação ao PS, que o atravessaram desde o início, bem desde a fundação, através de movimentações internas e externas. Recordo-me de ter estado inicialmente em desacordo com o que acabou por ser a linha de fractura apresentada pela moção C na VI Convenção, que consistia em desafiar a direcção do Bloco a garantir que nunca teria um candidato comum com o PS de Sócrates às presidenciais. O azar dessa afirmação viria a calhar a Luís Fazenda, que jurou estarmos perante uma “prodigiosa fantasia dos camaradas da Moção C”. Viu-se, alegremente, quem estava a fantasiar. Recordo-me também de ter dito, numa reunião do grupo coordenador da moção C, que no dia em que me convencesse que o Bloco era um partido social-democrata me demitiria de imediato. Foi o que fiz, antes das presidenciais de 2011, como já o tinham feito outros camaradas (entre os quais os que se viriam a reagrupar na Rubra) e fizeram depois muitos mais. Mas estas linhas não são sobre o Bloco, partido que continuo a prezar e com o qual concordo as maiorias das vezes, sendo que as discordâncias são da essência, e por isso inultrapassáveis para um comprometimento. Sobre o MAS, posso, em parte, escrever o mesmo; concordo maioritariamente com as suas posições, concordo ainda mais quando, sem tibiezas, defendem a nacionalização da banca, a prisão para quem roubou e endividou o país ou a convergência PCP / BE para um governo de esquerda. Mas… o MAS é um partido de filiação trotskista, e daí herda algumas características que só a prova do tempo mostrará se superáveis para uma acção política consequente. Desde logo, a crítica dura e permanente àqueles a quem desafia para a unidade, o que, mesmo quando a aquela é justa, coloca sob dúvida a genuidade dos apelos à convergência. Saberá o MAS fazer o seu caminho, afirmando programa político próprio em oposição ao capitalismo e resistindo a comportar-se como o grilo falante das esquerdas? Saberá o MAS construir-se como um novo movimento alternativo e não permanecer como um grupo crítico de ex-bloquistas? A resposta cabe aos camaradas que hoje se dirigiram ao Tribunal Constitucional, e a todo o colectivo que nos últimos meses temos visto na linha da frente das manifestações anti-troika. No que me toca, um partido da esquerda anti-capitalista é sempre um bom partido, a unidade na luta é ainda melhor. Lutemos então por um novo 25 de Abril.

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Chullage - Já não dá (Saímos para a rua) (Rapressão Vol1)

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João Delgado (crónica na RUM) Há já Muito Tempo que Nesta Latrina o Ar Se Tornou Irrespirável, é uma frase tornada conhecida do grande público português pelos bracarenses Mão Morta, como título de um álbum. Esse álbum, de 1998, corporiza as ideias difundidas pela Internacional Situacionista, particularmente por Guy Debord (embora a frase em questão seja da autoria de outro situacionista, Raoul Vaneigem), cuja obra influenciou o pensamento de muitos dos que vieram a protagonizar as revoltas dos anos sessenta, particularmente o maio de 68, em França, e diversas correntes libertárias e de extrema-esquerda. Ar irrespirável é aqui convocada como perfeita metáfora para este país, que, apesar de ainda longe de ser uma latrina, é local em que alguns pensam poder defecar à vontade as suas prodigiosas ideias. O ar torna-se irrespirável quando ouvimos Vítor Gaspar falar de um enorme aumento de impostos para logo a seguir nos classificar como o melhor povo de mundo, como se estivesse a perorar perante um bando de retardados subservientes à sua estrangeirada inteligência. Esta parece, portanto, ser a nova tática da direita extremista que conduz por vias tortuosas os destinos do país. É uma espécie de doutrina do Choque e Pavor, que, como lembrarão os ouvintes, foi elaborada pelos americanos para as suas intervenções imperialistas, entrando de chancas e destruindo a ferro e fogo para que os alvos, colaterais ou não, não pudessem pensar em mais nada do que colocarem-se a salvo. Choque e pavor, é bem isso que Gaspar e Coelho estão a procurar, quando nos ameaçam com medidas terríveis e depois recuam um milímetro, para termos a sensação de que a final a bomba caiu na cratera ao lado.

Mas é também certo que o pavor parece estar a mudar de sentido. Sinal disto, é o facto de terem passado as declarações nos areópagos europeus garantindo que o povo português aceitaria as medidas de austeridade sem protestar, dada a sua, a nossa, natureza calma e melancólica, mais propícia ao triste fado do que à canção de protesto. As grandiosas manifestações de 15 e 29 de Setembro vieram mostrar que afinal a revolta estava a crescer, e esperava apenas um sinal para tomar as ruas e gritar a indignação. Por isso o Gaspar optou agora por invocar o bom povo português, o melhor povo do mundo, em derradeira tentativa de se manter no poder para cumprir o programa de empobrecimento da nação, que já só tem como defensores os maiores dos capitalistas, porque não serve sequer os interesses dos empresários cuja sobrevivência depende do mercado interno, que desaparece ao ritmo galopante do desaparecimento dos salários. Há, no entanto, quem pareça ainda não ter entendido o que se passa, como é o caso de Vitor Constâncio, que em Portugal fechou aos olhos aos desmandos da banca e vem agora proclamar, do seu poleiro europeu, que as manifestações em Portugal, e também em Espanha, não impedirão o roubo dos salários porque, diz ele, as eleições só vêm lá para 2015. O que esta ave rara parece esquecer é que não seria a primeira vez que um governo com maioria absoluta seria derrubado no nosso país. E, quando tal aconteceu, não foi porque aqueles que não votaram nele se manifestassem, mas exactamente porque parte substancial dos seus apoiantes e eleitores entendeu que as promessas eleitorais não estavam a ser cumpridas, tornando-se urgente mudar de rumo. E é essa mudança de rumo que está ao alcance da mão, queiramos não esmorecer e continuar a gritar a indignação, não dando um minuto de descanso ao governo da troika. A hora é de luta, e todos estamos convocados.

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99 Posse featuring Caparezza - Tarantelle Pe' Campa' Nuje facimme ‘e tarantelle, ‘e tarantelle pe’ campa’,

ma nun song ‘e tarantelle vostre cheste ccà.

C”e sunamm’, c”e cantamm’, l’ abballamm’,

e a man’ a mana ch’abballamm’

tutte cose sta cagnann’ già Quanno ‘a musica nun è bbona

è assai difficile abballà,

ma cù chisti sunature

rimme tu comm’ amma fa

Chisti ccà

macchinoni e varchetelle,

vanno in vacanza alle Seychelles,

sott’ e fuggi ‘e mattunelle,

magna magna ‘e bustarelle.

Chisti ccà

sempe ‘nnanze ‘e spuglierelle,

fann’ ‘e festini dint’ ‘e ville,

se pazzeano ‘e uagliuncelle.

Chisti ccà

se trapiantan’ ‘e capille,

bucchinar’ e nacchennelle,

vonno tutt’ ‘e cose belle,

‘e cravatte ‘e Marinella,

‘a champagne c’ ‘e tarall’,

na decina ‘e muzzarelle,

panettune e sfogliatelle,

c’ ‘e canzone d’ Apicella.

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João Delgado Provocatoriamente, titulávamos ontem aqui que "pelo menos nove deputados do PS vão votar moções de censura do PCP e BE". Mas, tal como era de esperar, os deputados do PS que convocam o Congresso Democrático das Alternativas primaram pela incoerência e seguiram a orientação do partido na abstenção às moções de censura hoje apresentadas por comunistas e bloquistas. Nada que admire, já na passada semana as votações sobre a renegociação da dívida mereceram igual violenta abstenção de seis deputados do PS, registando-se apenas o voto favorável de Isabel Moreira (a mesma que hoje apresentou declaração de voto), no que respeita à proposta do BE, já que quanto ao projecto do PCP a rejeição “socialista” foi unânime. Daí que seja difícil escolher entre os opostos coerência / incoerência, não por razões de estilo, mas antes porque estes senhores e estas senhoras, à superfície erráticos, seguem, na substância, uma linha política determinada, que se caracteriza pela tentativa de burla, face a quem genuinamente se opõe às políticas troikistas e anseia por influenciar o poder. Perante estas evidências, cabe apenas perguntar aos cidadãos de esquerda que querem mesmo debater alternativas políticas, o que têm a dizer a estes deputados do PS, indicados para o papel de ala esquerda, com o propósito de nas próximas eleições tentar pescar votos entre os incautos que ainda acreditam nestas patranhas. De que vão conversar no Congresso Democrático das Alternativas? Da moda “socialista” Outono / Inverno? Está a demorar a aprender, poderá dizer-se.

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A partir dos 07:50 o deputado do PS Pedro Nuno Santos debate os "Desafios da denúncia do memorando". João Delgado Os deputados do Partido Socialista Pedro Nuno Santos, Ana Catarina Mendes, Sérgio Sousa Pinto, João Galamba, Isabel Moreira, Mário Ruivo, Maria Antónia Almeida Santos, Duarte Cordeiro e Pedro Alves, estarão a partir de sexta-feira no Congresso Democrático das Alternativas, de que são promotores, juntamente com deputados do Bloco de Esquerda, como João Semedo, Cecília Honório, Catarina Martins, Mariana Aiveca ou Fernando Rosas e outras personalidades, como “Manuel Carvalho da Silva, ex-secretário geral da CGTP, o presidente da Associação 25 de Abril, Vasco Lourenço, o economista José Reis, o histórico dirigente do PS e fundador do SNS, António Arnaut, bem como o sociólogo Boaventura Sousa Santos e o ex-líder parlamentar do Bloco, José Manuel Pureza”, isto seguindo a notícia publicada no portal do BE, único partido que apoia inequivocamente a iniciativa. Os deputados do Partido Socialista Pedro Nuno Santos, Ana Catarina Mendes, Sérgio Sousa Pinto, João Galamba, Isabel Moreira, Mário Ruivo, Maria Antónia Almeida Santos, Duarte Cordeiro e Pedro Alves estarão na quinta-feira na Assembleia da República, onde serão debatidas as moções de censura apresentadas pelo PCP e BE. Coerentemente, Pedro Nuno Santos, Ana Catarina Mendes, Sérgio Sousa Pinto, João Galamba, Isabel Moreira, Mário Ruivo, Maria Antónia Almeida Santos, Duarte Cordeiro e Pedro Alves, juntar-se-ão decerto à esquerda anti-troika, cumprindo o apelo que eles próprios subscreveram na convocatória do CDA: “no respeito pela autonomia dos partidos políticos e de outros movimentos e organizações, reúna todos os que sentem a necessidade e têm a vontade de debater e construir em conjunto uma alternativa à política de desastre nacional consagrada no memorando da troika e de convergir na ação política para o verdadeiro resgate democrático de Portugal”.

Ficará assim demonstrada a validade de juntar deputados do PS à luta contra as troikas lá de fora e cá de dentro. Ou não.

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