Cavaco "nunca foi capaz de usar um cravo"

07-10-2015
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O auditório da Fundação Oriente encheu-se so final da tarde desta sexta-feira para ouvir as intervenções de Mário Soares, do ex-Presidente do Brasil Lula da Silva, e do jornalista francês Dominique Pouchin. O mote para a conferência organizada pela Fundação Mário Soares foi "O 25 de Abril visto de fora".

Na plateia, muitos brasileiros que, entusiasmados, gritaram o nome de Lula, à chegada e à saída, antigos dirigentes e governantes socialistas, como Almeida Santos, Manuel Alegre, José Sócrates ou Vera Jardim, mas também o fundador do PSD, Francisco Pinto Balsemão, a viúva de José Saramago, Pilar del Rio, o ensaísta Eduardo Lourenço e o cientista Mário Ruivo.

O tema remetia para 1974, mas Mário Soares, desta vez, não resistiu a comentar a atualidade, confessando-se impressionado pela multidão que, esta tarde, desceu a avenida da Liberdade, celebrando o 25 de Abril, "quando se sabe que este Governo é contra o 25 de Abril e este Presidente da República nunca foi capaz de usar um cravo".

O histórico socialista, que recordou os primeiros tempos da Revolução - quando, a pedido de Spínola, percorreu toda a Europa para "explicar" o que estava a acontecer em Portugal e assim obter o reconhecimento internacional da democracia -, aproveitou para, mais uma vez, agradecer aos militares de Abril: "Devemos-lhes tudo", disse, sublinhando ainda o facto de os militares terem abdicado do poder para o darem aos partidos.

"Esta terra ainda vai tornar-se um imenso Portugal"

Já Lula da Silva, lembrou que, no Brasil, notícia do golpe militar em Portugal só foi conhecida no dia seguinte. Num país que vivia há dez anos sob ditadura "implacável", a notícia foi recebida como "um bálsamo que nos encheu de esperança". E a verdade é que 1974 terminou com a conquista pela oposição brasileira de um terço dos lugares do Senado.

Lula recordou ainda a canção de Chico Buarque, "Fado tropical", que irritou a censura brasileira ao ponto desta confiscar todos os discos só para riscar "com um estilete" a faixa onde, às tantas, o cantor e compositor previa que "esta terra ainda vai cumprir seu ideal, ainda vai tornar-se um imenso Portugal".

O ex-Presidente brasileiro quis terminar com uma mensagem de esperança para um povo bem precisado dela: "Este bravo povo português sempre será capaz de novas proezas". E desafiou a juventude, "que tem um passado de que se orgulhar e todo um futuro para sonhar": "Tomem outra vez aqueles cravos e sigam adiante". "O novo mundo", concluiu, "ainda está para ser feito".

O auditório da Fundação Oriente encheu-se so final da tarde desta sexta-feira para ouvir as intervenções de Mário Soares, do ex-Presidente do Brasil Lula da Silva, e do jornalista francês Dominique Pouchin. O mote para a conferência organizada pela Fundação Mário Soares foi "O 25 de Abril visto de fora".

Na plateia, muitos brasileiros que, entusiasmados, gritaram o nome de Lula, à chegada e à saída, antigos dirigentes e governantes socialistas, como Almeida Santos, Manuel Alegre, José Sócrates ou Vera Jardim, mas também o fundador do PSD, Francisco Pinto Balsemão, a viúva de José Saramago, Pilar del Rio, o ensaísta Eduardo Lourenço e o cientista Mário Ruivo.

O tema remetia para 1974, mas Mário Soares, desta vez, não resistiu a comentar a atualidade, confessando-se impressionado pela multidão que, esta tarde, desceu a avenida da Liberdade, celebrando o 25 de Abril, "quando se sabe que este Governo é contra o 25 de Abril e este Presidente da República nunca foi capaz de usar um cravo".

O histórico socialista, que recordou os primeiros tempos da Revolução - quando, a pedido de Spínola, percorreu toda a Europa para "explicar" o que estava a acontecer em Portugal e assim obter o reconhecimento internacional da democracia -, aproveitou para, mais uma vez, agradecer aos militares de Abril: "Devemos-lhes tudo", disse, sublinhando ainda o facto de os militares terem abdicado do poder para o darem aos partidos.

"Esta terra ainda vai tornar-se um imenso Portugal"

Já Lula da Silva, lembrou que, no Brasil, notícia do golpe militar em Portugal só foi conhecida no dia seguinte. Num país que vivia há dez anos sob ditadura "implacável", a notícia foi recebida como "um bálsamo que nos encheu de esperança". E a verdade é que 1974 terminou com a conquista pela oposição brasileira de um terço dos lugares do Senado.

Lula recordou ainda a canção de Chico Buarque, "Fado tropical", que irritou a censura brasileira ao ponto desta confiscar todos os discos só para riscar "com um estilete" a faixa onde, às tantas, o cantor e compositor previa que "esta terra ainda vai cumprir seu ideal, ainda vai tornar-se um imenso Portugal".

O ex-Presidente brasileiro quis terminar com uma mensagem de esperança para um povo bem precisado dela: "Este bravo povo português sempre será capaz de novas proezas". E desafiou a juventude, "que tem um passado de que se orgulhar e todo um futuro para sonhar": "Tomem outra vez aqueles cravos e sigam adiante". "O novo mundo", concluiu, "ainda está para ser feito".

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