"O dr Ricciardi se fez alguma denúncia é capaz de ter tido alguma contrapartida"

09-12-2014
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"O dr Ricciardi se fez alguma denúncia é capaz de ter tido alguma contrapartida"

Maria Ana Barroso e Filipe Alves

08:28

Ricardo Salgado disse hoje que vai trabalhar "para defender a dignidade da minha família". E insinuou ter havido alguma contrapartida por eventuais denúncias feitas ao supervisor.

19:15

Termina a audição a Ricardo Salgado.

18:54

"Estou a trabalhar para defender a dignidade da minha família. Não vou atacar ninguém", voltou a dizer Salgado, face às novas perguntas dos deputados. Mas acabou por não resistiu e dizer: "O dr Ricciardi teve um comportamento no mínimo muito curioso e se fez alguma denúncia ao Banco de Portugal é capaz de ter tido alguma contrapartida por isso".

18:51

"Nunca deixei de ter a minha situação fiscal regularizada. Acredito ser dos portugueses que mais pagou impostos desde que voltei para Portugal. Tive sempre os meus impostos em dia.", afirmou.

18:45

Salgado questionou a marca BES, destruída com a resolução, substituída "por uma marca branca" e "com um símbolo inicial que foi ajustado e efémero", referindo-se à inicial imagem de uma borboleta. Estas mexidas, a par da mensagem passada de que o banco é para vender depressa, levam Salgado a questionar: "há algum cliente que sinta confiança?". Sobre os dois mil milhões de depósitos recuperados nos últimos tempos pelo Novo Banco, que Eduardo Stock da Cunha referiu na semana passada, disse ser positivo mas "muito insuficiente" para fazer face às necessidades de pagamento ao BCE e para "continuar a dinamizar o crédito".

18:31

Ainda sobre a ESI, disse Salgado que "o dr Machado da Cruz passava a maior parte do tempo nos EUA. Tratava do imobiliário na florida. Não sei explicar-lhe exactamente o que é que aconteceu" disse. "Foi sempre um elemento considerado dentro do grupo. Foi uma surpresa para nós todos", referiu. E voltou a reforçar ter "a consciência de nunca ter dado instruções para esconder passivos na ESI".

18:15

"A CMVM sempre esteve muito atenta" sobre a colocação de valores mobiliários, disse Ricardo Salgado. Sobre a conduta de quem colocava os produtos de dívida de empresas do GES aos balcões do BES, o ex-banqueiro disse ter "a certeza que na sua maioria explicavam os riscos". Mas frisou que esse mesmos risco "estava bem expresso nas fichas técnicas e nos prospectos".

17:51

"O BES sempre esteve ao lado da PT para a financiar", disse Ricardo Salgado. "Foi uma tristeza o que aconteceu à PT", disse ainda o gestor, assumindo que "no dia 31 de Março quando enviei a terceira carta [ao Banco de Portugal] relativamente ao risco sistémico, foi o único elemento que não previ". Ou seja, os efeitos colaterais na PT por via da exposição a papel comercial da Rioforte. Ainda assim, lembrou o interesse que o negócio da PT em Portugal tem despertado. "O Novo banco julgo que ainda tem uma participação no capital bastante importante", lembrou.

17:40

Ricardo Salgado disse desconhecer "por completo" os elementos entregues por Pedro Queiroz Pereira ao Banco de Portugal. "Aquilo que me pareceu foi que o sr Pedro Queiroz Pereira tinha dúvidas sobre a forma como o GES estaria a avaliar activos". Salgado disse calcular que tal "tinha a ver com a ESFG", empresa que tinha "muito poucas transacções na bolsa".

17:17

Arranca a terceira e última ronda de perguntas dos deputados.

17:15

"Não venho cá colocar-me na posição de vítima. Vim cá dar a minha visão dos meus acontecimentos", disse. E referiu que a sua responsabilidade em todo o processo "será certamente apurada pela via judicial e pelos tribunais". Isto com a convicção, disse o ex-banqueiro, "que o que fiz e as equipas do BES foi procurar defender os interesses dos clientes, dentro de uma envolvente económica, política e financeira extremamente complexa".

17:05

Questionado novamente sobre a Eurofin, alegadamente utilizada na intermediação de obrigações do grupo, disse Salgado que "a Eurofin é uma empresa que vive com independência mas que trabalhava muito de perto com o BES na área da corretagem" e também na área não financeira do grupo.

17:00

"Nunca pensei ser o dono disto tudo", disse Salgado em resposta. "Foi uma caracterização que me foi colocada para certamente me prejudicar no futuro", admitiu.

16:51

"Não deixa de ser curioso que o 'dono disto tudo' venha dizer que é afinal a 'vítima disto tudo'", ironizou a deputada do Bloco de Esquerda, Mariana Mortágua, criticando o facto de, na sua opinião, Salgado descartar quaisquer responsabilidades na queda do BES e GES.

16:46

"Eu gostaria de ver as auditorias forenses para perceber" a dimensão das imparidades contabilizadas aquando da resolução, referiu. Salgado defendeu que até certa altura do mês de Julho ainda teria sido possível fazer um aumento de capital via investidores privados, que talvez "fosse possível organizar ainda". "O BES escusava de ter desaparecido e escusava de ter havido esta resolução", sublinhou, questionando se "uma boa parte destas provisões não têm justificações não estaríamos muito longe de o BES ter sobrevivido". "Mas o Banco de Portugal saberá melhor do que eu", concluiu.

16:40

Sobre a referida comissão paga no negócio dos submarinos, disse ainda Salgado que "a Escom teve, de facto, de pagar encargos, muitos encargos, consultoria desde jurídica a técnica". "Tudo isso foi escalpelizado até ao fim pelo Ministério Público. O Ministério Público deve conhecer bastante bem este dossier", acrescentou. Salgado foi dizendo que a Escom "não era a minha área" mas que a mesma o informava "de vez em quando". Mas assegurou: "não houve pagamento a políticos oriunda da Escom".

16:30

"Houve um empréstimo à ESI e esse empréstimo era do conhecimento do Banco de Portugal mas tinha garantias de acções da Rioforte que na altura não tinha imparidades", referiu Salgado. Sobre a importância da operação no Panamá, o ex-banqueiro referiu que "o Panamá tinha relações também com a área financeira. Não conheço o detalhe dessas operações". E pediu "um pouco mais de paciência" por isso mesmo.

16:19

"De facto pareceu-nos que o montante que foi entregue aos accionistas era relativamente baixa face ao total", disse ainda Salgado sobre o tema da comissão paga no negócio dos submarinos. "O Ministério Público tem uma acta do conselho superior e o montante recebido foi superior aos cinco milhões de euros referidos", acrescentou.

16:11

"Posso garantir que nem sequer sabia que estava a ser gravado", disse Salgado quando instado pelo PS a comentar as gravações de reuniões do conselho superior do GES. O gestor explicou que esta era uma "estrutura informal que não é de uma empresa; o conselho superior tinha alguma informalidade" e uma "liberdade de linguagem certamente não permitida em organizações normais". Foi numa dessas reuniões que se discutiu o facto de os cinco grupos da família Espírito Santo terem recebido cinco milhões de euros dos 30 milhões pagos à Escom por serviços prestados na compra de dois submarinos por parte do Estado português.

15:52

"Estou de consciência de tranquila. Não tenho nada que me arrependa", disse Ricardo Salgado. No entanto, "tenho uma carga pesadíssima em cima de mim pelo BES e o GES terem soçobrado". O ex-banqueiro disse, no entanto, que, se terá responsabilidades, outros terão também. Face às recomendações do deputado do PSD para que lesse Santo Agostinho, disse "sou católico praticante; pode crer que sempre que posso leio as meditações de Santo Agostinho".

15:48

Questionado pelo PSD sobre a qualidade da gestão do banco, Ricardo Salgado disse: "eu sou gestor bancário há 40 anos". "Passei por cinco, seis, sete grandes crises internacionais. Passei crises enormíssimas", recordou.

Lembrou ainda que "tivemos 30 anos associados ao Crédit Agricole; significa que o Crédit Agricole considerava que o BES era bem gerido".

15:40

"Eu nunca fui uma pessoa presunçosa ou que pretendesse assumir posições de destaque por qualquer razão", disse Salgado em resposta às questões do deputado do PSD, Carlos Abreu Amorim que acusou o antigo presidente do BES de não assumir qualquer responsabilidade, colocando as culpas, nomeadamente, no Banco de Portugal. "Infelizmente fui catalogado por classificações ridículas e irrisórias.

Sou uma pessoa sóbria e que não tem por costume alindar narrativas", acrescentou.

15:32

Recomeça a audição de Ricardo Salgado, para a segunda ronda.

14:40

Curto intervalo na audição de Ricardo Salgado. Será retomada às 15.15.

14:32

"Sou amigo de longa data do sr José Guilherme" começou por dizer Salgado, em resposta às perguntas do Bloco de Esquerda sobre o alegado presente de 14 milhões de euros recebido pelo antigo presidente do BES. "É um excelente empresário da área da construção. O sr José Guilherme nunca precisou do BES para nada. Era mais credor do BES do que devedor", disse ainda. Quanto ao resto lembrou estar sob segredo de justiça.

14:27

"Acho que a resolução foi um erro cuja avaliação ainda está por fazer. Para já aquilo que se está a ver é que os valores perdidos e o nivel de capitalização do BES foi completamente dizimado", frisou Ricardo Salgado. "A acrescer a isso, se o Novo Banco for vendido por um valor inferior". "E a repercussão que isso tem no segmento das empresas, pela paralisação do crédito do BES que irá certamente provocar uma crise maior ao nível do emprego" defendei o antigo presidente do BES.

14:23

"O que aconteceu ao BESA foi uma lástima. O que aconteceu ao BESA deve-se à resolução do BES e à passagem do BESA para o banco mau. Acabaram por caracterizar a garantia do Governo de Angola como uma garantia tóxica", defendeu Ricardo Salgado.

14:16

Questionado sobre a razão de terem reunido com Carlos Moedas se o tema era com a ministra das Finanças, "o dr Carlos Moedas é um financeiro muito inteligente e conhecedor". Mas reconheceu que "o elemento fundamental disto tudo era o sr primeiro-ministro e a sra ministra das Finanças". Salgado terá também falado com o presidente da Comissão Europeia, Durão Barroso, e o governador do Banco de Portugal: "eu acho que eles ouviram, compreenderam e disseram que era preciso falar com o Governo".

14:09

Sobre as reuniões com várias figuras do executivo de Passos Coelho, garantiu que "não tinha nenhuma finalidade de obter vantagens estranhas, promíscuas com o Governo". "O que foi feito foi comunicar ao governo a eventualidade do risco sistémico e a possibilidade de obter o tal apoio para refinanciar a área não financeira". "E não foi com o objectivo de nos desresponsabilizarmos", disse também.

"Infelizmente o sr primeiro-ministro recusou", concluiu.

14:05

"Não houve que eu saiba remuneração paga ao dr José Honório. O dr. José Honório fez questão de não receber nada. Ele tinha uma boa relação com o GES. Foi com a ajuda (dele) que se fez um memo e como fomos ao Governo" disse Salgado quando questionado por Mariana Mortágua. O antigo presidente do BES diz ter reunido, com Honório e José Manuel Espírito Santo, primeiro com Carlos Moedas, depois com a ministra das Finanças e depois com Passos Coelho. A deputada questionou sobre o apoio dado por Honório à reestruturação do GES. Este gestor acabaria por suceder a Salgado, fazendo parte da equipa de Vítor Bento.

13:46

"Estávamos numa fase em que era preciso reforçar os capitais na Rioforte e portanto a divida emitida na ESI era instrumental para que o grupo continuasse a funcionar", afirmou Salgado. "Em 2013 é quando nasce aquela situação horrível de que havia 1,2 mil milhões que não tinha sido registados no passivo".

13:40

"O BdP nunca teve na disposição de receber potenciais interessados" em fazer um aumento de capital no banco no Verão de 2014. "Deixaram para o final do mês. E no final dá 48 horas para resolver o aumento de capital", recorda Salgado.

O banqueiro disse que "só se fosse um milagre" se faria o aumento de capital, tendo-se seguido a medida de resolução. "O que parece é que isto estava tudo mais ou menos orientado para o mesmo", ironizou.

13:31

Salgado fez questão de voltar ao tema das alegadas preocupações do BdP quando à sua idoneidade. "Se o sr governador quisesse que eu saísse era muito fácil", reforçou.

O antigo presidente do BES disse ter transmitido ao supervisor a sua vontade de que as mudanças na governance do banco fosse suave. "É essencial que o mercado não percepcione qualquer instabilidade. Não posso transmitir qualquer sinal de fraqueza", disse então, sem que houvesse qualquer recuo. E que foi dado o "compromisso de logo a seguir ao 'closing' do aumento de capital", convocar uma Assembleia Geral. "Nunca por nunca pus nenhum obstáculo à mudança da governance no BES", disse.

13:17

"Havia consciência de que o grupo estava bastante endividado. Agora não havia consciência dessa situação", a propósito da situação de irregularidades detectada na ESI no final de 2013.

12:56

Salgado recebe a resposta de que é preciso validar antes a idoneidade de Amílcar Morais Pires. O antigo presidente do BES diz ter ficado surpreendido porque, tempos antes, anteriormente ao aumento de capital de Junho, quando disse preferir Morais Pires, Carlos Costa terá pedido "dois dias para pensar" e respondido depois que "será quem o senhor presidente entender".

12:52

Feito o aumento de capital, e face à incerteza quanto à sucessão de Salgado, este alerta, por carta, o governador para a urgência de subida de Morais Pires, face a perguntas dos bancos e outros investidores institucionais que tinham investido na operação. O próprio João Moreira Rato, então presidente do IGCP, terá manifestação preocupação com impacto no mercado, disse Salgado. Este último tinha saído em meados de Junho, surgindo Morais Pires como sucessor apontado. Dia 3 de Julho é noticiado o 'chumbo' do Banco de Portugal e a nomeação de Vítor Bento.

12:49

"Algures antes do aumento de capital" Carlos Costa perguntou quem achava Salgado que lhe deveria suceder, explicou hoje Ricardo Salgado. "Havia dois nomes possíveis : o Dr. Amílcar Morais Pires e Dr. Joaquim Goes". "O Dr Goes gozava de alguma preferência da supervisão. Fiquei surpreendido de ter sido suspenso algum tempo depois", acrescentou. Salgado terá dito ao governador do Banco de Portugal que Morais Pires teria perfil mais adequado, até pela proximidade do aumento de capital de mais de mil milhões que se viria depois a realizar.

12:43

"Não pretendia de forma alguma agarrar ao lugar", disse Salgado, recordando que completaria 70 anos em Julho, tendo consciência que sabia que teria de sair.

12:39

"Eu sempre acolhi as decisões do sr governador. Nunca por nunca tive alguma reacção negativa", disse Salgado. E voltou a frisar que "se o sr governador alguma vez me dissesse que tinha de sair, eu saía na hora". Mas referiu que só a 19 de Julho veio a indicação de que todos os elementos da família teriam de sair da gestão do banco.

12:20

"O Lehman foi um erro. Mas o Lehhman faliu", recordou.

Já "o BES não faliu; o BES foi forçado a desaparecer", defendeu Salgado.

12:14

"Teríamos que vender na medida do possível participações na área não financeira. Teria sido resolvido se nos dessem mais tempo", afirmou. E comentou o pedido feito de ajuda ao Governo para o GES. "Quando fomos ao Estado pedir um financiamento intercalar. Era para ser reembolsado ao fim de cinco anos. Não era para ser uma participação de capital", explicou.

12:09

"Ouvi surpreendido as declarações do governador que disse que tinha tido um braço de ferro comigo. Nunca o sr governador me disse que me queria retirar a idoneidade", disse categoricamente. E reforçou: "bastaria um sinal para eu pedir imediatamente a demissão do banco".

12:01

"Nós não incumprimos com o Banco de Portugal. Nós estávamos a defender a credibilidade a confiança do banco. E do grupo. Procurando defender fundamentalmente os clientes", assegurou o antigo presidente do BES. "Agora com sete meses para resolver um problema desta magnitude era completamente impensável", voltou a referir. "Três vezes por escrito foi avisado ao Banco de Portugal o risco sistémico. A última, de 31 de Março, estão lá previstas todas as circunstâncias que podiam acontecer", disse, incluindo que era possível que a garantia soberana ao BESA podia cair se o banco angolano fosse separado do BES. Aquele banco acabou por ficar no BES quando da resolução deste e criação do Novo Banco.

11:53

"A sentença de morte veio quando não foi possível fazer o aumento de capital da Rioforte", disse Salgado. E garantiu que havia vários investidores dispostos a apoiar esse reforço, incluindo "um investidor institucional investir pelo menos 700 milhões"."Não foi possível por causa do colapso" do grupo.

11:49

Salgado refutou responsabilidades ou informações em concessões de crédito, lembrando que estas eram responsabilidade da comissão executiva, liderada por Álvaro Sobrinho. "O dr Álvaro Sobrinho nomeou a certa altura a cunhada como responsável do crédito", fez questão de referir.

11:40

Ricardo Salgado recordou que "há um sistema em Angola de sigilo bancário duríssimo". Mas não adiantou muitos detalhes sobre a situação e o que se passou no BESA. E lembrou a passagem pelo Parlamento o responsável pela KPMG em Portugal, que lidera também a auditora em Angola. "Não sou eu que posso a estar a dar mais elementos do que ele [Sikander Sattar] poderia dar". "O próprio Banco de Portugal enviou inspecções a Angola que se debateram com as mesmas dificuldades", acrescentou. Salgado recordou que essas dificuldades limitavam o acesso a informações sobre "concessões de crédito, contas, clientes".

11:27

Em resposta a Carlos Abreu Amorim (PSD), Ricardo Salgado reitera que não era responsável pelos negócios não-fnanceiros do Grupo Espírito Santo (GES). "Reafirmo que o Grupo Espírito Santo era composto por cinco grupos paritários", defendeu.

"Eu não era o responsável pelo Grupo Espírito Santo como um todo. A minha responsabilidade era apenas pela área financeira, no Espírito Santo Financial Group e no BES", salientou.

E acrescentou: "Não posso aceitar que, tendo dedicado a minha vida ao banco e exclusivamente ao banco, seja responsabilizado pelo que aconteceu na área não-financeira. A ESI tinha um presidente, a Rioforte também".

11:22

"Quem violar o segredo bancário pode ser preso. É considerado crime em Angola", lembrou Salgado. Numa vinda dos sócios angolanos do BES no BESA foi reportada uma "situação mais grave", em finais de 2011, início de 2012. "O dr Álvaro Sobrinho tinha sido chamado ao Banco Nacional de Angola e a reunião com ele tinha corrido muito mal. Os nossos sócios angolanos sugeriam a substituição de sobrinho", adiantou. Numa primeira fase este sairia da comissão executiva.

11:18

Questionado por Carlos Abreu Amorim (PSD), Ricardo Salgado considera "extremamente lamentável" o facto de o Banco de Portugal não ter aceite a garantia soberana de Angola como válida e elegível para fundos próprios do BES. Critica ainda o facto de a resolução do BES ter deixado a participação do BES no BESA no "banco mau": "Ao deixar as acções do banco de Angola no banco mau, significou considerar a garantia soberana como activo tóxico".

"Há três bancos portugueses com participações angolanas, o BCP, o BPI e o BIC, e classificar a garantia de Angola como produto tóxico é, no mínimo, uma enorme ofensa diplomática", disse. Explicou que os accionistas angolanos tinham tido um "papel preponderante na obtenção dessa garantia."

11:15

Para Salgado tudo corria bem no BES Angola até dado momento. "A partir de certa altura começámos a ter informações em Portugal estranhas. Os clientes queixavam-se de que o Dr. Álvaro Sobrinho não tinha tempo para os receber". "Chegámos a uma altura em que o BNA estabelece uma ordenação em que os bancos têm de ter total independência informática do exterior. Tivemos de cortar a relação informática e deixámos de ter acesso", explicou.

11:00

Ricardo Salgado recordou que "as auditorias do Banco de Portugal eram recorrentes", os testes de stress também, assim como as "as auditorias da troika recorrentes".

10:55

"Ninguém se apropriou de um tostão, nem na família, nem nos quadros directivos. Sempre a todo o momento que era necessário reforçar capitais, fizemos dez aumentos de capital", disse Salgado. E reforçou: "não houve fugas de dinheiro do banco para quem quer que fosse", esperando que a auditoria forense em curso o possa comprovar. Voltou a recordar que o 'ringfencing' era inexequível, pelo menos em sete meses.

10:40

"Nunca dei instruções a ninguém para ocultar passivos do grupo. Nem eu tinha como missão estar a acompanhar as contas do grupo", referiu. E esclareceu:"o dr machado da cruz não era apenas o contabilista", ou 'comissaire aux comptes' como lhe chamou o próprio Salgado numa entrevista concedida no início do Verão. "Tinha residência nos EUA onde geria a parte imobiliária na América. O dr machado da cruz que prestou bons serviços ao fim de ano foi de facto uma surpresa". "Mas não deixámos de ir imediatamente ao BdP", acrescentou.

10:35

Termina intervenção inicial de Ricardo Salgado e começam as perguntas dos deputados, arrancando com as questões do PSD.

10:32

"Tendo certamente acertado e falhado muito na minha vida sempre em consciência me tenho considerado idóneo", disse

"Sempre tive a humildade de reconhecer que cabia a outros na supervisão o permanente julgamento da minha idoneidade", referiu em jeito de conclusão. "Perdoarão pois que ouse continuar a pensar que servi com idoneidade", acrescentou, dirigindo-se aos deputados.

10:30

"Sem que muitos perderam tudo". "Procurei explicar o que todos tentaram fazer para evitar o desenlace fatal", na intervenção inicial. "Sei como o tempo muito longo, o ambiente especulativo e a sucessiva alteração de nomes dificultaram uma tarefa já de si muito complexa". "Não apontei o dedo a ninguém", sublinhou.

10:26

"O nome pode ser apagado da fachada de um banco mas não pode ser apagado da história de uma família", disse e lembrou que "mesmo os revolucionários de Abril não sentiram necessidade de mudar o nome mesmo coma mudança de regime".

10:24

"Tentei ser factual e objectivo, apesar de saber que mais de um ano de diária apresentação pública de responsável, e responsável todo poderoso, já fez caminho no espírito de muitos portugueses", disse, com "juízos apressados e injustos".

10:12

"A ideia teórica de que o destino do GES, ainda que negativo, não contaminaria o BES, começava a revelar-se uma mera ilusão nos menos conhecedores da realidade dos factos", defendeu Salgado. "Foram dados sete meses" para o GES reembolsar a sua dívida, "enquanto Portugal dispôs de 31 anos para pagar os empréstimos da troika". Salgado garantiu não ter o objectivo de "equiparar BES ao nosso País", mas apenas chamar a atenção para o "carácter extremo" das instrução do Banco de Portugal.

10:05

A 31 de Março, Salgado alertava em carta para os riscos de mexidas na liderança antes do aumento de capital. Mas o antigo presidente do BES cita a missiva onde terá dito: "quero dizer claramente a vossa excelência que estou disponível para encontrar uma alteração construtiva". "Não serei eu que por qualquer motivação pessoal" que travará qualquer mudança para estrutura de governance mais profissional.

09:56

Salgado contesta a ideia existente no arranque do ano de que "a resolução de todos os problemas passaria pela discussão da liderança do banco". "O BdP de forma vaga e imprecisa iniciava um processo de persuasão moral. Esta persuasão moral iniciou-se mais pelas noticias na imprensa do que por acção do BdP", afirmou. "Era minha intenção preparar a nova liderança" e mudança de 'governance'. E sublinhou que "o sr governador desejava que fosse eu próprio a liderar essa substituição".

09:45

"Equipas do GES e do BES disponibilizaram toda a informação à PwC", lembrou Salgado, recordando o "passivo não registado na ESI" depois encontrado. "Ao tomar conhecimento deste problema, eu próprio e todos os órgãos do grupo encáramos as dificuldades da sua superação". Recordou as reuniões do conselho superior com o Banco de Portugal (BdP), em que aquele apresentou propostas. No mesmo dia, o supervisor determina o reembolso até final do ano do papel comercial. "Logo em 5 de Dezembro foi enviado um documento de trabalho preliminar no qual manifestámos a inexequibilidade", referiu e reforçada a "impossibilidade temporal de realizar".

09:35

"Sempre quisemos manter o controlo do banco em mãos portuguesas", assumiu Salgado, garantindo que tal não aconteceu por "temer intervenções do Estado". E não deixou de lembrar que "estava sujeito à supervisão do auditor externo e Banco de Portugal". O não recurso ao Estado ocorreu porque assim não era preciso e "não era fruto de um temor, de uma fuga ou de um plano secreto".

09:28

A marca BES, que nunca fora questionada, valia 640 milhões de euros ainda em Junho deste ano", disse Salgado.

09:25

"A crise do GES não se pode dissociar da crise sem precedentes que afectou a economia mundial", frisou o banqueiro, elecando depois os principais acontecimentos do mundo económico dos últimos anos.

09:20

"Durante meses a fio a minha família fomos julgados na praça pública. Tudo histórias totalmente falsas", lamentou Salgado. Ainda assim, admitiu que "certamente poderei ter tomado decisões que não foram as mais adequadas".

09:17

"O leopardo quando morre deixa a sua pele e um homem quando morre deixa a sua reputação", disse o antigo presidente do BES, citando um Velho provérbio chinês.

09:13

Salgado fará uma intervenção inicial longa, "de mais de uma hora", diz Fernando Negrão, presidente da comissão de inquérito.

09:09

Ricardo Salgado acaba de entrar.

08:54

A audição está prestes a começar. É a audição com mais jornalistas, entre jornais, televisão, rádio e online mais concorrida de sempre, desde que esta comissão de inquérito à gestão do BES e do GES arrancou.

"O dr Ricciardi se fez alguma denúncia é capaz de ter tido alguma contrapartida"

Maria Ana Barroso e Filipe Alves

08:28

Ricardo Salgado disse hoje que vai trabalhar "para defender a dignidade da minha família". E insinuou ter havido alguma contrapartida por eventuais denúncias feitas ao supervisor.

19:15

Termina a audição a Ricardo Salgado.

18:54

"Estou a trabalhar para defender a dignidade da minha família. Não vou atacar ninguém", voltou a dizer Salgado, face às novas perguntas dos deputados. Mas acabou por não resistiu e dizer: "O dr Ricciardi teve um comportamento no mínimo muito curioso e se fez alguma denúncia ao Banco de Portugal é capaz de ter tido alguma contrapartida por isso".

18:51

"Nunca deixei de ter a minha situação fiscal regularizada. Acredito ser dos portugueses que mais pagou impostos desde que voltei para Portugal. Tive sempre os meus impostos em dia.", afirmou.

18:45

Salgado questionou a marca BES, destruída com a resolução, substituída "por uma marca branca" e "com um símbolo inicial que foi ajustado e efémero", referindo-se à inicial imagem de uma borboleta. Estas mexidas, a par da mensagem passada de que o banco é para vender depressa, levam Salgado a questionar: "há algum cliente que sinta confiança?". Sobre os dois mil milhões de depósitos recuperados nos últimos tempos pelo Novo Banco, que Eduardo Stock da Cunha referiu na semana passada, disse ser positivo mas "muito insuficiente" para fazer face às necessidades de pagamento ao BCE e para "continuar a dinamizar o crédito".

18:31

Ainda sobre a ESI, disse Salgado que "o dr Machado da Cruz passava a maior parte do tempo nos EUA. Tratava do imobiliário na florida. Não sei explicar-lhe exactamente o que é que aconteceu" disse. "Foi sempre um elemento considerado dentro do grupo. Foi uma surpresa para nós todos", referiu. E voltou a reforçar ter "a consciência de nunca ter dado instruções para esconder passivos na ESI".

18:15

"A CMVM sempre esteve muito atenta" sobre a colocação de valores mobiliários, disse Ricardo Salgado. Sobre a conduta de quem colocava os produtos de dívida de empresas do GES aos balcões do BES, o ex-banqueiro disse ter "a certeza que na sua maioria explicavam os riscos". Mas frisou que esse mesmos risco "estava bem expresso nas fichas técnicas e nos prospectos".

17:51

"O BES sempre esteve ao lado da PT para a financiar", disse Ricardo Salgado. "Foi uma tristeza o que aconteceu à PT", disse ainda o gestor, assumindo que "no dia 31 de Março quando enviei a terceira carta [ao Banco de Portugal] relativamente ao risco sistémico, foi o único elemento que não previ". Ou seja, os efeitos colaterais na PT por via da exposição a papel comercial da Rioforte. Ainda assim, lembrou o interesse que o negócio da PT em Portugal tem despertado. "O Novo banco julgo que ainda tem uma participação no capital bastante importante", lembrou.

17:40

Ricardo Salgado disse desconhecer "por completo" os elementos entregues por Pedro Queiroz Pereira ao Banco de Portugal. "Aquilo que me pareceu foi que o sr Pedro Queiroz Pereira tinha dúvidas sobre a forma como o GES estaria a avaliar activos". Salgado disse calcular que tal "tinha a ver com a ESFG", empresa que tinha "muito poucas transacções na bolsa".

17:17

Arranca a terceira e última ronda de perguntas dos deputados.

17:15

"Não venho cá colocar-me na posição de vítima. Vim cá dar a minha visão dos meus acontecimentos", disse. E referiu que a sua responsabilidade em todo o processo "será certamente apurada pela via judicial e pelos tribunais". Isto com a convicção, disse o ex-banqueiro, "que o que fiz e as equipas do BES foi procurar defender os interesses dos clientes, dentro de uma envolvente económica, política e financeira extremamente complexa".

17:05

Questionado novamente sobre a Eurofin, alegadamente utilizada na intermediação de obrigações do grupo, disse Salgado que "a Eurofin é uma empresa que vive com independência mas que trabalhava muito de perto com o BES na área da corretagem" e também na área não financeira do grupo.

17:00

"Nunca pensei ser o dono disto tudo", disse Salgado em resposta. "Foi uma caracterização que me foi colocada para certamente me prejudicar no futuro", admitiu.

16:51

"Não deixa de ser curioso que o 'dono disto tudo' venha dizer que é afinal a 'vítima disto tudo'", ironizou a deputada do Bloco de Esquerda, Mariana Mortágua, criticando o facto de, na sua opinião, Salgado descartar quaisquer responsabilidades na queda do BES e GES.

16:46

"Eu gostaria de ver as auditorias forenses para perceber" a dimensão das imparidades contabilizadas aquando da resolução, referiu. Salgado defendeu que até certa altura do mês de Julho ainda teria sido possível fazer um aumento de capital via investidores privados, que talvez "fosse possível organizar ainda". "O BES escusava de ter desaparecido e escusava de ter havido esta resolução", sublinhou, questionando se "uma boa parte destas provisões não têm justificações não estaríamos muito longe de o BES ter sobrevivido". "Mas o Banco de Portugal saberá melhor do que eu", concluiu.

16:40

Sobre a referida comissão paga no negócio dos submarinos, disse ainda Salgado que "a Escom teve, de facto, de pagar encargos, muitos encargos, consultoria desde jurídica a técnica". "Tudo isso foi escalpelizado até ao fim pelo Ministério Público. O Ministério Público deve conhecer bastante bem este dossier", acrescentou. Salgado foi dizendo que a Escom "não era a minha área" mas que a mesma o informava "de vez em quando". Mas assegurou: "não houve pagamento a políticos oriunda da Escom".

16:30

"Houve um empréstimo à ESI e esse empréstimo era do conhecimento do Banco de Portugal mas tinha garantias de acções da Rioforte que na altura não tinha imparidades", referiu Salgado. Sobre a importância da operação no Panamá, o ex-banqueiro referiu que "o Panamá tinha relações também com a área financeira. Não conheço o detalhe dessas operações". E pediu "um pouco mais de paciência" por isso mesmo.

16:19

"De facto pareceu-nos que o montante que foi entregue aos accionistas era relativamente baixa face ao total", disse ainda Salgado sobre o tema da comissão paga no negócio dos submarinos. "O Ministério Público tem uma acta do conselho superior e o montante recebido foi superior aos cinco milhões de euros referidos", acrescentou.

16:11

"Posso garantir que nem sequer sabia que estava a ser gravado", disse Salgado quando instado pelo PS a comentar as gravações de reuniões do conselho superior do GES. O gestor explicou que esta era uma "estrutura informal que não é de uma empresa; o conselho superior tinha alguma informalidade" e uma "liberdade de linguagem certamente não permitida em organizações normais". Foi numa dessas reuniões que se discutiu o facto de os cinco grupos da família Espírito Santo terem recebido cinco milhões de euros dos 30 milhões pagos à Escom por serviços prestados na compra de dois submarinos por parte do Estado português.

15:52

"Estou de consciência de tranquila. Não tenho nada que me arrependa", disse Ricardo Salgado. No entanto, "tenho uma carga pesadíssima em cima de mim pelo BES e o GES terem soçobrado". O ex-banqueiro disse, no entanto, que, se terá responsabilidades, outros terão também. Face às recomendações do deputado do PSD para que lesse Santo Agostinho, disse "sou católico praticante; pode crer que sempre que posso leio as meditações de Santo Agostinho".

15:48

Questionado pelo PSD sobre a qualidade da gestão do banco, Ricardo Salgado disse: "eu sou gestor bancário há 40 anos". "Passei por cinco, seis, sete grandes crises internacionais. Passei crises enormíssimas", recordou.

Lembrou ainda que "tivemos 30 anos associados ao Crédit Agricole; significa que o Crédit Agricole considerava que o BES era bem gerido".

15:40

"Eu nunca fui uma pessoa presunçosa ou que pretendesse assumir posições de destaque por qualquer razão", disse Salgado em resposta às questões do deputado do PSD, Carlos Abreu Amorim que acusou o antigo presidente do BES de não assumir qualquer responsabilidade, colocando as culpas, nomeadamente, no Banco de Portugal. "Infelizmente fui catalogado por classificações ridículas e irrisórias.

Sou uma pessoa sóbria e que não tem por costume alindar narrativas", acrescentou.

15:32

Recomeça a audição de Ricardo Salgado, para a segunda ronda.

14:40

Curto intervalo na audição de Ricardo Salgado. Será retomada às 15.15.

14:32

"Sou amigo de longa data do sr José Guilherme" começou por dizer Salgado, em resposta às perguntas do Bloco de Esquerda sobre o alegado presente de 14 milhões de euros recebido pelo antigo presidente do BES. "É um excelente empresário da área da construção. O sr José Guilherme nunca precisou do BES para nada. Era mais credor do BES do que devedor", disse ainda. Quanto ao resto lembrou estar sob segredo de justiça.

14:27

"Acho que a resolução foi um erro cuja avaliação ainda está por fazer. Para já aquilo que se está a ver é que os valores perdidos e o nivel de capitalização do BES foi completamente dizimado", frisou Ricardo Salgado. "A acrescer a isso, se o Novo Banco for vendido por um valor inferior". "E a repercussão que isso tem no segmento das empresas, pela paralisação do crédito do BES que irá certamente provocar uma crise maior ao nível do emprego" defendei o antigo presidente do BES.

14:23

"O que aconteceu ao BESA foi uma lástima. O que aconteceu ao BESA deve-se à resolução do BES e à passagem do BESA para o banco mau. Acabaram por caracterizar a garantia do Governo de Angola como uma garantia tóxica", defendeu Ricardo Salgado.

14:16

Questionado sobre a razão de terem reunido com Carlos Moedas se o tema era com a ministra das Finanças, "o dr Carlos Moedas é um financeiro muito inteligente e conhecedor". Mas reconheceu que "o elemento fundamental disto tudo era o sr primeiro-ministro e a sra ministra das Finanças". Salgado terá também falado com o presidente da Comissão Europeia, Durão Barroso, e o governador do Banco de Portugal: "eu acho que eles ouviram, compreenderam e disseram que era preciso falar com o Governo".

14:09

Sobre as reuniões com várias figuras do executivo de Passos Coelho, garantiu que "não tinha nenhuma finalidade de obter vantagens estranhas, promíscuas com o Governo". "O que foi feito foi comunicar ao governo a eventualidade do risco sistémico e a possibilidade de obter o tal apoio para refinanciar a área não financeira". "E não foi com o objectivo de nos desresponsabilizarmos", disse também.

"Infelizmente o sr primeiro-ministro recusou", concluiu.

14:05

"Não houve que eu saiba remuneração paga ao dr José Honório. O dr. José Honório fez questão de não receber nada. Ele tinha uma boa relação com o GES. Foi com a ajuda (dele) que se fez um memo e como fomos ao Governo" disse Salgado quando questionado por Mariana Mortágua. O antigo presidente do BES diz ter reunido, com Honório e José Manuel Espírito Santo, primeiro com Carlos Moedas, depois com a ministra das Finanças e depois com Passos Coelho. A deputada questionou sobre o apoio dado por Honório à reestruturação do GES. Este gestor acabaria por suceder a Salgado, fazendo parte da equipa de Vítor Bento.

13:46

"Estávamos numa fase em que era preciso reforçar os capitais na Rioforte e portanto a divida emitida na ESI era instrumental para que o grupo continuasse a funcionar", afirmou Salgado. "Em 2013 é quando nasce aquela situação horrível de que havia 1,2 mil milhões que não tinha sido registados no passivo".

13:40

"O BdP nunca teve na disposição de receber potenciais interessados" em fazer um aumento de capital no banco no Verão de 2014. "Deixaram para o final do mês. E no final dá 48 horas para resolver o aumento de capital", recorda Salgado.

O banqueiro disse que "só se fosse um milagre" se faria o aumento de capital, tendo-se seguido a medida de resolução. "O que parece é que isto estava tudo mais ou menos orientado para o mesmo", ironizou.

13:31

Salgado fez questão de voltar ao tema das alegadas preocupações do BdP quando à sua idoneidade. "Se o sr governador quisesse que eu saísse era muito fácil", reforçou.

O antigo presidente do BES disse ter transmitido ao supervisor a sua vontade de que as mudanças na governance do banco fosse suave. "É essencial que o mercado não percepcione qualquer instabilidade. Não posso transmitir qualquer sinal de fraqueza", disse então, sem que houvesse qualquer recuo. E que foi dado o "compromisso de logo a seguir ao 'closing' do aumento de capital", convocar uma Assembleia Geral. "Nunca por nunca pus nenhum obstáculo à mudança da governance no BES", disse.

13:17

"Havia consciência de que o grupo estava bastante endividado. Agora não havia consciência dessa situação", a propósito da situação de irregularidades detectada na ESI no final de 2013.

12:56

Salgado recebe a resposta de que é preciso validar antes a idoneidade de Amílcar Morais Pires. O antigo presidente do BES diz ter ficado surpreendido porque, tempos antes, anteriormente ao aumento de capital de Junho, quando disse preferir Morais Pires, Carlos Costa terá pedido "dois dias para pensar" e respondido depois que "será quem o senhor presidente entender".

12:52

Feito o aumento de capital, e face à incerteza quanto à sucessão de Salgado, este alerta, por carta, o governador para a urgência de subida de Morais Pires, face a perguntas dos bancos e outros investidores institucionais que tinham investido na operação. O próprio João Moreira Rato, então presidente do IGCP, terá manifestação preocupação com impacto no mercado, disse Salgado. Este último tinha saído em meados de Junho, surgindo Morais Pires como sucessor apontado. Dia 3 de Julho é noticiado o 'chumbo' do Banco de Portugal e a nomeação de Vítor Bento.

12:49

"Algures antes do aumento de capital" Carlos Costa perguntou quem achava Salgado que lhe deveria suceder, explicou hoje Ricardo Salgado. "Havia dois nomes possíveis : o Dr. Amílcar Morais Pires e Dr. Joaquim Goes". "O Dr Goes gozava de alguma preferência da supervisão. Fiquei surpreendido de ter sido suspenso algum tempo depois", acrescentou. Salgado terá dito ao governador do Banco de Portugal que Morais Pires teria perfil mais adequado, até pela proximidade do aumento de capital de mais de mil milhões que se viria depois a realizar.

12:43

"Não pretendia de forma alguma agarrar ao lugar", disse Salgado, recordando que completaria 70 anos em Julho, tendo consciência que sabia que teria de sair.

12:39

"Eu sempre acolhi as decisões do sr governador. Nunca por nunca tive alguma reacção negativa", disse Salgado. E voltou a frisar que "se o sr governador alguma vez me dissesse que tinha de sair, eu saía na hora". Mas referiu que só a 19 de Julho veio a indicação de que todos os elementos da família teriam de sair da gestão do banco.

12:20

"O Lehman foi um erro. Mas o Lehhman faliu", recordou.

Já "o BES não faliu; o BES foi forçado a desaparecer", defendeu Salgado.

12:14

"Teríamos que vender na medida do possível participações na área não financeira. Teria sido resolvido se nos dessem mais tempo", afirmou. E comentou o pedido feito de ajuda ao Governo para o GES. "Quando fomos ao Estado pedir um financiamento intercalar. Era para ser reembolsado ao fim de cinco anos. Não era para ser uma participação de capital", explicou.

12:09

"Ouvi surpreendido as declarações do governador que disse que tinha tido um braço de ferro comigo. Nunca o sr governador me disse que me queria retirar a idoneidade", disse categoricamente. E reforçou: "bastaria um sinal para eu pedir imediatamente a demissão do banco".

12:01

"Nós não incumprimos com o Banco de Portugal. Nós estávamos a defender a credibilidade a confiança do banco. E do grupo. Procurando defender fundamentalmente os clientes", assegurou o antigo presidente do BES. "Agora com sete meses para resolver um problema desta magnitude era completamente impensável", voltou a referir. "Três vezes por escrito foi avisado ao Banco de Portugal o risco sistémico. A última, de 31 de Março, estão lá previstas todas as circunstâncias que podiam acontecer", disse, incluindo que era possível que a garantia soberana ao BESA podia cair se o banco angolano fosse separado do BES. Aquele banco acabou por ficar no BES quando da resolução deste e criação do Novo Banco.

11:53

"A sentença de morte veio quando não foi possível fazer o aumento de capital da Rioforte", disse Salgado. E garantiu que havia vários investidores dispostos a apoiar esse reforço, incluindo "um investidor institucional investir pelo menos 700 milhões"."Não foi possível por causa do colapso" do grupo.

11:49

Salgado refutou responsabilidades ou informações em concessões de crédito, lembrando que estas eram responsabilidade da comissão executiva, liderada por Álvaro Sobrinho. "O dr Álvaro Sobrinho nomeou a certa altura a cunhada como responsável do crédito", fez questão de referir.

11:40

Ricardo Salgado recordou que "há um sistema em Angola de sigilo bancário duríssimo". Mas não adiantou muitos detalhes sobre a situação e o que se passou no BESA. E lembrou a passagem pelo Parlamento o responsável pela KPMG em Portugal, que lidera também a auditora em Angola. "Não sou eu que posso a estar a dar mais elementos do que ele [Sikander Sattar] poderia dar". "O próprio Banco de Portugal enviou inspecções a Angola que se debateram com as mesmas dificuldades", acrescentou. Salgado recordou que essas dificuldades limitavam o acesso a informações sobre "concessões de crédito, contas, clientes".

11:27

Em resposta a Carlos Abreu Amorim (PSD), Ricardo Salgado reitera que não era responsável pelos negócios não-fnanceiros do Grupo Espírito Santo (GES). "Reafirmo que o Grupo Espírito Santo era composto por cinco grupos paritários", defendeu.

"Eu não era o responsável pelo Grupo Espírito Santo como um todo. A minha responsabilidade era apenas pela área financeira, no Espírito Santo Financial Group e no BES", salientou.

E acrescentou: "Não posso aceitar que, tendo dedicado a minha vida ao banco e exclusivamente ao banco, seja responsabilizado pelo que aconteceu na área não-financeira. A ESI tinha um presidente, a Rioforte também".

11:22

"Quem violar o segredo bancário pode ser preso. É considerado crime em Angola", lembrou Salgado. Numa vinda dos sócios angolanos do BES no BESA foi reportada uma "situação mais grave", em finais de 2011, início de 2012. "O dr Álvaro Sobrinho tinha sido chamado ao Banco Nacional de Angola e a reunião com ele tinha corrido muito mal. Os nossos sócios angolanos sugeriam a substituição de sobrinho", adiantou. Numa primeira fase este sairia da comissão executiva.

11:18

Questionado por Carlos Abreu Amorim (PSD), Ricardo Salgado considera "extremamente lamentável" o facto de o Banco de Portugal não ter aceite a garantia soberana de Angola como válida e elegível para fundos próprios do BES. Critica ainda o facto de a resolução do BES ter deixado a participação do BES no BESA no "banco mau": "Ao deixar as acções do banco de Angola no banco mau, significou considerar a garantia soberana como activo tóxico".

"Há três bancos portugueses com participações angolanas, o BCP, o BPI e o BIC, e classificar a garantia de Angola como produto tóxico é, no mínimo, uma enorme ofensa diplomática", disse. Explicou que os accionistas angolanos tinham tido um "papel preponderante na obtenção dessa garantia."

11:15

Para Salgado tudo corria bem no BES Angola até dado momento. "A partir de certa altura começámos a ter informações em Portugal estranhas. Os clientes queixavam-se de que o Dr. Álvaro Sobrinho não tinha tempo para os receber". "Chegámos a uma altura em que o BNA estabelece uma ordenação em que os bancos têm de ter total independência informática do exterior. Tivemos de cortar a relação informática e deixámos de ter acesso", explicou.

11:00

Ricardo Salgado recordou que "as auditorias do Banco de Portugal eram recorrentes", os testes de stress também, assim como as "as auditorias da troika recorrentes".

10:55

"Ninguém se apropriou de um tostão, nem na família, nem nos quadros directivos. Sempre a todo o momento que era necessário reforçar capitais, fizemos dez aumentos de capital", disse Salgado. E reforçou: "não houve fugas de dinheiro do banco para quem quer que fosse", esperando que a auditoria forense em curso o possa comprovar. Voltou a recordar que o 'ringfencing' era inexequível, pelo menos em sete meses.

10:40

"Nunca dei instruções a ninguém para ocultar passivos do grupo. Nem eu tinha como missão estar a acompanhar as contas do grupo", referiu. E esclareceu:"o dr machado da cruz não era apenas o contabilista", ou 'comissaire aux comptes' como lhe chamou o próprio Salgado numa entrevista concedida no início do Verão. "Tinha residência nos EUA onde geria a parte imobiliária na América. O dr machado da cruz que prestou bons serviços ao fim de ano foi de facto uma surpresa". "Mas não deixámos de ir imediatamente ao BdP", acrescentou.

10:35

Termina intervenção inicial de Ricardo Salgado e começam as perguntas dos deputados, arrancando com as questões do PSD.

10:32

"Tendo certamente acertado e falhado muito na minha vida sempre em consciência me tenho considerado idóneo", disse

"Sempre tive a humildade de reconhecer que cabia a outros na supervisão o permanente julgamento da minha idoneidade", referiu em jeito de conclusão. "Perdoarão pois que ouse continuar a pensar que servi com idoneidade", acrescentou, dirigindo-se aos deputados.

10:30

"Sem que muitos perderam tudo". "Procurei explicar o que todos tentaram fazer para evitar o desenlace fatal", na intervenção inicial. "Sei como o tempo muito longo, o ambiente especulativo e a sucessiva alteração de nomes dificultaram uma tarefa já de si muito complexa". "Não apontei o dedo a ninguém", sublinhou.

10:26

"O nome pode ser apagado da fachada de um banco mas não pode ser apagado da história de uma família", disse e lembrou que "mesmo os revolucionários de Abril não sentiram necessidade de mudar o nome mesmo coma mudança de regime".

10:24

"Tentei ser factual e objectivo, apesar de saber que mais de um ano de diária apresentação pública de responsável, e responsável todo poderoso, já fez caminho no espírito de muitos portugueses", disse, com "juízos apressados e injustos".

10:12

"A ideia teórica de que o destino do GES, ainda que negativo, não contaminaria o BES, começava a revelar-se uma mera ilusão nos menos conhecedores da realidade dos factos", defendeu Salgado. "Foram dados sete meses" para o GES reembolsar a sua dívida, "enquanto Portugal dispôs de 31 anos para pagar os empréstimos da troika". Salgado garantiu não ter o objectivo de "equiparar BES ao nosso País", mas apenas chamar a atenção para o "carácter extremo" das instrução do Banco de Portugal.

10:05

A 31 de Março, Salgado alertava em carta para os riscos de mexidas na liderança antes do aumento de capital. Mas o antigo presidente do BES cita a missiva onde terá dito: "quero dizer claramente a vossa excelência que estou disponível para encontrar uma alteração construtiva". "Não serei eu que por qualquer motivação pessoal" que travará qualquer mudança para estrutura de governance mais profissional.

09:56

Salgado contesta a ideia existente no arranque do ano de que "a resolução de todos os problemas passaria pela discussão da liderança do banco". "O BdP de forma vaga e imprecisa iniciava um processo de persuasão moral. Esta persuasão moral iniciou-se mais pelas noticias na imprensa do que por acção do BdP", afirmou. "Era minha intenção preparar a nova liderança" e mudança de 'governance'. E sublinhou que "o sr governador desejava que fosse eu próprio a liderar essa substituição".

09:45

"Equipas do GES e do BES disponibilizaram toda a informação à PwC", lembrou Salgado, recordando o "passivo não registado na ESI" depois encontrado. "Ao tomar conhecimento deste problema, eu próprio e todos os órgãos do grupo encáramos as dificuldades da sua superação". Recordou as reuniões do conselho superior com o Banco de Portugal (BdP), em que aquele apresentou propostas. No mesmo dia, o supervisor determina o reembolso até final do ano do papel comercial. "Logo em 5 de Dezembro foi enviado um documento de trabalho preliminar no qual manifestámos a inexequibilidade", referiu e reforçada a "impossibilidade temporal de realizar".

09:35

"Sempre quisemos manter o controlo do banco em mãos portuguesas", assumiu Salgado, garantindo que tal não aconteceu por "temer intervenções do Estado". E não deixou de lembrar que "estava sujeito à supervisão do auditor externo e Banco de Portugal". O não recurso ao Estado ocorreu porque assim não era preciso e "não era fruto de um temor, de uma fuga ou de um plano secreto".

09:28

A marca BES, que nunca fora questionada, valia 640 milhões de euros ainda em Junho deste ano", disse Salgado.

09:25

"A crise do GES não se pode dissociar da crise sem precedentes que afectou a economia mundial", frisou o banqueiro, elecando depois os principais acontecimentos do mundo económico dos últimos anos.

09:20

"Durante meses a fio a minha família fomos julgados na praça pública. Tudo histórias totalmente falsas", lamentou Salgado. Ainda assim, admitiu que "certamente poderei ter tomado decisões que não foram as mais adequadas".

09:17

"O leopardo quando morre deixa a sua pele e um homem quando morre deixa a sua reputação", disse o antigo presidente do BES, citando um Velho provérbio chinês.

09:13

Salgado fará uma intervenção inicial longa, "de mais de uma hora", diz Fernando Negrão, presidente da comissão de inquérito.

09:09

Ricardo Salgado acaba de entrar.

08:54

A audição está prestes a começar. É a audição com mais jornalistas, entre jornais, televisão, rádio e online mais concorrida de sempre, desde que esta comissão de inquérito à gestão do BES e do GES arrancou.

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