Moreira Rato: “Não havia razão para suspender acções do BES”

04-02-2015
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Moreira Rato: “Não havia razão para suspender acções do BES”

Filipe Alves

filipe.alves@economico.pt

17:12

Antigo CFO afirma que a administração, liderada por Vítor Bento, considerou não existirem razões para suspender as acções do banco, nos três dias anteriores à resolução, apesar do prejuízo recorde de 3,6 mil milhões de euros.

O antigo administrador-financeiro do BES, João Moreira Rato, afirmou hoje que a administração do banco não pediu à CMVM a suspensão das acções do banco, após o anúncio dos prejuízos catastróficos no primeiro semestre de 2014, de modo a impedir a queda abrupta das acções.

"Não havia razão para tal. Os resultados tinham sido publicados no dia 30 de Julho", disse João Moreira Rato na Comissão Parlamentar de Inquérito ao caso BES, em resposta a uma questão do deputado comunista Miguel Tiago. "Partilha então da opinião do presidente da CMVM quando diz que se um poço tiver água envenenada, podemos deixá-lo estar desde que tenha um aviso a dizer que a água tem veneno", ironizou Miguel Tiago.

Os prejuízos de 3,6 mil milhões de euros foram anunciados na noite de 30 de Julho. Nos dois dias seguintes, 31 de Julho e 1 de Agosto, as acções do BES caíram mais de 60%, até que foram suspensas na sexta-feira à tarde. A resolução do BES foi anunciada no domingo seguinte, dia 3 de Agosto, com a divisão em banco "bom" (Novo Banco) e "mau", tendo os accionistas perdido os seus investimentos. Quando foi ouvido na Comissão Parlamentar de Inquérito, o presidente da CMVM afirmou que não suspendeu as acções porque não tinha sido informado pelo BES ou pelo Banco de Portugal que existia o risco de uma intervenção do Estado no banco.

João Moreira Rato afirmou que só teve conhecimento que seria aplicada a medida de resolução na "sexta-feira à noite, dia 1 de Agosto", numa reunião que teve lugar no Banco de Portugal.

"Pessoalmente, não conhecia essa medida [de resolução]", disse João Moreira Rato, que era o administrador-financeiro (CFO) do Banco Espírito Santo (BES), na altura da resolução.

"Como já expliquei ao senhor deputado, fomos no dia 1, à noite, ao Banco de Portugal. Antes disso, não tínhamos consciência que essa possibilidade existia", afirmou.

João Moreira Rato foi convidado para CFO do Banco Espírito Santo no início de Julho de 2014, tendo desempenhado funções até ao dia 13 de Setembro.

Moreira Rato não responde a questões sobre Eurofin

O ex-CFO recusou responder a questões sobre a Eurofin, uma das sociedades usadas para um esquema de financiamento do GES, através da venda de obrigações do BES com promessa de recompra, que causou perdas de 1,5 mil milhões de euros ao banco, agravando os prejuízos no primeiro semestre de 2014. Este esquema foi posto em prática antes do início de funções pela equipa de Vítor Bento.

"Não há nenhuma razão para o senhor não responder a esta questão. Não vinha mal ao mundo se respondesse", disse a deputada Mariana Mortágua, perante a recusa de Moreira Rato.

Moreira Rato: “Não havia razão para suspender acções do BES”

Filipe Alves

filipe.alves@economico.pt

17:12

Antigo CFO afirma que a administração, liderada por Vítor Bento, considerou não existirem razões para suspender as acções do banco, nos três dias anteriores à resolução, apesar do prejuízo recorde de 3,6 mil milhões de euros.

O antigo administrador-financeiro do BES, João Moreira Rato, afirmou hoje que a administração do banco não pediu à CMVM a suspensão das acções do banco, após o anúncio dos prejuízos catastróficos no primeiro semestre de 2014, de modo a impedir a queda abrupta das acções.

"Não havia razão para tal. Os resultados tinham sido publicados no dia 30 de Julho", disse João Moreira Rato na Comissão Parlamentar de Inquérito ao caso BES, em resposta a uma questão do deputado comunista Miguel Tiago. "Partilha então da opinião do presidente da CMVM quando diz que se um poço tiver água envenenada, podemos deixá-lo estar desde que tenha um aviso a dizer que a água tem veneno", ironizou Miguel Tiago.

Os prejuízos de 3,6 mil milhões de euros foram anunciados na noite de 30 de Julho. Nos dois dias seguintes, 31 de Julho e 1 de Agosto, as acções do BES caíram mais de 60%, até que foram suspensas na sexta-feira à tarde. A resolução do BES foi anunciada no domingo seguinte, dia 3 de Agosto, com a divisão em banco "bom" (Novo Banco) e "mau", tendo os accionistas perdido os seus investimentos. Quando foi ouvido na Comissão Parlamentar de Inquérito, o presidente da CMVM afirmou que não suspendeu as acções porque não tinha sido informado pelo BES ou pelo Banco de Portugal que existia o risco de uma intervenção do Estado no banco.

João Moreira Rato afirmou que só teve conhecimento que seria aplicada a medida de resolução na "sexta-feira à noite, dia 1 de Agosto", numa reunião que teve lugar no Banco de Portugal.

"Pessoalmente, não conhecia essa medida [de resolução]", disse João Moreira Rato, que era o administrador-financeiro (CFO) do Banco Espírito Santo (BES), na altura da resolução.

"Como já expliquei ao senhor deputado, fomos no dia 1, à noite, ao Banco de Portugal. Antes disso, não tínhamos consciência que essa possibilidade existia", afirmou.

João Moreira Rato foi convidado para CFO do Banco Espírito Santo no início de Julho de 2014, tendo desempenhado funções até ao dia 13 de Setembro.

Moreira Rato não responde a questões sobre Eurofin

O ex-CFO recusou responder a questões sobre a Eurofin, uma das sociedades usadas para um esquema de financiamento do GES, através da venda de obrigações do BES com promessa de recompra, que causou perdas de 1,5 mil milhões de euros ao banco, agravando os prejuízos no primeiro semestre de 2014. Este esquema foi posto em prática antes do início de funções pela equipa de Vítor Bento.

"Não há nenhuma razão para o senhor não responder a esta questão. Não vinha mal ao mundo se respondesse", disse a deputada Mariana Mortágua, perante a recusa de Moreira Rato.

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