O presidente da PricewaterhouseCoopers (PwC) confirmou esta terça-feira no Parlamento que a Portugal Telecom deu instruções para retirar do relatório os juízos de valor sobre as responsabilidades individuais dos órgãos sociais da empresa no investimento realizado pela operadora na Rioforte.
José Alves explica que o entendimento inicial da PwC é que essa matéria estaria incluída na auditoria independente pedida pela empresa. Mas depois de uma “grande discussão” com o cliente, a PT, foram retiradas referências às responsabilidades individuais e coletivas dos órgãos sociais a nível jurídico. Esta indicação acabou de ser confirmada pela própria Comissão de Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), num comunicado em que insiste que operadora tem de dar mais informação sobre a venda da PT Portugal e as eventuais consequência do fim da fusão com a Oi. Nesta nota, a CMVM sublinha que não foram apuradas o conhecimento e responsabilidades da empresa brasileira na decisão relativa aos investimentos na Rioforte.
Segundo José Alves, apesar desta omissão, o relatório final da auditoria aos investimentos no Grupo Espírito Santo permite fazer a análise das responsabilidades jurídicas dos órgãos da PT. O presidente da PwC Portugal é ouvido esta terça-feira na comissão parlamentar de inquérito aos atos de gestão do Banco Espírito Santo (BES) e do Grupo Espírito Santo (GES). Segundo o documento divulgado em janeiro, as aplicações que trouxeram prejuízos de 900 milhões à PT teriam sido decididas com o conhecimento de Henrique Granadeiro, Luís Pacheco de Mello, presidente e administrador da empresa, e Zeinal Bava, presidente da Oi.
PwC afastou-se do BES devido a clima de tensão
O presidente da PwC esclareceu ainda que a empresa já tinha decidido abandonar o cliente Banco Espírito Santo (BES), antes de ser anunciada uma rescisão por mútuo acordo em 2002. Segundo o presidente da PwC Portugal, José Pereira Alves, essa decisão tinha sido tomada a nível superior devido às crescentes dificuldades em fazer provas de auditoria e pelo “desgaste e marcas” no relacionamento com a administração do banco.
José Alves só é presidente da PwC Portugal desde 2011 mas foi procurar informação sobre a relação entre a auditoria e o BES e Grupo Espírito Santo (GES). Entre as razões para o afastamento, refere ainda os problemas de governo do banco, com a concentração em Ricardo Salgado das funções de presidente, contabilidade e financeira. Muitos dos pedidos de informação feitos à estrutura eram encaminhados para o então presidente da comissão executiva. Em resposta ao deputado Miguel Tiago do PCP, José Alves não sabe se é verdade que Ricardo Salgado terá dado ordens para esconder as contas da Espírito Santo Internacional da auditora.
A rescisão acabou por ser anunciada por mútuo acordo, sem referir o “clima de tensão” no relacionamento entre a auditoria e a administração do banco. Este divórcio surge na sequência de um relatório de auditoria às contas de 2001 do Banco Espírito Santo (BES) em que a Price deteta, assinalando com ênfases, para a concessão de crédito a entidades não residentes que tinham como garantia ações do BES, Portugal Telecom e PT Multimedia. Esta situação originou a suspeita de que estas operações seriam investimentos do próprio banco, o que daria origem uma correção nas contas ou à emissão de reservas por parte do auditor.
A PwC teve reuniões em 2002 com o Banco de Portugal (fevereiro) e a Comissão de Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) [março] sobre o tema e avisou a sua sucessora, a KPMG, para estas situações, acrescentou José Pereira Alves. Explica que o supervisor bancário já sabia das operações, mas não tinha outras informações que sustentassem a tese de que eram investimentos do próprio banco e não créditos a terceiros.
Entre as dúvidas detetadas nas contas do grupo à data, a PwC assinala já a ausência de consolidação das contas da Espírito Santo Internacional (ESI), empresa não financeira do GES que já era grande cliente do banco. A PwC acabou por auditar a situação da ESI, no quadro do exame pedido pelo Banco de Portugal já em 2013 e onde foram detetados passivos ocultos.
Na intervenção inicial, José Alves, explicou ainda os pressupostos por trás da validação da avaliação da Tranquilidade feita pela PwC. A auditora reviu em baixa a avaliação inicial apresentada pelo Banco Espírito Santo Investimento (BESI), que era superior a 800 milhões de euros, para 700 milhões de euros, mas no pressuposto de que este poderia ser o resultado da venda da seguradora, mas apenas em 2016.
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O presidente da PricewaterhouseCoopers (PwC) confirmou esta terça-feira no Parlamento que a Portugal Telecom deu instruções para retirar do relatório os juízos de valor sobre as responsabilidades individuais dos órgãos sociais da empresa no investimento realizado pela operadora na Rioforte.
José Alves explica que o entendimento inicial da PwC é que essa matéria estaria incluída na auditoria independente pedida pela empresa. Mas depois de uma “grande discussão” com o cliente, a PT, foram retiradas referências às responsabilidades individuais e coletivas dos órgãos sociais a nível jurídico. Esta indicação acabou de ser confirmada pela própria Comissão de Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), num comunicado em que insiste que operadora tem de dar mais informação sobre a venda da PT Portugal e as eventuais consequência do fim da fusão com a Oi. Nesta nota, a CMVM sublinha que não foram apuradas o conhecimento e responsabilidades da empresa brasileira na decisão relativa aos investimentos na Rioforte.
Segundo José Alves, apesar desta omissão, o relatório final da auditoria aos investimentos no Grupo Espírito Santo permite fazer a análise das responsabilidades jurídicas dos órgãos da PT. O presidente da PwC Portugal é ouvido esta terça-feira na comissão parlamentar de inquérito aos atos de gestão do Banco Espírito Santo (BES) e do Grupo Espírito Santo (GES). Segundo o documento divulgado em janeiro, as aplicações que trouxeram prejuízos de 900 milhões à PT teriam sido decididas com o conhecimento de Henrique Granadeiro, Luís Pacheco de Mello, presidente e administrador da empresa, e Zeinal Bava, presidente da Oi.
PwC afastou-se do BES devido a clima de tensão
O presidente da PwC esclareceu ainda que a empresa já tinha decidido abandonar o cliente Banco Espírito Santo (BES), antes de ser anunciada uma rescisão por mútuo acordo em 2002. Segundo o presidente da PwC Portugal, José Pereira Alves, essa decisão tinha sido tomada a nível superior devido às crescentes dificuldades em fazer provas de auditoria e pelo “desgaste e marcas” no relacionamento com a administração do banco.
José Alves só é presidente da PwC Portugal desde 2011 mas foi procurar informação sobre a relação entre a auditoria e o BES e Grupo Espírito Santo (GES). Entre as razões para o afastamento, refere ainda os problemas de governo do banco, com a concentração em Ricardo Salgado das funções de presidente, contabilidade e financeira. Muitos dos pedidos de informação feitos à estrutura eram encaminhados para o então presidente da comissão executiva. Em resposta ao deputado Miguel Tiago do PCP, José Alves não sabe se é verdade que Ricardo Salgado terá dado ordens para esconder as contas da Espírito Santo Internacional da auditora.
A rescisão acabou por ser anunciada por mútuo acordo, sem referir o “clima de tensão” no relacionamento entre a auditoria e a administração do banco. Este divórcio surge na sequência de um relatório de auditoria às contas de 2001 do Banco Espírito Santo (BES) em que a Price deteta, assinalando com ênfases, para a concessão de crédito a entidades não residentes que tinham como garantia ações do BES, Portugal Telecom e PT Multimedia. Esta situação originou a suspeita de que estas operações seriam investimentos do próprio banco, o que daria origem uma correção nas contas ou à emissão de reservas por parte do auditor.
A PwC teve reuniões em 2002 com o Banco de Portugal (fevereiro) e a Comissão de Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) [março] sobre o tema e avisou a sua sucessora, a KPMG, para estas situações, acrescentou José Pereira Alves. Explica que o supervisor bancário já sabia das operações, mas não tinha outras informações que sustentassem a tese de que eram investimentos do próprio banco e não créditos a terceiros.
Entre as dúvidas detetadas nas contas do grupo à data, a PwC assinala já a ausência de consolidação das contas da Espírito Santo Internacional (ESI), empresa não financeira do GES que já era grande cliente do banco. A PwC acabou por auditar a situação da ESI, no quadro do exame pedido pelo Banco de Portugal já em 2013 e onde foram detetados passivos ocultos.
Na intervenção inicial, José Alves, explicou ainda os pressupostos por trás da validação da avaliação da Tranquilidade feita pela PwC. A auditora reviu em baixa a avaliação inicial apresentada pelo Banco Espírito Santo Investimento (BESI), que era superior a 800 milhões de euros, para 700 milhões de euros, mas no pressuposto de que este poderia ser o resultado da venda da seguradora, mas apenas em 2016.