Hoje de manhã, na paragem do 28 da Rua da Prata, os turistas amontoavam-se à espera do eléctrico. Quando este finalmente parou, logo se aproximaram dois polícias da porta e gritaram qualquer coisa lá para dentro. O 28, como se sabe, é o eléctrico predilecto de carteiristas à procura do recheio das malas dos turistas.Desta vez era um casal que lá saiu depois do grito do matulão vestido de azul. Mal o homem pôs o pé fora do eléctrico levou com um estalo de um do polícias que depois agarrou a mulher para esta sair. Depois, encostaram o casal à parede e o tal matulão deu um estalo na mulher, tão forte que esta quase caiu. Aí já eu estava quase aos berros a dizer que ele não podia bater em ninguém, ao que o polícia me responde "queria ver se fosse a sua carteira".Nisto já estava toda a gente fora do café e pendurada nas janelas do eléctrico a insultar-me e a dizer que eu ainda defendia os ladrões, que devia ser comigo, que eu é que não sabia o que era o 28 e que o polícia ainda lhes devia ter batido mais.Percebi que toda aquela gente tinha vontade de fazer justiça à moda antiga, esbofetear, bater, quem sabe até cortar as mãos àquele casal. Percebi também que a polícia, em vez de fazer o que lhe compete (verificar se eles tinham de facto roubado alguma coisa e detê-los se fosse verdade) deu azo à raiva estúpida e cega, igual à daqueles todos que me insultaram.Quando a polícia acha que tem legitimidade para agredir indiscriminadamente apenas porque tem autoridade, algo vai muito mal. E são estes pequenos precedentes que abrem caminho à brutalidade a que assistimos em Barcelona e em Atenas, aos Alexis e Kukus por esse mundo fora.Quem os (nos) protege da polícia?
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Hoje de manhã, na paragem do 28 da Rua da Prata, os turistas amontoavam-se à espera do eléctrico. Quando este finalmente parou, logo se aproximaram dois polícias da porta e gritaram qualquer coisa lá para dentro. O 28, como se sabe, é o eléctrico predilecto de carteiristas à procura do recheio das malas dos turistas.Desta vez era um casal que lá saiu depois do grito do matulão vestido de azul. Mal o homem pôs o pé fora do eléctrico levou com um estalo de um do polícias que depois agarrou a mulher para esta sair. Depois, encostaram o casal à parede e o tal matulão deu um estalo na mulher, tão forte que esta quase caiu. Aí já eu estava quase aos berros a dizer que ele não podia bater em ninguém, ao que o polícia me responde "queria ver se fosse a sua carteira".Nisto já estava toda a gente fora do café e pendurada nas janelas do eléctrico a insultar-me e a dizer que eu ainda defendia os ladrões, que devia ser comigo, que eu é que não sabia o que era o 28 e que o polícia ainda lhes devia ter batido mais.Percebi que toda aquela gente tinha vontade de fazer justiça à moda antiga, esbofetear, bater, quem sabe até cortar as mãos àquele casal. Percebi também que a polícia, em vez de fazer o que lhe compete (verificar se eles tinham de facto roubado alguma coisa e detê-los se fosse verdade) deu azo à raiva estúpida e cega, igual à daqueles todos que me insultaram.Quando a polícia acha que tem legitimidade para agredir indiscriminadamente apenas porque tem autoridade, algo vai muito mal. E são estes pequenos precedentes que abrem caminho à brutalidade a que assistimos em Barcelona e em Atenas, aos Alexis e Kukus por esse mundo fora.Quem os (nos) protege da polícia?