Les Canards libertaîres: Anti-bolonhas em Espanha

03-07-2011
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Dos tempos que passei em Madrid apercebi-me de algumas diferenças interessantes entre Portugal e Espanha (Estado Espanhol). São muitas pequenas coisas que, juntas, explicam o mundo que nos separa. Uma delas é muito falada, e pude apenas comprová-la: Portugal é o bom aluno da União Europeia. Faz o TPC com cuidadinho e de vez em quando, pelo sim pelo não e não vá o diabo tece-las, até faz mais exercícios do que os que o professor ditou. Foi assim com o Pacto de Estabilidade, com a lei do tabaco ou com o processo de Bolonha. E os portugueses aplaudem, porque pelo sim pelo não e não vá o diabo tece-las, mais vale ser o menino bonito da Europa.Sobre isto costumo dar um exemplo bastante ilustrativo, é que em Portugal "Fumar mata", mas em Espanha "fumar puede matar". ... Bolonha não foi excepção. Quando as universidades portuguesas já andavam em roda viva a impor à força o espaço europeu de educação, em Madrid nenhuma faculdade havia iniciado ainda o malfadado processo. Não havia pressa, mas os estudantes já protestavam. Alguns colegas diziam-me na altura que o problema de Espanha sempre tinha sido a transição pacifica. Faltava uma revolução no passado recente, alguma referência forte, de esquerda, que alentasse o espírito reivindicativo do povo. Tenho muitas duvidas. A verdade é que em Portugal o Processo de Bolonha chegou, foi aprovado e fez estragos, tudo sem despertar o mínimo interesse na maioria dos estudantes e sem levantar sequer rumores de contestação geral. Em muitas universidades espanholas, mesmo antes de se saber quando ou como seria implementado, já os estudantes se organizavam em manifs e plenários, com palavras de ordem e acções radicais.Em Barcelona um grupo de estudantes mantinha desde Novembro algumas zonas da universidade ocupadas. Por várias vezes invadiram e ocuparam a reitoria em protesto contra a implementação de Bolonha. Esta madrugada sofreram uma violenta carga policial que mandou muitos estudantes para o hospital, um deles em Estado grave. À justa exigência de diálogo, a policia espanhola respondeu com repressão e cacetete. Nem assim eles desistem. Aqui fica a minha solidariedade para com aqueles que foram durante alguns meses os meus companheiros de luta.


Dos tempos que passei em Madrid apercebi-me de algumas diferenças interessantes entre Portugal e Espanha (Estado Espanhol). São muitas pequenas coisas que, juntas, explicam o mundo que nos separa. Uma delas é muito falada, e pude apenas comprová-la: Portugal é o bom aluno da União Europeia. Faz o TPC com cuidadinho e de vez em quando, pelo sim pelo não e não vá o diabo tece-las, até faz mais exercícios do que os que o professor ditou. Foi assim com o Pacto de Estabilidade, com a lei do tabaco ou com o processo de Bolonha. E os portugueses aplaudem, porque pelo sim pelo não e não vá o diabo tece-las, mais vale ser o menino bonito da Europa.Sobre isto costumo dar um exemplo bastante ilustrativo, é que em Portugal "Fumar mata", mas em Espanha "fumar puede matar". ... Bolonha não foi excepção. Quando as universidades portuguesas já andavam em roda viva a impor à força o espaço europeu de educação, em Madrid nenhuma faculdade havia iniciado ainda o malfadado processo. Não havia pressa, mas os estudantes já protestavam. Alguns colegas diziam-me na altura que o problema de Espanha sempre tinha sido a transição pacifica. Faltava uma revolução no passado recente, alguma referência forte, de esquerda, que alentasse o espírito reivindicativo do povo. Tenho muitas duvidas. A verdade é que em Portugal o Processo de Bolonha chegou, foi aprovado e fez estragos, tudo sem despertar o mínimo interesse na maioria dos estudantes e sem levantar sequer rumores de contestação geral. Em muitas universidades espanholas, mesmo antes de se saber quando ou como seria implementado, já os estudantes se organizavam em manifs e plenários, com palavras de ordem e acções radicais.Em Barcelona um grupo de estudantes mantinha desde Novembro algumas zonas da universidade ocupadas. Por várias vezes invadiram e ocuparam a reitoria em protesto contra a implementação de Bolonha. Esta madrugada sofreram uma violenta carga policial que mandou muitos estudantes para o hospital, um deles em Estado grave. À justa exigência de diálogo, a policia espanhola respondeu com repressão e cacetete. Nem assim eles desistem. Aqui fica a minha solidariedade para com aqueles que foram durante alguns meses os meus companheiros de luta.

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