Ontem, logo à entrada de uma FNAC deparei-me com todo um expositor com livros em tons de verde e azul.«O livro verde», «O clima está nas nossas mãos», «O mundo sem nós», «Como arrefecer o planeta», «Como reduzir a sua pegada de carbono», a lista poderia continuar.Fiquei com a ideia, depois de folhear alguns, que é qualquer coisa entre uma análise à Al Gore das alterações climáticas (com sorte) e uma espécie de livro de auto-ajuda para nos tornarmos pessoas "mais verdes".O verde está na moda.O discurso instituído é essencialmente sobre aquilo que cada pessoa deve fazer para diminuir a sua pegada ecológica (tão na moda também): reciclar, desligar electrodomésticos no botão, andar a pé ou de bicicleta (faz bem à sua saúde também!), rejeitar os sacos de plástico, comer menos carne, andar de comboio ...É importante que tenhamos práticas sustentáveis no dia-a-dia. Mas uma grande parte destas medidas depende de opções políticas e económicas e há uma série de outras questões que não é possível resolver a nível individual, por exemplo a produção de energia.O problema ambiental é o problema da acumulação infinita num planeta finito. É, portanto, um problema do sistema em que vivemos. As soluções passam pela redução do consumo e do desperdício e pela redistribuição equitativa dos recursos.O verde está na moda e o capitalismo verde está aí para tentar ditar as cores da estação. No entanto, o mercado de emissões europeu (essa ideia brilhante de especular à custa da atmosfera) está a revelar todas as fragilidades apontadas desde o início pelos ambientalistas, tornando a poluição extremamente barata em tempos de crise e a entrar em colapso.Desconfio que o guarda-roupa terá de ser renovado em breve.
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Ontem, logo à entrada de uma FNAC deparei-me com todo um expositor com livros em tons de verde e azul.«O livro verde», «O clima está nas nossas mãos», «O mundo sem nós», «Como arrefecer o planeta», «Como reduzir a sua pegada de carbono», a lista poderia continuar.Fiquei com a ideia, depois de folhear alguns, que é qualquer coisa entre uma análise à Al Gore das alterações climáticas (com sorte) e uma espécie de livro de auto-ajuda para nos tornarmos pessoas "mais verdes".O verde está na moda.O discurso instituído é essencialmente sobre aquilo que cada pessoa deve fazer para diminuir a sua pegada ecológica (tão na moda também): reciclar, desligar electrodomésticos no botão, andar a pé ou de bicicleta (faz bem à sua saúde também!), rejeitar os sacos de plástico, comer menos carne, andar de comboio ...É importante que tenhamos práticas sustentáveis no dia-a-dia. Mas uma grande parte destas medidas depende de opções políticas e económicas e há uma série de outras questões que não é possível resolver a nível individual, por exemplo a produção de energia.O problema ambiental é o problema da acumulação infinita num planeta finito. É, portanto, um problema do sistema em que vivemos. As soluções passam pela redução do consumo e do desperdício e pela redistribuição equitativa dos recursos.O verde está na moda e o capitalismo verde está aí para tentar ditar as cores da estação. No entanto, o mercado de emissões europeu (essa ideia brilhante de especular à custa da atmosfera) está a revelar todas as fragilidades apontadas desde o início pelos ambientalistas, tornando a poluição extremamente barata em tempos de crise e a entrar em colapso.Desconfio que o guarda-roupa terá de ser renovado em breve.