"Sinto-me como aquele personagem de Kafka a quem ninguém consegue dizer porque é que está em tribunal"Uma desabafo de José Sócrates, sincero quero imaginar, a seguir à Grande Entrevista de hoje no primeiro canal. Judite de Sousa e José Alberto de Carvalho falharam. A primeira parte da entrevista não foi mais do que uma sessão de campanha, com dezenas de novas medidas atiradas aos entrevistadores com o único objectivo de não permitir um contraditório minimamente eficaz. É intolerável o tom intimidatório com que o primeiro ministro enfrenta os jornalistas, numa táctica retórica simples, pondo em permanentemente em causa o direito do entrevistador em questioná-lo. No final da entrevista, confrontado com o caso Freeport e o processo de difamação que interpôs contra alguns jornalistas, José Sócrates exalta-se, dramatiza, expõe-se pessoalmente ao espectador, apelando à necessidade da defesa de honra para justificar as suas acções. Tudo isto é politicamente desonesto. O primeiro-ministro não sabe manter uma relação saudável com a comunicação social. Atacou novamente a TVI, a que contrapôs o Diário de Notícias como um jornal esse sim, capaz de bom jornalismo. Temos um primeiro-ministro que se acha provedor e declara publicamente as suas preferências por este ou aquele jornal. Por força do peso hierárquico da figura do primeiro-ministro estas afirmações de José Sócrates têm consequências directas na qualidade da nossa democracia.O processo Kafkiano de José Sócrates é a cabala que ele próprio alimenta.
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"Sinto-me como aquele personagem de Kafka a quem ninguém consegue dizer porque é que está em tribunal"Uma desabafo de José Sócrates, sincero quero imaginar, a seguir à Grande Entrevista de hoje no primeiro canal. Judite de Sousa e José Alberto de Carvalho falharam. A primeira parte da entrevista não foi mais do que uma sessão de campanha, com dezenas de novas medidas atiradas aos entrevistadores com o único objectivo de não permitir um contraditório minimamente eficaz. É intolerável o tom intimidatório com que o primeiro ministro enfrenta os jornalistas, numa táctica retórica simples, pondo em permanentemente em causa o direito do entrevistador em questioná-lo. No final da entrevista, confrontado com o caso Freeport e o processo de difamação que interpôs contra alguns jornalistas, José Sócrates exalta-se, dramatiza, expõe-se pessoalmente ao espectador, apelando à necessidade da defesa de honra para justificar as suas acções. Tudo isto é politicamente desonesto. O primeiro-ministro não sabe manter uma relação saudável com a comunicação social. Atacou novamente a TVI, a que contrapôs o Diário de Notícias como um jornal esse sim, capaz de bom jornalismo. Temos um primeiro-ministro que se acha provedor e declara publicamente as suas preferências por este ou aquele jornal. Por força do peso hierárquico da figura do primeiro-ministro estas afirmações de José Sócrates têm consequências directas na qualidade da nossa democracia.O processo Kafkiano de José Sócrates é a cabala que ele próprio alimenta.