Les Canards libertaîres: A tradição da exclusão

03-07-2011
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Desde ontem à noite que o Porto é uma cidade completamente ocupada por bandos de estudantes trajados mais ou menos a rigor, gritando palavrões pelas ruas e com a taxa de álcool no sangue contínua 24 sobre 24 horas. Autodenominam-se doutores, ou aspiram a isso.Hoje de manhã apanhei pelas ruas da cidade dezenas destes "doutores" seguidos pelas famílias inteiras, apetrechadas de bancos desdobráveis e bonés, a caminho da cerimónia de "bênção das pastas". Nem quero aprofundar o ridículo da associação da Igreja com o fim de um percurso académico, como se o diploma precisasse de aprovação divina.Mas assistir a esta cena - pais de sorriso orgulhoso nos lábios, tios, primos, avós, irmãos em rebanho seguindo a menina de traje que leva o bouquet de rosas da cor da sua "fita" e que vai ser "doutora" - é a prova viva de que o canudo ainda é visto como algo que confere um estatuto social elevado, que não é para todos. Ainda vêm as famílias de Mirandela, de Amarante (ou outro sítio qualquer) para ver o jovem da terra tornar-se doutor e ser importante.Não interessa nada se teve de passar sérias dificuldades para lá chegar. Não interessa nada se o curso é bom, mau ou assim-assim. Não interessa se o "doutor" aprendeu de facto alguma coisa que o tenha feito sentir-se realizado. Não interessa (muito) se o "doutor" vai ser mais um dos recém-licenciados a engrossar as filas do centro de emprego. Para quê contestar a ordem estabelecida? O que interessa é que agora ele é "doutor".Onde é que já se viram cenas destas quando alguém acaba o Ensino Secundário?


Desde ontem à noite que o Porto é uma cidade completamente ocupada por bandos de estudantes trajados mais ou menos a rigor, gritando palavrões pelas ruas e com a taxa de álcool no sangue contínua 24 sobre 24 horas. Autodenominam-se doutores, ou aspiram a isso.Hoje de manhã apanhei pelas ruas da cidade dezenas destes "doutores" seguidos pelas famílias inteiras, apetrechadas de bancos desdobráveis e bonés, a caminho da cerimónia de "bênção das pastas". Nem quero aprofundar o ridículo da associação da Igreja com o fim de um percurso académico, como se o diploma precisasse de aprovação divina.Mas assistir a esta cena - pais de sorriso orgulhoso nos lábios, tios, primos, avós, irmãos em rebanho seguindo a menina de traje que leva o bouquet de rosas da cor da sua "fita" e que vai ser "doutora" - é a prova viva de que o canudo ainda é visto como algo que confere um estatuto social elevado, que não é para todos. Ainda vêm as famílias de Mirandela, de Amarante (ou outro sítio qualquer) para ver o jovem da terra tornar-se doutor e ser importante.Não interessa nada se teve de passar sérias dificuldades para lá chegar. Não interessa nada se o curso é bom, mau ou assim-assim. Não interessa se o "doutor" aprendeu de facto alguma coisa que o tenha feito sentir-se realizado. Não interessa (muito) se o "doutor" vai ser mais um dos recém-licenciados a engrossar as filas do centro de emprego. Para quê contestar a ordem estabelecida? O que interessa é que agora ele é "doutor".Onde é que já se viram cenas destas quando alguém acaba o Ensino Secundário?

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