Les Canards libertaîres: Feminismos (III)

01-07-2011
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Beauvoir, no seu Segundo Sexo, defendeu a tese de que, se a feminilidade não é congénita nem voluntária, pelo contrário, é socialmente construída, então os feminismos precisam de rejeitar a ideia de feminilidade. É a partir desta ideia beauvariana de que não nascemos mulheres, tornamo-nos mulheres que, nos anos 90, as feministas anglo-americanas vão recusar liminarmente não só o conceito de sexo(anatómico), mas também de género (culturalmente apreendido).Textos como os de Butler sustentam que, se é através da repetição de actos simbólicos que a regulação do corpo e da sexualidade é socialmente construída, então a coerção a que estes estão sujeitos pode ser ludibriada pela performance. A sua queer theory faz a apologia de um corpo que funciona, ele próprio, enquanto um discurso, sendo esse discurso um conjunto de possibilidades e de experimentações, experimentações essas a que corresponde uma contínua, reiterada e ininterrupta reinvenção ontológica.Outros conceitos, como os de feminismo nomádico de Braidotti, heteroglossia sexual de Haraway, polifonia experiencial de Cunha e Silva, remetem para um feminismo contemporâneo assente na constituição de um sujeito feminista miscisgenado, composto por mulheres e homens, que entenda o desafio provocatório das regras do androcentrismo e da heteronormatividade enquanto prática política quotidiana.


Beauvoir, no seu Segundo Sexo, defendeu a tese de que, se a feminilidade não é congénita nem voluntária, pelo contrário, é socialmente construída, então os feminismos precisam de rejeitar a ideia de feminilidade. É a partir desta ideia beauvariana de que não nascemos mulheres, tornamo-nos mulheres que, nos anos 90, as feministas anglo-americanas vão recusar liminarmente não só o conceito de sexo(anatómico), mas também de género (culturalmente apreendido).Textos como os de Butler sustentam que, se é através da repetição de actos simbólicos que a regulação do corpo e da sexualidade é socialmente construída, então a coerção a que estes estão sujeitos pode ser ludibriada pela performance. A sua queer theory faz a apologia de um corpo que funciona, ele próprio, enquanto um discurso, sendo esse discurso um conjunto de possibilidades e de experimentações, experimentações essas a que corresponde uma contínua, reiterada e ininterrupta reinvenção ontológica.Outros conceitos, como os de feminismo nomádico de Braidotti, heteroglossia sexual de Haraway, polifonia experiencial de Cunha e Silva, remetem para um feminismo contemporâneo assente na constituição de um sujeito feminista miscisgenado, composto por mulheres e homens, que entenda o desafio provocatório das regras do androcentrismo e da heteronormatividade enquanto prática política quotidiana.

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