Les Canards libertaîres: Objectivos e Terapias

30-06-2011
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Autonomia.Autonomia de gestão financeira e artística das instituições tuteladas pelo ministério. Esta é a reforma mais necessária sem a qual será impossível atingir mínimos parâmetros de estabilidade e inovação programática nos museus e teatros tuteladas pelo MC. A sobrevivência das direcções e instituições culturais não pode estar sempre em causa cada vez que muda a tutela.Esta foi aliás uma das reformas que a ministra da cultura incluiu no seu programa. Infelizmente, o dirigismo inerente à história pessoal da ministra e respectivo secretário de estado depressa se instalaram. Tal como Augusto Seabra revela no Letra de Forma:Ainda nada se sabia da temporada, já o secretário de Estado Mário Vieira de Carvalho, o autor directo do “golpe” [referindo-se ao afastamento de Pinamontti da direcção do TNSC], que o foi inclusive em clara contravenção do próprio programa deste Governo, que expressamente previa o reforço da autonomia das direcções artísticas dos teatros nacionais, já ele anunciava uma “excelente temporada”, afinal assim confirmando que o São Carlos era de sua directa intendência.Este estilo de governação é causa e consequência de uma cultura política muito específica que já aqui revelei, e é sobre este meio que a "terapia" de que José Reis Santos fala deve incidir.O sistema de controlo e trocas de favor/vingança que a geração agora no poder impôs na capela cultural (e demais outras) é extremamente intricado e possivelmente só uma renovação geracional poderá reformar esta dinâmica. É uma questão de "meio", e não é por ele ser pequeno (é pequeno em todo o mundo). O provincianismo é muito mais identificável com falta de bom-senso do que uma questão estrutural e dimensional do meio cultural. Este bom-senso está em relação directa com pluralismo democrático e é uma linha de acção política que se cria com consciencialização social, nomeadamente com consciencialização das estruturas partidárias.A representação e transmissão de interesses entre eleitor e eleito é largamente inconsequente no panorama português. E a acção do ministério na cultura é um exemplo: não é de bom-senso ignorar a orquestra como o principal membro decisório de quem é que a irá dirigir. Não é de bom-senso despedir ambas as direcções do TNSC e da Companhia Nacional de Bailado porque estavam contra a formação de uma empresa de gestão conjunta - OPART. Não é por acaso que tomaram esta posição, e por princípio, num sistema plural, o secretário de estado deveria estar impedido pela própria estrutura partidária de que faz parte em implementar agenda política pessoal. Porque é que não há UMA voz divergente no seio do PS que tenha estabelecido comunicação com a orquestra e apresentado uma alternativa? (e o mesmo é extensível à oposição) É suposto as estruturas partidárias implementarem a sua agenda mesmo ao governo que representam, este é o maior garante de controlo governamental.A formação de mesas de debate público são sem dúvida essenciais, mas são também profundamente irrelevantes quando não acompanhadas pelas estruturas políticas dominates. É necessário aqui algum pensamento e formulação de estratégias metodológicas de trabalho. Convido todos os leitores a participarem.


Autonomia.Autonomia de gestão financeira e artística das instituições tuteladas pelo ministério. Esta é a reforma mais necessária sem a qual será impossível atingir mínimos parâmetros de estabilidade e inovação programática nos museus e teatros tuteladas pelo MC. A sobrevivência das direcções e instituições culturais não pode estar sempre em causa cada vez que muda a tutela.Esta foi aliás uma das reformas que a ministra da cultura incluiu no seu programa. Infelizmente, o dirigismo inerente à história pessoal da ministra e respectivo secretário de estado depressa se instalaram. Tal como Augusto Seabra revela no Letra de Forma:Ainda nada se sabia da temporada, já o secretário de Estado Mário Vieira de Carvalho, o autor directo do “golpe” [referindo-se ao afastamento de Pinamontti da direcção do TNSC], que o foi inclusive em clara contravenção do próprio programa deste Governo, que expressamente previa o reforço da autonomia das direcções artísticas dos teatros nacionais, já ele anunciava uma “excelente temporada”, afinal assim confirmando que o São Carlos era de sua directa intendência.Este estilo de governação é causa e consequência de uma cultura política muito específica que já aqui revelei, e é sobre este meio que a "terapia" de que José Reis Santos fala deve incidir.O sistema de controlo e trocas de favor/vingança que a geração agora no poder impôs na capela cultural (e demais outras) é extremamente intricado e possivelmente só uma renovação geracional poderá reformar esta dinâmica. É uma questão de "meio", e não é por ele ser pequeno (é pequeno em todo o mundo). O provincianismo é muito mais identificável com falta de bom-senso do que uma questão estrutural e dimensional do meio cultural. Este bom-senso está em relação directa com pluralismo democrático e é uma linha de acção política que se cria com consciencialização social, nomeadamente com consciencialização das estruturas partidárias.A representação e transmissão de interesses entre eleitor e eleito é largamente inconsequente no panorama português. E a acção do ministério na cultura é um exemplo: não é de bom-senso ignorar a orquestra como o principal membro decisório de quem é que a irá dirigir. Não é de bom-senso despedir ambas as direcções do TNSC e da Companhia Nacional de Bailado porque estavam contra a formação de uma empresa de gestão conjunta - OPART. Não é por acaso que tomaram esta posição, e por princípio, num sistema plural, o secretário de estado deveria estar impedido pela própria estrutura partidária de que faz parte em implementar agenda política pessoal. Porque é que não há UMA voz divergente no seio do PS que tenha estabelecido comunicação com a orquestra e apresentado uma alternativa? (e o mesmo é extensível à oposição) É suposto as estruturas partidárias implementarem a sua agenda mesmo ao governo que representam, este é o maior garante de controlo governamental.A formação de mesas de debate público são sem dúvida essenciais, mas são também profundamente irrelevantes quando não acompanhadas pelas estruturas políticas dominates. É necessário aqui algum pensamento e formulação de estratégias metodológicas de trabalho. Convido todos os leitores a participarem.

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