Les Canards libertaîres: Escolha Política

30-06-2011
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José Reis dos Santos levantou aqui uma questão pertinente que reformulo expandindo o seu raio de acção:Como definir uma política cultural se os escassos recursos existentes têm, à partida, destino certo?A tendência para encarar este problema como algo inerente ao funcionamento do aparelho ministerial é fundamentalmente errada e rejeita o que na prática se resume a um problema de escolha política. Face a um cenário de escassos recursos os sucessivos ministros renegam-se à manutenção da sua base de legitimação social.É exactamente a recusa em implementar uma política cultural de consequência que permitiu desde sempre a que o MC fosse um serviço de cliente certo.A fraca capacidade e vontade da presente ministra em implementar políticas coerentes está em relação directa com a fraca legitimidade que lhe é reconhecida pela própria estrutura que tutela, o que a obriga a manter a clientela tradicional do ministério no lugar, sobretudo depois dos desastres públicos que foram os casos Museu Nacional de Arte Antiga, Teatro Nacional São Carlos e Museu Berardo.Isto provoca a médio prazo uma perda de operacionalidade das estruturas tuteladas pelo ministério e, no imediato, torna a ministra politicamente refém dos lobbys internos que tradicionalmente ocupam o MC.O MC resume-se assim a um organismo de manutenção social de um grupo, um grupo de interesse geracionalmente identificável e conotado com o 25 de Abril, que perante o vácuo de poder criado ocupou um espaço antes inexistente que pretende hoje a todo custo manter.Analisemos a política de apoio à produção cultural (os subsídios) desde que a ministra tomou posse e verificamos que ano a ano são impostos critérios de legitimidade temporal sempre em progressão (uma estrutura terá que ter pelo menos 10 anos de actividade para ser apoiada, depois passa para 15 etc.) que limitam o acesso de novas estruturas a qualquer apoio.É um problema de escolha política.


José Reis dos Santos levantou aqui uma questão pertinente que reformulo expandindo o seu raio de acção:Como definir uma política cultural se os escassos recursos existentes têm, à partida, destino certo?A tendência para encarar este problema como algo inerente ao funcionamento do aparelho ministerial é fundamentalmente errada e rejeita o que na prática se resume a um problema de escolha política. Face a um cenário de escassos recursos os sucessivos ministros renegam-se à manutenção da sua base de legitimação social.É exactamente a recusa em implementar uma política cultural de consequência que permitiu desde sempre a que o MC fosse um serviço de cliente certo.A fraca capacidade e vontade da presente ministra em implementar políticas coerentes está em relação directa com a fraca legitimidade que lhe é reconhecida pela própria estrutura que tutela, o que a obriga a manter a clientela tradicional do ministério no lugar, sobretudo depois dos desastres públicos que foram os casos Museu Nacional de Arte Antiga, Teatro Nacional São Carlos e Museu Berardo.Isto provoca a médio prazo uma perda de operacionalidade das estruturas tuteladas pelo ministério e, no imediato, torna a ministra politicamente refém dos lobbys internos que tradicionalmente ocupam o MC.O MC resume-se assim a um organismo de manutenção social de um grupo, um grupo de interesse geracionalmente identificável e conotado com o 25 de Abril, que perante o vácuo de poder criado ocupou um espaço antes inexistente que pretende hoje a todo custo manter.Analisemos a política de apoio à produção cultural (os subsídios) desde que a ministra tomou posse e verificamos que ano a ano são impostos critérios de legitimidade temporal sempre em progressão (uma estrutura terá que ter pelo menos 10 anos de actividade para ser apoiada, depois passa para 15 etc.) que limitam o acesso de novas estruturas a qualquer apoio.É um problema de escolha política.

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