Les Canards libertaîres: Isso não é uma opinião válida.. é homofobia caro senhor!

30-06-2011
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Em resposta ao artigo de João César das Neves no DN (http://dn.sapo.pt/2008/10/06/opiniao/casamento_gay_e_imperio_galactico.html)Tenho dificuldade em perceber se vale sequer a pena dar-me ao trabalho de divulgar e contrariar este discurso, que de tão nojento, homofóbico e anticonstitucional não deveria merecer mais do que o meu (e nosso) profundo desprezo e repudio. Mas ao mesmo tempo, ao mesmo tempo que procuro ignorá-lo, não posso passar ao lado do facto de um artigo deste nível ter sido publicado num jornal nacional, diário, e (ainda) minimamente conceituado. Não posso nem quero passar ao lado do facto de personagens como João César das Neves, catedrático do conservadorismo, apologista da velha podre e hipócrita moral e dos igualmente bons velhos costumes do silêncio, da opressão, e da exclusão, ainda serem detentores de poder suficiente para se fazer ler desta maneira. Portugal tem, de facto, gravíssimas dificuldades de vária ordem. E a maior parte delas todos sabemos quais são, embora ninguém esteja disposto a discuti-las. Porque assim dita a moral e os bons costumes, tão defendidos e queridos do nosso antigo regime. Porque assim fomos ensinados, porque assim foram ensinados os nossos pais! Porque assim nos quiseram fazer querer, que não tínhamos poder ou voz. Que assuntos sérios não são para ser debatidos por mulheres, por jovens. Vamos calar e deixar a politica para quem sabe, não é?! Vamos deixar que nos governem e controlem segundo as boas e velhas morais, católicas e cristãs. Portugal tem gravíssimas dificuldades, de vária ordem. E uma das maiores é poder abrir um jornal e ler um qualquer professor catedrático, ex assessor de 1º ministro (e que Primeiro...), a fazer uma clara apologia da homofobia, do racismo e da xenofobia, e ainda chamar a isso Democracia, “opinião válida e legitima de ponderar”. É válido e legitimo considerar a “homossexualidade uma depravação, um acto intrinsecamente desordenado e contrário à natureza.” Tal como o aborto o era... é provavelmente, também, válido e legitimo quem sabe, criar uma lei que mantenha os homossexuais em espaços próprios, longe da sociedade pura e de valores! Tal como o apartheid foi válido e legitimo, de acordo com as politicas altamente racistas e condenáveis da época!!! A grave dificuldade de Portugal é ser ainda um país onde as pessoas não se podem expressar de forma verdadeiramente livre, respeitando e aceitando as orientações, opções e vontades de quem vive ao nosso lado. A grave dificuldade de Portugal é continuar a excluir, a não querer aceitar, tod@s aquel@s que não foram feitos nos mesmos moldes, nos moldes do conservadorismo fascista. Todos aqueles que não são brancos, heterossexuais, católicos e iguais a todos os outros. A grave dificuldade de Portugal é eu, enquanto mulher livre, cidadã de plenos direitos, não poder amar quem quero, quem amo, a não ser que seja à boa velha maneira, caladinha e na sombra. Fracturante é, depois 34 anos, não me poder sentir livre, e em plena igualdade de direitos. Porque a igualdade de deveres... essa todos temos! Mesmo sendo gays, imigrantes, pretos, amarelos, e pobres. Não condeno ninguém por não se querer casar, é-me indiferente. É uma opinião, uma decisão válida e legítima do casal que a toma. Tal como não condeno quem o faz. Agora... uma pessoa qualquer sentir-se no direito de me impedir a mim de casar, só porque sou gay, não é uma opinião válida e legitima caro senhor João César das Neves, é homofobia! Caro senhor João César das Neves, não somos um “pequeno punhado de jovens e intrépidos heróis que desafia a instituição vetusta e paralisante, atrevidamente lançando uma provocação”. Somos um grupo de mulheres e homens, cidadãos e cidadãs, que sim! Desafiamos a instituição! Que lutamos pelo mundo quer queremos construir. O nosso mundo e o nosso país, onde ninguém tenha medo de debater os problemas realmente importantes, e onde sejamos respeitad@s por quem somos, independentemente de orientações, opções pessoais.


Em resposta ao artigo de João César das Neves no DN (http://dn.sapo.pt/2008/10/06/opiniao/casamento_gay_e_imperio_galactico.html)Tenho dificuldade em perceber se vale sequer a pena dar-me ao trabalho de divulgar e contrariar este discurso, que de tão nojento, homofóbico e anticonstitucional não deveria merecer mais do que o meu (e nosso) profundo desprezo e repudio. Mas ao mesmo tempo, ao mesmo tempo que procuro ignorá-lo, não posso passar ao lado do facto de um artigo deste nível ter sido publicado num jornal nacional, diário, e (ainda) minimamente conceituado. Não posso nem quero passar ao lado do facto de personagens como João César das Neves, catedrático do conservadorismo, apologista da velha podre e hipócrita moral e dos igualmente bons velhos costumes do silêncio, da opressão, e da exclusão, ainda serem detentores de poder suficiente para se fazer ler desta maneira. Portugal tem, de facto, gravíssimas dificuldades de vária ordem. E a maior parte delas todos sabemos quais são, embora ninguém esteja disposto a discuti-las. Porque assim dita a moral e os bons costumes, tão defendidos e queridos do nosso antigo regime. Porque assim fomos ensinados, porque assim foram ensinados os nossos pais! Porque assim nos quiseram fazer querer, que não tínhamos poder ou voz. Que assuntos sérios não são para ser debatidos por mulheres, por jovens. Vamos calar e deixar a politica para quem sabe, não é?! Vamos deixar que nos governem e controlem segundo as boas e velhas morais, católicas e cristãs. Portugal tem gravíssimas dificuldades, de vária ordem. E uma das maiores é poder abrir um jornal e ler um qualquer professor catedrático, ex assessor de 1º ministro (e que Primeiro...), a fazer uma clara apologia da homofobia, do racismo e da xenofobia, e ainda chamar a isso Democracia, “opinião válida e legitima de ponderar”. É válido e legitimo considerar a “homossexualidade uma depravação, um acto intrinsecamente desordenado e contrário à natureza.” Tal como o aborto o era... é provavelmente, também, válido e legitimo quem sabe, criar uma lei que mantenha os homossexuais em espaços próprios, longe da sociedade pura e de valores! Tal como o apartheid foi válido e legitimo, de acordo com as politicas altamente racistas e condenáveis da época!!! A grave dificuldade de Portugal é ser ainda um país onde as pessoas não se podem expressar de forma verdadeiramente livre, respeitando e aceitando as orientações, opções e vontades de quem vive ao nosso lado. A grave dificuldade de Portugal é continuar a excluir, a não querer aceitar, tod@s aquel@s que não foram feitos nos mesmos moldes, nos moldes do conservadorismo fascista. Todos aqueles que não são brancos, heterossexuais, católicos e iguais a todos os outros. A grave dificuldade de Portugal é eu, enquanto mulher livre, cidadã de plenos direitos, não poder amar quem quero, quem amo, a não ser que seja à boa velha maneira, caladinha e na sombra. Fracturante é, depois 34 anos, não me poder sentir livre, e em plena igualdade de direitos. Porque a igualdade de deveres... essa todos temos! Mesmo sendo gays, imigrantes, pretos, amarelos, e pobres. Não condeno ninguém por não se querer casar, é-me indiferente. É uma opinião, uma decisão válida e legítima do casal que a toma. Tal como não condeno quem o faz. Agora... uma pessoa qualquer sentir-se no direito de me impedir a mim de casar, só porque sou gay, não é uma opinião válida e legitima caro senhor João César das Neves, é homofobia! Caro senhor João César das Neves, não somos um “pequeno punhado de jovens e intrépidos heróis que desafia a instituição vetusta e paralisante, atrevidamente lançando uma provocação”. Somos um grupo de mulheres e homens, cidadãos e cidadãs, que sim! Desafiamos a instituição! Que lutamos pelo mundo quer queremos construir. O nosso mundo e o nosso país, onde ninguém tenha medo de debater os problemas realmente importantes, e onde sejamos respeitad@s por quem somos, independentemente de orientações, opções pessoais.

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