Como tratam da própria saúde os deputados que tratam da nossa saúde?

06-04-2015
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O PÚBLICO perguntou aos deputados da Comissão da Saúde da Assembleia da República se praticam exercício, se vão ao público ou ao privado, se já meteram cunhas. Há muitos elogios ao SNS, mas também relatos de experiências más. Na próxima terça-feira, é Dia Mundial da Saúde

O PÚBLICO perguntou aos 45 deputados da Comissão de Saúde – os deputados que debatem o tema e os projectos que influenciam o quotidiano dos portugueses na área – como tratam da sua própria saúde e que relação têm com o Serviço Nacional de Saúde. Apenas 15 responderam às questões enviadas por email pelo PÚBLICO, todos do PSD, PS e CDS.

Quem respondeu contou histórias, foi breve a responder ou ficou pelo argumento de que se sentia invadido na privacidade. E há casos de quem anuiu a responder, desde que sob anonimato. Os 45 deputados da Comissão de Saúde incluem efectivos e suplentes.

A grande maioria dos deputados que responderam ao PÚBLICO diz ter médico de família atribuído pelo Serviço Nacional de Saúde (SNS) -­­ 13 têm; dois, não. Mas também há quem complemente o médico do serviço público com outro do privado. É o caso de Teresa Caeiro (CDS-PP): “Tenho dois médicos de cuidados de saúde primários que me acompanham, porque considero que se complementam, um do SNS, outro do privado.”

O socialista Ivo Oliveira também tem médico de família do SNS. Vai com regularidade? “Fui há cerca de um ano quando recebi a carta enviada pelo Centro de Saúde.” Já a social-democrata Maria Manuela Tender garante que não só tem médico de família no SNS, como é o mesmo para toda a família: “Faço consultas com regularidade, normalmente uma ou duas por ano, de rotina.”

Apesar de não ir regularmente, porque “felizmente” não tem problemas de saúde, Elsa Cordeiro (PSD) tem médico de família: “Na minha zona de residência, a população tem uma cobertura de médico de família de cerca 96%”, diz, referindo-se ao Agrupamento de Centros de Saúde Sotavento Algarvio. O mesmo se passa com Paulo Almeida (CDS-PP): tem médico de família atribuído pelo SNS, mas “felizmente” não tem “tido muita necessidade de recorrer”.

Na véspera de responder às questões do PÚBLICO, a socialista Luísa Salgueiro foi ao médico de família na Unidade de Saúde Familiar, em Matosinhos, onde diz ir regularmente com todo o agregado familiar. “O meu serviço é o SNS”. Em casa, todos têm “o mesmo médico de família.” Em apenas duas situações recorreu ao privado: no acompanhamento da gravidez e da infância da filha. “Ambos [os médicos] trabalhavam só no privado, eram conhecimentos pessoais, amigos, médicos em quem confiava.”, garante. A socialista Idália Serrão também vai a consultas com o seu médico de família ou, então, a um hospital público onde é “regularmente acompanhada.”

Pelo contrário, apesar de ter médico de família do SNS, João Rebelo do CDS-PP prefere ir ao privado. Também a social-democrata Maria da Conceição Caldeira admite não ter médico de família do SNS por opção: “Prescindi, uma vez que não recorri aos seus serviços. Tenho outro médico.” O social-democrata Correia de Jesus também não tem: “Recorro normalmente ao Gabinete Médico do Parlamento. Quando estou no meu círculo (Madeira), recorro ao Centro de Saúde da minha residência, sendo atendido pelo médico de serviço.”

Urgências: caos e elogios

E quando se trata de recorrer a um serviço de urgência? Os deputados vão ao público ou ao privado? Teresa Caeiro (CDS-PP) conta que apenas uma vez teve de ir a uma urgência com um problema de otorrinolarigologia. Ao princípio da noite recorreu a dois hospitais privados. Num, o especialista “teria de ser chamado por estar em casa”, o outro “não tinha acordo com o seguro de saúde”. A solução foi ir Hospital de Santa Maria.” Depois da triagem, “ao fim de meia hora estava a ser vista por um especialista”.

Já a social-democrata Maria Manuela Tender optou “sempre” pelo público quando teve de recorrer a serviços de urgência, mesmo que “por vezes” seja “um pouco demorado”: “Mas merecedor da minha preferência e confiança.”

Elsa Cordeiro, do PSD, concorda. Conta um episódio com 13 anos relacionado com uma septicemia. Foi à urgência pública: “não tenho nada a apontar, nem sobre os profissionais, nem sobre o serviço.” No mesmo sentido responde a socialista Luísa Salgueiro sobre a urgência do hospital de S. João no Porto. Em dois casos “complexos” com familiares próximos diz ter sido “muitíssimo bem atendida nos dois casos.” A social-democrata Graça Mota, médica, não se alonga. Classifica apenas a sua experiência num serviço de urgência público como “razoável”.

Más experiências no serviço público há, pelo menos duas, na comissão parlamentar. “Já recorri a serviços de urgência. Fi-lo no público, no distrito de Portalegre, não temos outra alternativa. E a experiência foi má, um autêntico caos”, conta a socialista Sandra Cardoso. A esta deputada junta-se o social-democrata Couto dos Santos que já esteve na “urgência do hospital da Feira [Santa Maria da Feira], S. Sebastião, em 2009, devido a um acidente”. Foi transportado pelo INEM e, depois de “quatro horas de espera”, foi atendido “e só no essencial”: “Logo, uma experiência muito má.”

Mas também há relatos pouco positivos no privado. Maria da Conceição Caldeira, PSD, foi a um serviço de urgência num hospital privado e a experiência “não foi muito agradável, porque havia muita gente” e o caso que a levou lá – gripe – não foi considerado prioritário.

Para Paulo Almeida, do CDS-PP, os dois serviços, público e privado, complementam-se. Já foi aos dois em urgências e “ambas as experiências foram satisfatórias”: “O sector privado em Portugal complementa bem o SNS, nomeadamente na rapidez para exames médicos.” João Rebelo, do CDS-PP, também destaca, tanto nas urgências do público, como do privado, a “boa qualidade” e o “bom atendimento”.

Especialidades: público e privado

Já para consultas da especialidade, a escolha da maioria divide-se entre o público e o privado, mas há pelo menos cinco deputados que neste caso optam, regra geral, pelo privado. Escolhas condicionadas pelo facto de terem ou não seguro de saúde ou ADSE. “Depende do médico e da especialidade. Por norma, vou ao público, mas há médicos em quem confio que hoje estão apenas no privado”, conta Teresa Caeiro (CDS-PP), cujo filho nasceu num hospital público. Laura Esperança (PSD) ilustra: por para ir ao dentista, ao cardiologista, ao ginecologista, vai ao privado. Ao dermatologista, por exemplo, vai ao público.

A socialista Idália Serrão recorre “regularmente” ao público, excepto em especialidades como a oftalmologia, a odontologia ou a ginecologia. Tem seguro de saúde que lhe “dá condições mais vantajosas no acesso” a estas especialidades e os filhos têm seguros de saúde que “decorrem das suas actividades desportivas e profissionais”.

Também há deputados com ADSE que vão ao privado com convenção: “Normalmente [vou] ao privado com convenção com ADSE por ser mais fácil compatibilizar as marcações com o meu horário de trabalho”, diz Maria Manuela Tender (PSD). Para gerir o tempo e as consultas dos filhos, procura fazer coincidir todas as consultas “num dia”.

A socialista Luísa Salgueiro também tem ADSE, o que os deputados eleitos após 2005 não têm. Primeiro vai ao médico de família, “que acompanha a família toda”. Se houver necessidade de passar a uma especialidade, começa por tentar o serviço público. “Se houver listas de espera muito longas”, vai ao convencionado pela ADSE.

Três sociais-democratas (Elza Cordeiro, Couto dos Santos e Correia de Jesus), uma socialista (Sandra Cardoso) e um centrista (João Rebelo) têm em comum terem sistemas de saúde privados que preferem utilizar para as consultas de especialidade.

Desporto? Tabaco?

E quanto a hábitos de saúde? Os deputados fumam? . A esmagadora maioria dos 15 que responderam ao conjunto de questões não fuma (12). Há uma resposta positiva e dois deputados não revelam. Também pelo menos nove deputados não escondem que devia fazer mais desporto.

Ivo Oliveira joga regularmente futebol e basquetebol. João Rebelo faz desporto todos os dias: “Kickboxe e crossfit.” Sandra Cardoso faz caminhadas regularmente. Um gosto partilhado por Couto dos Santos: “Gosto de andar e muito”.

Mas a maioria não faz exercício de forma regular. As respostas repetem-se: Correia de Jesus pratica com a “regularidade possível”. Maria da Conceição Caldeira, por falta de tempo, “não tanto como devia”. Teresa Caeiro, de forma “irregular”. Laura Esperança “não tão regularmente como queria”. Maria Manuela Tender também não faz “com a regularidade que deveria”. O mesmo se passa com Elsa Cordeiro. Paulo Almeida admite que “devia praticar mais”. Idália Serrão também não pratica com regularidade. Luísa Salgueiro admite: “Não pratico.”

Cunha não, ajudar alguém

De uma forma geral, este grupo de deputados recusa ter metido cunhas para si ou para outros. Mas admitem que já ajudaram alguém: “Nunca meti nenhuma cunha para um acesso mais rápido a um serviço de saúde. Mas já meti [uma] cunha, não para mim ou familiares directos, mas sim para pessoas do meu conhecimento pessoal que, perante uma situação muito grave de saúde, solicitaram a minha intervenção, não para terem um acesso mais rápido, mas sim para terem uma atenção no tratamento da situação, de forma a sentirem um maior conforto por parte do serviço e dos seus profissionais”, conta a deputada do PSD, Elsa Cordeiro.

Também Teresa Caeiro, do CDS-PP, responde “não”, quando questionada sobre cunhas para a família: “Nunca meti ou tentei meter para mim ou familiar próximo qualquer cunha para acesso a serviço de saúde.” Mas já lhe pediram ajuda: “Não diria cunhas, mas antes pedidos de esclarecimento. Mas, sim, já aconteceu pessoas minhas conhecidas e outras que me eram absolutamente desconhecidas pedirem para saber se seria normal ‘x’ tempo de espera para uma cirurgia ou o seu adiamento por ‘y’ vezes; ou a dificuldade na marcação de consultas ou acesso a ajudas técnicas. Mas pedem quer para o público, quer para o privado.”

A social-democrata Laura Esperança diz não saber responder à questão das “cunhas”: “Como sou uma pessoa muito conhecida no meu meio, não lhe sei responder. Fui presidente de uma junta de freguesia durante 12 anos e nunca ninguém se dirigiu à minha pessoa para solicitar cunhas, na saúde.” Mas acrescenta: “O que registo é que as pessoas são tratadas, quer no centro de saúde, quer no centro hospitalar e estão satisfeitas. Julgo que o que traz mais problemas são acidentes [em geral] e [acidentes] de trabalho com seguradoras. Tenho conhecimento de alguns que não correram nem correm bem.”

Maria Manuela Tender, PSD, garante que “nunca” precisou de meter qualquer cunha, “pois as marcações normalmente são num prazo razoável”. E ressalva: “Também nunca me foi solicitada qualquer intervenção a esse nível. Creio não ser necessário, mas é a minha percepção da realidade. Já me aconteceu, por não conhecer os nomes dos especialistas que davam consulta no privado e me eram sugeridos para marcação pelos telefonistas, solicitar a familiares da área da saúde referências sobre as competências dos mesmos, mas isso é normalíssimo.”

Já o deputado do CDS-PP, Paulo Almeida, admite que já tentaram meter cunhas junto dele, mas “nunca” acedeu. Luísa Salgueiro, socialista, diz que “às vezes” pedem-lhe “para saber como está alguém que está internado no hospital”: “Mas cunhas, não.”

O PÚBLICO perguntou aos deputados da Comissão da Saúde da Assembleia da República se praticam exercício, se vão ao público ou ao privado, se já meteram cunhas. Há muitos elogios ao SNS, mas também relatos de experiências más. Na próxima terça-feira, é Dia Mundial da Saúde

O PÚBLICO perguntou aos 45 deputados da Comissão de Saúde – os deputados que debatem o tema e os projectos que influenciam o quotidiano dos portugueses na área – como tratam da sua própria saúde e que relação têm com o Serviço Nacional de Saúde. Apenas 15 responderam às questões enviadas por email pelo PÚBLICO, todos do PSD, PS e CDS.

Quem respondeu contou histórias, foi breve a responder ou ficou pelo argumento de que se sentia invadido na privacidade. E há casos de quem anuiu a responder, desde que sob anonimato. Os 45 deputados da Comissão de Saúde incluem efectivos e suplentes.

A grande maioria dos deputados que responderam ao PÚBLICO diz ter médico de família atribuído pelo Serviço Nacional de Saúde (SNS) -­­ 13 têm; dois, não. Mas também há quem complemente o médico do serviço público com outro do privado. É o caso de Teresa Caeiro (CDS-PP): “Tenho dois médicos de cuidados de saúde primários que me acompanham, porque considero que se complementam, um do SNS, outro do privado.”

O socialista Ivo Oliveira também tem médico de família do SNS. Vai com regularidade? “Fui há cerca de um ano quando recebi a carta enviada pelo Centro de Saúde.” Já a social-democrata Maria Manuela Tender garante que não só tem médico de família no SNS, como é o mesmo para toda a família: “Faço consultas com regularidade, normalmente uma ou duas por ano, de rotina.”

Apesar de não ir regularmente, porque “felizmente” não tem problemas de saúde, Elsa Cordeiro (PSD) tem médico de família: “Na minha zona de residência, a população tem uma cobertura de médico de família de cerca 96%”, diz, referindo-se ao Agrupamento de Centros de Saúde Sotavento Algarvio. O mesmo se passa com Paulo Almeida (CDS-PP): tem médico de família atribuído pelo SNS, mas “felizmente” não tem “tido muita necessidade de recorrer”.

Na véspera de responder às questões do PÚBLICO, a socialista Luísa Salgueiro foi ao médico de família na Unidade de Saúde Familiar, em Matosinhos, onde diz ir regularmente com todo o agregado familiar. “O meu serviço é o SNS”. Em casa, todos têm “o mesmo médico de família.” Em apenas duas situações recorreu ao privado: no acompanhamento da gravidez e da infância da filha. “Ambos [os médicos] trabalhavam só no privado, eram conhecimentos pessoais, amigos, médicos em quem confiava.”, garante. A socialista Idália Serrão também vai a consultas com o seu médico de família ou, então, a um hospital público onde é “regularmente acompanhada.”

Pelo contrário, apesar de ter médico de família do SNS, João Rebelo do CDS-PP prefere ir ao privado. Também a social-democrata Maria da Conceição Caldeira admite não ter médico de família do SNS por opção: “Prescindi, uma vez que não recorri aos seus serviços. Tenho outro médico.” O social-democrata Correia de Jesus também não tem: “Recorro normalmente ao Gabinete Médico do Parlamento. Quando estou no meu círculo (Madeira), recorro ao Centro de Saúde da minha residência, sendo atendido pelo médico de serviço.”

Urgências: caos e elogios

E quando se trata de recorrer a um serviço de urgência? Os deputados vão ao público ou ao privado? Teresa Caeiro (CDS-PP) conta que apenas uma vez teve de ir a uma urgência com um problema de otorrinolarigologia. Ao princípio da noite recorreu a dois hospitais privados. Num, o especialista “teria de ser chamado por estar em casa”, o outro “não tinha acordo com o seguro de saúde”. A solução foi ir Hospital de Santa Maria.” Depois da triagem, “ao fim de meia hora estava a ser vista por um especialista”.

Já a social-democrata Maria Manuela Tender optou “sempre” pelo público quando teve de recorrer a serviços de urgência, mesmo que “por vezes” seja “um pouco demorado”: “Mas merecedor da minha preferência e confiança.”

Elsa Cordeiro, do PSD, concorda. Conta um episódio com 13 anos relacionado com uma septicemia. Foi à urgência pública: “não tenho nada a apontar, nem sobre os profissionais, nem sobre o serviço.” No mesmo sentido responde a socialista Luísa Salgueiro sobre a urgência do hospital de S. João no Porto. Em dois casos “complexos” com familiares próximos diz ter sido “muitíssimo bem atendida nos dois casos.” A social-democrata Graça Mota, médica, não se alonga. Classifica apenas a sua experiência num serviço de urgência público como “razoável”.

Más experiências no serviço público há, pelo menos duas, na comissão parlamentar. “Já recorri a serviços de urgência. Fi-lo no público, no distrito de Portalegre, não temos outra alternativa. E a experiência foi má, um autêntico caos”, conta a socialista Sandra Cardoso. A esta deputada junta-se o social-democrata Couto dos Santos que já esteve na “urgência do hospital da Feira [Santa Maria da Feira], S. Sebastião, em 2009, devido a um acidente”. Foi transportado pelo INEM e, depois de “quatro horas de espera”, foi atendido “e só no essencial”: “Logo, uma experiência muito má.”

Mas também há relatos pouco positivos no privado. Maria da Conceição Caldeira, PSD, foi a um serviço de urgência num hospital privado e a experiência “não foi muito agradável, porque havia muita gente” e o caso que a levou lá – gripe – não foi considerado prioritário.

Para Paulo Almeida, do CDS-PP, os dois serviços, público e privado, complementam-se. Já foi aos dois em urgências e “ambas as experiências foram satisfatórias”: “O sector privado em Portugal complementa bem o SNS, nomeadamente na rapidez para exames médicos.” João Rebelo, do CDS-PP, também destaca, tanto nas urgências do público, como do privado, a “boa qualidade” e o “bom atendimento”.

Especialidades: público e privado

Já para consultas da especialidade, a escolha da maioria divide-se entre o público e o privado, mas há pelo menos cinco deputados que neste caso optam, regra geral, pelo privado. Escolhas condicionadas pelo facto de terem ou não seguro de saúde ou ADSE. “Depende do médico e da especialidade. Por norma, vou ao público, mas há médicos em quem confio que hoje estão apenas no privado”, conta Teresa Caeiro (CDS-PP), cujo filho nasceu num hospital público. Laura Esperança (PSD) ilustra: por para ir ao dentista, ao cardiologista, ao ginecologista, vai ao privado. Ao dermatologista, por exemplo, vai ao público.

A socialista Idália Serrão recorre “regularmente” ao público, excepto em especialidades como a oftalmologia, a odontologia ou a ginecologia. Tem seguro de saúde que lhe “dá condições mais vantajosas no acesso” a estas especialidades e os filhos têm seguros de saúde que “decorrem das suas actividades desportivas e profissionais”.

Também há deputados com ADSE que vão ao privado com convenção: “Normalmente [vou] ao privado com convenção com ADSE por ser mais fácil compatibilizar as marcações com o meu horário de trabalho”, diz Maria Manuela Tender (PSD). Para gerir o tempo e as consultas dos filhos, procura fazer coincidir todas as consultas “num dia”.

A socialista Luísa Salgueiro também tem ADSE, o que os deputados eleitos após 2005 não têm. Primeiro vai ao médico de família, “que acompanha a família toda”. Se houver necessidade de passar a uma especialidade, começa por tentar o serviço público. “Se houver listas de espera muito longas”, vai ao convencionado pela ADSE.

Três sociais-democratas (Elza Cordeiro, Couto dos Santos e Correia de Jesus), uma socialista (Sandra Cardoso) e um centrista (João Rebelo) têm em comum terem sistemas de saúde privados que preferem utilizar para as consultas de especialidade.

Desporto? Tabaco?

E quanto a hábitos de saúde? Os deputados fumam? . A esmagadora maioria dos 15 que responderam ao conjunto de questões não fuma (12). Há uma resposta positiva e dois deputados não revelam. Também pelo menos nove deputados não escondem que devia fazer mais desporto.

Ivo Oliveira joga regularmente futebol e basquetebol. João Rebelo faz desporto todos os dias: “Kickboxe e crossfit.” Sandra Cardoso faz caminhadas regularmente. Um gosto partilhado por Couto dos Santos: “Gosto de andar e muito”.

Mas a maioria não faz exercício de forma regular. As respostas repetem-se: Correia de Jesus pratica com a “regularidade possível”. Maria da Conceição Caldeira, por falta de tempo, “não tanto como devia”. Teresa Caeiro, de forma “irregular”. Laura Esperança “não tão regularmente como queria”. Maria Manuela Tender também não faz “com a regularidade que deveria”. O mesmo se passa com Elsa Cordeiro. Paulo Almeida admite que “devia praticar mais”. Idália Serrão também não pratica com regularidade. Luísa Salgueiro admite: “Não pratico.”

Cunha não, ajudar alguém

De uma forma geral, este grupo de deputados recusa ter metido cunhas para si ou para outros. Mas admitem que já ajudaram alguém: “Nunca meti nenhuma cunha para um acesso mais rápido a um serviço de saúde. Mas já meti [uma] cunha, não para mim ou familiares directos, mas sim para pessoas do meu conhecimento pessoal que, perante uma situação muito grave de saúde, solicitaram a minha intervenção, não para terem um acesso mais rápido, mas sim para terem uma atenção no tratamento da situação, de forma a sentirem um maior conforto por parte do serviço e dos seus profissionais”, conta a deputada do PSD, Elsa Cordeiro.

Também Teresa Caeiro, do CDS-PP, responde “não”, quando questionada sobre cunhas para a família: “Nunca meti ou tentei meter para mim ou familiar próximo qualquer cunha para acesso a serviço de saúde.” Mas já lhe pediram ajuda: “Não diria cunhas, mas antes pedidos de esclarecimento. Mas, sim, já aconteceu pessoas minhas conhecidas e outras que me eram absolutamente desconhecidas pedirem para saber se seria normal ‘x’ tempo de espera para uma cirurgia ou o seu adiamento por ‘y’ vezes; ou a dificuldade na marcação de consultas ou acesso a ajudas técnicas. Mas pedem quer para o público, quer para o privado.”

A social-democrata Laura Esperança diz não saber responder à questão das “cunhas”: “Como sou uma pessoa muito conhecida no meu meio, não lhe sei responder. Fui presidente de uma junta de freguesia durante 12 anos e nunca ninguém se dirigiu à minha pessoa para solicitar cunhas, na saúde.” Mas acrescenta: “O que registo é que as pessoas são tratadas, quer no centro de saúde, quer no centro hospitalar e estão satisfeitas. Julgo que o que traz mais problemas são acidentes [em geral] e [acidentes] de trabalho com seguradoras. Tenho conhecimento de alguns que não correram nem correm bem.”

Maria Manuela Tender, PSD, garante que “nunca” precisou de meter qualquer cunha, “pois as marcações normalmente são num prazo razoável”. E ressalva: “Também nunca me foi solicitada qualquer intervenção a esse nível. Creio não ser necessário, mas é a minha percepção da realidade. Já me aconteceu, por não conhecer os nomes dos especialistas que davam consulta no privado e me eram sugeridos para marcação pelos telefonistas, solicitar a familiares da área da saúde referências sobre as competências dos mesmos, mas isso é normalíssimo.”

Já o deputado do CDS-PP, Paulo Almeida, admite que já tentaram meter cunhas junto dele, mas “nunca” acedeu. Luísa Salgueiro, socialista, diz que “às vezes” pedem-lhe “para saber como está alguém que está internado no hospital”: “Mas cunhas, não.”

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