Clube de Reflexão Política: Fernando Nobre entre o Partido e a Cidadania

20-01-2012
marcar artigo


E quando pensamos que já vimos tudo, enganamo-nos. E quando acreditamos na cidadania corremos o risco de nos enganarmos. Eu não apoiei Fernando Nobre. Como não apoiei Manuel Alegre há cinco anos quando se apresentou como candidato da cidadania.
Porquê? Porque acredito que a melhor forma da cidadania influenciar o poder político e as decisões que são tomadas é envolvendo-se na vida política e partidária. Muitos acreditarão nas soluções das candidaturas da cidadania por estas não estarem “inquinadas” pelo vício e pelo jogo do poder partidário. Mas a verdade é que a inexistência de um corpo constante e agregador nestas candidaturas pode levar a que, num ápice tudo mude e uma candidatura que tinha um propósito passe, de repente, a prosseguir outros desígnios diferentes.
Fernando Nobre enfrentou as candidaturas do sistema ao qual, disse-o na altura, não queria pertencer. Mas logo após as eleições tratou de se encontrar com os líderes partidários para fazer contas. E que contas! Há uma semana começou a falar-se de um eventual apoio de Nobre à candidatura de Passos Coelho. Não seria ilegítimo que, apesar ter representado essa entidade vastíssima que é a Cidadania, apoiasse uma candidatura partidária. Poderia ser questionável mas não ilegítimo.
Todavia, logo após o encerramento do Congresso do PS, Passos Coelho lançou a bomba a partir da Madeira. “Recebi a confirmação de que o Dr. Fernando Nobre” aceitou transferir para as minhas contas eleitorais os seus 14% de votos. Esta seria a frase que Passos Coelho teria proferido se fosse honesto.
O Nobre candidato da cândida cidadania decidiu tornar-se o Burguês candidato da experimentada política partidária da Direita. Nada mais desonesto. Nada mais inqualificável.
Porém, e quando pensamos que a história terminou, os senhores saltam para a “populaça” com a informação de que Nobre será presidente da Assembleia da República. Ora essa! Mas e as eleições? Agora já nem se vota? Estou muito expectante por ouvir Fernando Nobre em campanha. Que dirá o arauto da cidadania em favor de uma campanha partidária? Que bandeiras agitará na rua (as suas ou as do PSD)? Que dirá se se encontrar na rua com cidadãos com quem falou há 4 meses acerca das insuficiências do sistema político e dos seus actores? Terá coragem de admitir a cambalhota seguida de pino invertido?
Texto publicado no Blog de esquerda da Revista Sábado


E quando pensamos que já vimos tudo, enganamo-nos. E quando acreditamos na cidadania corremos o risco de nos enganarmos. Eu não apoiei Fernando Nobre. Como não apoiei Manuel Alegre há cinco anos quando se apresentou como candidato da cidadania.
Porquê? Porque acredito que a melhor forma da cidadania influenciar o poder político e as decisões que são tomadas é envolvendo-se na vida política e partidária. Muitos acreditarão nas soluções das candidaturas da cidadania por estas não estarem “inquinadas” pelo vício e pelo jogo do poder partidário. Mas a verdade é que a inexistência de um corpo constante e agregador nestas candidaturas pode levar a que, num ápice tudo mude e uma candidatura que tinha um propósito passe, de repente, a prosseguir outros desígnios diferentes.
Fernando Nobre enfrentou as candidaturas do sistema ao qual, disse-o na altura, não queria pertencer. Mas logo após as eleições tratou de se encontrar com os líderes partidários para fazer contas. E que contas! Há uma semana começou a falar-se de um eventual apoio de Nobre à candidatura de Passos Coelho. Não seria ilegítimo que, apesar ter representado essa entidade vastíssima que é a Cidadania, apoiasse uma candidatura partidária. Poderia ser questionável mas não ilegítimo.
Todavia, logo após o encerramento do Congresso do PS, Passos Coelho lançou a bomba a partir da Madeira. “Recebi a confirmação de que o Dr. Fernando Nobre” aceitou transferir para as minhas contas eleitorais os seus 14% de votos. Esta seria a frase que Passos Coelho teria proferido se fosse honesto.
O Nobre candidato da cândida cidadania decidiu tornar-se o Burguês candidato da experimentada política partidária da Direita. Nada mais desonesto. Nada mais inqualificável.
Porém, e quando pensamos que a história terminou, os senhores saltam para a “populaça” com a informação de que Nobre será presidente da Assembleia da República. Ora essa! Mas e as eleições? Agora já nem se vota? Estou muito expectante por ouvir Fernando Nobre em campanha. Que dirá o arauto da cidadania em favor de uma campanha partidária? Que bandeiras agitará na rua (as suas ou as do PSD)? Que dirá se se encontrar na rua com cidadãos com quem falou há 4 meses acerca das insuficiências do sistema político e dos seus actores? Terá coragem de admitir a cambalhota seguida de pino invertido?
Texto publicado no Blog de esquerda da Revista Sábado

marcar artigo