PALAVROSSAVRVS REX: MIGUEL SOUSA TAVARES E OS PARAÍSOS NACIONAIS VIOLENTADOS

04-07-2011
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Começo a convencer-me de que mais quarenta anos em Portugual de discursos certeiros sobre ambiente, reformismo administrativo e ordenamento do território, artigos de opinião e prosápia vã concernentes a estes dois tópicos, de diagnósticos corajosos debalde elaborados, de denúncia de abusos urbanísticos, mas inconsequente, de aberrações arquitectónicas, mas irreversíveis, da habitual delapidação dos recursos naturais e paisagísticos, mas sem retorno,mais quarenta anos deste exercício contundente de uma mera indignação formal, dizia,e o País já será, ainda com mais entusiasmo, este lamentável queijo suíço, esburacado, desmatado, betonado, desnaturado lá, onde era mais imperdoável. lkjFelizmente, ainda acredito na capacidade de a Natureza reclamar para si muitas vezes o que por sofreguidão de ganho o HML, Homem Medíocre Luso,julga edificar definitivamente e conservar definitivamente como seu. Haverá certamente ainda prodigiosos maremotos e terramotos genesíacos e a respectiva promessa de regeneração e humildade para os insuportáveis chulos corruptos,céleres violentadores do nosso olhar e do nosso bem-estar íntimo. lkjDaí que a eloquência nostálgica de Miguel Sousa Tavarespara com os seus redutos secretos de um Portugal litoral desconhecido e raro, - o barlavento algarvio e o litoral alentejano intocáveis de há trinta anos -, em nada me emocione e em nada me acalente rebeliões indignadas, vergonhas virgens,numa espécie de comunhão meramente verbal com os dedos indicadores acusativoscontra o estado calamitoso a que chegaram.lkjNada a fazer se os Patos Bravios sequestraram o sentido profundode um Estado Soberano, violentaram a Nação,e fizeram da República o corrupto Prostíbulo vendido aos Interesses que cansativamente se implicitam nos Jornais, mas nunca terão rosto e a devida punição.Marinho Pinto mata e esfola. Cravinho amarelamente denuncia. Sousa Tavares chora e acusa retoricamente.lkjPromíscua e puta, a impunidade mais desavergonhada segue igual a si mesma:lkj«E todos os anos, por esta altura, percorrendo estas terras que guardo na memória como a mais incurável das feridas, faço-me a mesma pergunta: Porquê? Porquê tanta devastação, tanto horror, tanta construção, tanta estupidez? Tanto prédio estilo-Brandoa, tanto guindaste, tanto barulho de obras eternas, tanta rotunda, tanta 'escultura' do primo do cunhado do presidente da câmara, e sempre as mesmas estradas, os mesmos (isto é, nenhuns) lugares de estacionamento, os mesmos (isto é, nenhuns) espaços verdes? Não, nem mesmo o mais incompetente dos autarcas pode olhar para aquilo e não entender a monumental obra de exaltação da estupidez humana que está à vista. Não, não é apenas incompetência, nem mau gosto levado ao extremo, nem simples estupidez. Em muitos e muitos casos a razão pela qual o litoral alentejano e o barlavento algarvio foram saqueados, sem pudor nem vergonha, tem apenas um nome: corrupção. Acuso essa exaltante conquista de Abril, que é o poder local, de ter destruído, por ganância dos seus eleitos, todo ou quase todo o litoral português. Acuso agora José Sócrates de não ter tido a coragem política de cumprir uma das promessas do seu programa eleitoral, que era a de progressivamente financiar as autarquias a partir do Orçamento do Estado, em exclusivo, deixando de lhes permitir financiarem-se também com as receitas locais do imobiliário - deste modo impedindo que quem mais construção autoriza, mais receitas tenha. Acuso o Governo de José Sócrates de ter feito pior ainda, inventando essa coisa nefasta dos projectos PIN (de interesse nacional!), ao abrigo dos quais é o Governo Central que vem autorizando megaconstruções que as próprias autarquias acham de mais. Acuso esta gente que só sabe governar para eleições, que não tem sequer amor algum à terra que os viu nascer, que enche a boca de palavrões tais como "preservação do ambiente" e "crescimento sustentado" e que não é mais do que baba nas suas bocas, de serem os piores inimigos que o país tem. Gente que não ama Portugal, que não respeita o que herdou, que não tem vergonha do que vai deixar.»lkjin Expresso


Começo a convencer-me de que mais quarenta anos em Portugual de discursos certeiros sobre ambiente, reformismo administrativo e ordenamento do território, artigos de opinião e prosápia vã concernentes a estes dois tópicos, de diagnósticos corajosos debalde elaborados, de denúncia de abusos urbanísticos, mas inconsequente, de aberrações arquitectónicas, mas irreversíveis, da habitual delapidação dos recursos naturais e paisagísticos, mas sem retorno,mais quarenta anos deste exercício contundente de uma mera indignação formal, dizia,e o País já será, ainda com mais entusiasmo, este lamentável queijo suíço, esburacado, desmatado, betonado, desnaturado lá, onde era mais imperdoável. lkjFelizmente, ainda acredito na capacidade de a Natureza reclamar para si muitas vezes o que por sofreguidão de ganho o HML, Homem Medíocre Luso,julga edificar definitivamente e conservar definitivamente como seu. Haverá certamente ainda prodigiosos maremotos e terramotos genesíacos e a respectiva promessa de regeneração e humildade para os insuportáveis chulos corruptos,céleres violentadores do nosso olhar e do nosso bem-estar íntimo. lkjDaí que a eloquência nostálgica de Miguel Sousa Tavarespara com os seus redutos secretos de um Portugal litoral desconhecido e raro, - o barlavento algarvio e o litoral alentejano intocáveis de há trinta anos -, em nada me emocione e em nada me acalente rebeliões indignadas, vergonhas virgens,numa espécie de comunhão meramente verbal com os dedos indicadores acusativoscontra o estado calamitoso a que chegaram.lkjNada a fazer se os Patos Bravios sequestraram o sentido profundode um Estado Soberano, violentaram a Nação,e fizeram da República o corrupto Prostíbulo vendido aos Interesses que cansativamente se implicitam nos Jornais, mas nunca terão rosto e a devida punição.Marinho Pinto mata e esfola. Cravinho amarelamente denuncia. Sousa Tavares chora e acusa retoricamente.lkjPromíscua e puta, a impunidade mais desavergonhada segue igual a si mesma:lkj«E todos os anos, por esta altura, percorrendo estas terras que guardo na memória como a mais incurável das feridas, faço-me a mesma pergunta: Porquê? Porquê tanta devastação, tanto horror, tanta construção, tanta estupidez? Tanto prédio estilo-Brandoa, tanto guindaste, tanto barulho de obras eternas, tanta rotunda, tanta 'escultura' do primo do cunhado do presidente da câmara, e sempre as mesmas estradas, os mesmos (isto é, nenhuns) lugares de estacionamento, os mesmos (isto é, nenhuns) espaços verdes? Não, nem mesmo o mais incompetente dos autarcas pode olhar para aquilo e não entender a monumental obra de exaltação da estupidez humana que está à vista. Não, não é apenas incompetência, nem mau gosto levado ao extremo, nem simples estupidez. Em muitos e muitos casos a razão pela qual o litoral alentejano e o barlavento algarvio foram saqueados, sem pudor nem vergonha, tem apenas um nome: corrupção. Acuso essa exaltante conquista de Abril, que é o poder local, de ter destruído, por ganância dos seus eleitos, todo ou quase todo o litoral português. Acuso agora José Sócrates de não ter tido a coragem política de cumprir uma das promessas do seu programa eleitoral, que era a de progressivamente financiar as autarquias a partir do Orçamento do Estado, em exclusivo, deixando de lhes permitir financiarem-se também com as receitas locais do imobiliário - deste modo impedindo que quem mais construção autoriza, mais receitas tenha. Acuso o Governo de José Sócrates de ter feito pior ainda, inventando essa coisa nefasta dos projectos PIN (de interesse nacional!), ao abrigo dos quais é o Governo Central que vem autorizando megaconstruções que as próprias autarquias acham de mais. Acuso esta gente que só sabe governar para eleições, que não tem sequer amor algum à terra que os viu nascer, que enche a boca de palavrões tais como "preservação do ambiente" e "crescimento sustentado" e que não é mais do que baba nas suas bocas, de serem os piores inimigos que o país tem. Gente que não ama Portugal, que não respeita o que herdou, que não tem vergonha do que vai deixar.»lkjin Expresso

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