Fiel Inimigo: Redeker e a esquerda europeia

26-01-2012
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Até há dois anos, Robert Redeker, um típico intelectual oriundo da esquerda francesa, pacato professor de Filosofía e membro da redacção do «Le Temps Moderns», (revista de esquerda, fundada por Sartre), era um homem livre e escrevia artigos de opinião sob os mais variados temas.Em 19 de Setembro de 2006, Redeker publicou no «Le Figaro», um artigo que lhe virou a vida do avesso e o transformou num homem acossado, refugiado na sua própria terra, sob protecção policial, ameaçado de morte pelos terroristas islâmicos.Redeker “abusou da liberdade de expressão” e escreveu que o Islão ameaça a civilização ocidental, não sendo o Ocidente capaz de reagir à intimidação, porque está refém intelectual do multiculturalismo e do relativismo cultural.O artigo desencadeou uma tempestade nas ruas, na media e nos círculos académicos. Vários países muçulmanos proibiram a sua publicação, choveram os insultos de islamofobia e racismo.Alguns intelectuais franceses (André Glucksmann, Elizabeth Badinter, Bernard Hebry Levy, etc), honra lhe seja feita, saíram a terreiro em defesa de Redeker, mas a maioria das reacções confirmou a sua tese.O Partido Comunista insurgiu-se; os sindicatos socialistas fizeram questão de comunicar que não partilhavam as convicções de Redeker; organizações de direitos humanos conotadas à esquerda, referiram-se à suas opiniões como “irresponsáveis e pútridas”O professor Pierre Tevanian, que faz a ponte entre a extrema-esquerda francesa e o islamismo, uma espécie de versão francesa do Dr Miguel Portas, declarou que Redeker era ”racista” e instou a sua escola a puni-lo.Vários média convidaram Redeker a “pedir desculpa” e até o corpo editorial do “Le Monde” classificou o artigo de Redeker como “insultuoso e blasfemo”, alegação extraordinária que pressupõe a inacreditável ideia de que até os não muçulmanos têm de respeitar como sagradas as crenças dos muçulmanos, passíveis apenas de veneração, jamais de crítica ou investigação.A reacção da esquerda repete-se por todo o continente a cada episódio semelhante e demonstra que quando tema é o Islão, a liberdade de expressão claudica, não nos limites da lei, mas na zona cinzenta de um novo/velho conceito a que os seus proponentes chamam “bom senso”, cuja definição coincide basicamente com o senso dos que o invocam, imunes ao facto de haver no planeta pelo menos 6 biliões de seres que consideram, cada um deles, que o "bom senso" é o seu senso.Trata-se, na verdade, de racionalizar a hipocrisia. Face ao Islão, parte do mundo académico, da esquerda e da comunicação social perde a combatividade e exibe atitudes que vão do silêncio respeitoso e comprometido ao apoio entusiástico e militante.Esta amálgama apaziguadora assegura que a progressiva islamização de vastos subúrbios da Europa não encerra em si nenhuma ameaça, e desliza abertamente para a manifestação de simpatia aberta com o Hamas, o Hezbollah (somos todos Hezbollah!) e o Irão.Adoptou imediatamente o conceito de “islamofobia”, inventado pelos aiatolas iranianos e, tal como eles, usa-o para deslegitimar todos aqueles que se atrevem a discordar.Como escreveu o próprio Redeker, partir da sua vida em cacos, “eu nunca pensei que isto pudesse acontecer na França. Não posso trabalhar, não posso ir e vir, e tenho de viver escondido. De certo modo os islamistas conseguiram punir-me no território da República, pelo delito de opinião"

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Até há dois anos, Robert Redeker, um típico intelectual oriundo da esquerda francesa, pacato professor de Filosofía e membro da redacção do «Le Temps Moderns», (revista de esquerda, fundada por Sartre), era um homem livre e escrevia artigos de opinião sob os mais variados temas.Em 19 de Setembro de 2006, Redeker publicou no «Le Figaro», um artigo que lhe virou a vida do avesso e o transformou num homem acossado, refugiado na sua própria terra, sob protecção policial, ameaçado de morte pelos terroristas islâmicos.Redeker “abusou da liberdade de expressão” e escreveu que o Islão ameaça a civilização ocidental, não sendo o Ocidente capaz de reagir à intimidação, porque está refém intelectual do multiculturalismo e do relativismo cultural.O artigo desencadeou uma tempestade nas ruas, na media e nos círculos académicos. Vários países muçulmanos proibiram a sua publicação, choveram os insultos de islamofobia e racismo.Alguns intelectuais franceses (André Glucksmann, Elizabeth Badinter, Bernard Hebry Levy, etc), honra lhe seja feita, saíram a terreiro em defesa de Redeker, mas a maioria das reacções confirmou a sua tese.O Partido Comunista insurgiu-se; os sindicatos socialistas fizeram questão de comunicar que não partilhavam as convicções de Redeker; organizações de direitos humanos conotadas à esquerda, referiram-se à suas opiniões como “irresponsáveis e pútridas”O professor Pierre Tevanian, que faz a ponte entre a extrema-esquerda francesa e o islamismo, uma espécie de versão francesa do Dr Miguel Portas, declarou que Redeker era ”racista” e instou a sua escola a puni-lo.Vários média convidaram Redeker a “pedir desculpa” e até o corpo editorial do “Le Monde” classificou o artigo de Redeker como “insultuoso e blasfemo”, alegação extraordinária que pressupõe a inacreditável ideia de que até os não muçulmanos têm de respeitar como sagradas as crenças dos muçulmanos, passíveis apenas de veneração, jamais de crítica ou investigação.A reacção da esquerda repete-se por todo o continente a cada episódio semelhante e demonstra que quando tema é o Islão, a liberdade de expressão claudica, não nos limites da lei, mas na zona cinzenta de um novo/velho conceito a que os seus proponentes chamam “bom senso”, cuja definição coincide basicamente com o senso dos que o invocam, imunes ao facto de haver no planeta pelo menos 6 biliões de seres que consideram, cada um deles, que o "bom senso" é o seu senso.Trata-se, na verdade, de racionalizar a hipocrisia. Face ao Islão, parte do mundo académico, da esquerda e da comunicação social perde a combatividade e exibe atitudes que vão do silêncio respeitoso e comprometido ao apoio entusiástico e militante.Esta amálgama apaziguadora assegura que a progressiva islamização de vastos subúrbios da Europa não encerra em si nenhuma ameaça, e desliza abertamente para a manifestação de simpatia aberta com o Hamas, o Hezbollah (somos todos Hezbollah!) e o Irão.Adoptou imediatamente o conceito de “islamofobia”, inventado pelos aiatolas iranianos e, tal como eles, usa-o para deslegitimar todos aqueles que se atrevem a discordar.Como escreveu o próprio Redeker, partir da sua vida em cacos, “eu nunca pensei que isto pudesse acontecer na França. Não posso trabalhar, não posso ir e vir, e tenho de viver escondido. De certo modo os islamistas conseguiram punir-me no território da República, pelo delito de opinião"

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