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16-10-2014
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Sandra Clemente

Ontem 00:04

A pergunta é absolutamente tendenciosa. As legislativas entre Setembro e Outubro respeitarão os prazos constitucionais e os da Lei Eleitoral.

O processo orçamental de 2016, no âmbito do semestre Europeu, arranca em Fevereiro de 2015 e este Governo, como lhe compete durante o seu mandato de quatro anos, terá no Conselho Europeu os seus ministros das áreas do emprego, economia e finanças que, com o Parlamento Europeu, discutirão a Análise Anual de Crescimento com base na qual o Conselho adoptará as prioridades económicas da UE e a Comissão publicará análises dos Estados-membros que, em Abril, apresentarão os seus planos Nacionais de Reformas (económicas). Tudo atempadamente. Por que é que a questão se levanta? Já no início deste ano o PS queria eleições antes do Verão, encavalitadas nas Europeias, para que "o governo que se seguisse dispusesse das melhores condições para elaborar a proposta de Orçamento do Estado para 2015."; ou em Setembro, depois da saída da ‘troika'. Importante era ter eleições porque Seguro não aguentava o desgaste como líder da oposição. Coisa que Costa percebeu num instante. Chegado ao poder há uma semana, a primeira sondagem dá ao PS um empate com a coligação governamental, 34,8%, 34,2%. Não descolou. E precisa de eleições já. Alega agora os prazos normais, não quer as legislativas "encavalitadas nas presidenciais" e quer retomar a confiança. Confiança em quem? Votar em quem? Nele, que foi ministro de Sócrates, ou em Marcos Perestrello que foi secretário de Estado, de governos que viram o buraco em que o país se encontrava e assobiaram para o ar até à intervenção? O Finantial Times escrevia ontem que a característica profissional mais subvalorizada é a conscienciosidade. Não chegam criatividade, inteligência emocional, jeito para lidar com as pessoas, experiência ou capacidade crítica. É preciso fazer as coisas com rigor e seriedade. A política, o Governo, a oposição, são para trabalhar. Quando Bruxelas ou o PR pedem acordos políticos alargados é para fazer acordos não eleições (Pacto sobre a Segurança Social? "Não vamos atrelar o PS ao comboio da austeridade". Acordo para reforma do IRS? "Acordos para 2016 só depois das legislativas". "Temos que consolidar o acordo do IRC".); as reformas são para ser feitas, não são para pedir demissões. Costa podia, por exemplo, criar um governo sombra, marcar os ministros pasta a pasta e indicar políticas alternativas. Mas isto ele não faz. Enfrentar estas coisas dá trabalho. Bem mais do que teria dado, em sete anos, resolver o problema das cheias em Lisboa.

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A pergunta é absolutamente tendenciosa. As legislativas entre Setembro e Outubro respeitarão os prazos constitucionais e os da Lei Eleitoral.

O processo orçamental de 2016, no âmbito do semestre Europeu, arranca em Fevereiro de 2015 e este Governo, como lhe compete durante o seu mandato de quatro anos, terá no Conselho Europeu os seus ministros das áreas do emprego, economia e finanças que, com o Parlamento Europeu, discutirão a Análise Anual de Crescimento com base na qual o Conselho adoptará as prioridades económicas da UE e a Comissão publicará análises dos Estados-membros que, em Abril, apresentarão os seus planos Nacionais de Reformas (económicas). Tudo atempadamente. Por que é que a questão se levanta? Já no início deste ano o PS queria eleições antes do Verão, encavalitadas nas Europeias, para que "o governo que se seguisse dispusesse das melhores condições para elaborar a proposta de Orçamento do Estado para 2015."; ou em Setembro, depois da saída da ‘troika'. Importante era ter eleições porque Seguro não aguentava o desgaste como líder da oposição. Coisa que Costa percebeu num instante. Chegado ao poder há uma semana, a primeira sondagem dá ao PS um empate com a coligação governamental, 34,8%, 34,2%. Não descolou. E precisa de eleições já. Alega agora os prazos normais, não quer as legislativas "encavalitadas nas presidenciais" e quer retomar a confiança. Confiança em quem? Votar em quem? Nele, que foi ministro de Sócrates, ou em Marcos Perestrello que foi secretário de Estado, de governos que viram o buraco em que o país se encontrava e assobiaram para o ar até à intervenção? O Finantial Times escrevia ontem que a característica profissional mais subvalorizada é a conscienciosidade. Não chegam criatividade, inteligência emocional, jeito para lidar com as pessoas, experiência ou capacidade crítica. É preciso fazer as coisas com rigor e seriedade. A política, o Governo, a oposição, são para trabalhar. Quando Bruxelas ou o PR pedem acordos políticos alargados é para fazer acordos não eleições (Pacto sobre a Segurança Social? "Não vamos atrelar o PS ao comboio da austeridade". Acordo para reforma do IRS? "Acordos para 2016 só depois das legislativas". "Temos que consolidar o acordo do IRC".); as reformas são para ser feitas, não são para pedir demissões. Costa podia, por exemplo, criar um governo sombra, marcar os ministros pasta a pasta e indicar políticas alternativas. Mas isto ele não faz. Enfrentar estas coisas dá trabalho. Bem mais do que teria dado, em sete anos, resolver o problema das cheias em Lisboa.

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