Nome de Sócrates é 'tabu' no palanque, mas domina nos bastidores

30-11-2014
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Nome de Sócrates é 'tabu' no palanque, mas domina nos bastidores

Inês David Bastos e Mariana Adam

Ontem 20:47

Costa, Perestrello e Alegre referiram-se indirectamente ao caso Sócrates. À margem do congresso o tema causa incómodo e preocupação.

O nome do ex-primeiro-ministro não foi proferido uma única vez no palanque do XX Congresso socialista no primeiro dia de trabalhos. Mas nos corredores, entre um café ou o cigarro, a sua detenção e posterior prisão preventiva foi o tema dominante.

Nos discursos, dentro da sala do congresso, alguns dirigentes e militantes socialistas referiram-se ao recente 'terramoto' que chocou a sociedade e, sobretudo, o PS. Mas nenhum pronunciou o nome José Sócrates. Referiram-se sempre ao assunto de forma indirecta. António Costa, o recém-empossado líder socialista, foi o primeiro a abrir as hostilidades para elogiar os socialistas pela forma como enfrentaram "o choque brutal" para o qual "ninguém está preparado".

Abrindo a sua intervenção com alusão indirecta ao caso do momento, o secretário-geral tentava, assim, estancar possíveis alusões a Sócrates no palanque, reiterando a mensagem que tem vindo a passar desde a prisão: que separem o caso judicial da política.

Marcos Perestrello já tinha antes feito uma referência muito indirecta ao recuperar um 'slogan' do partido: "Quanto mais a luta aquece, mais força tem o PS".

Manuel Alegre também quis deixar uma alusão ao caso, solidarizando-se com o ex-primeiro-ministro, mas também ele nunca citou o nome. O histórico garantiu que o PS não "apaga fotografias" e assume toda a sua história e deixou claro que não tem medo de "fantasmas". Tentando galvanizar os militantes para o período difícil que o partido enfrenta, Alegre pediu coesão e união.

Outra militante que se referiu ao caso, também indirectamente, foi Ana Gomes, mas em sentido oposto. A eurodeputada pediu a António Costa que diga "nunca mais" a amnistias que beneficiem evasores fiscais. De acordo com o Ministério Público, José Sócrates terá beneficiado de um programa de regularização fiscal que o próprio criou para alegadamente branquear capital.

Antes, Carlos César, o novo presidente do PS, tinha avisado que o partido devia liderar o combate à corrupção, admitindo "erros de governação" no Executivo de José Sócrates.

Enquanto dentro da sala se evitava a todo o custo referir directamente o nome José Sócrates, nos bastidores, fosse em conversa entre congressistas, fosse em declarações de dirigentes aos jornalistas, o nome foi mencionado de forma recorrente. Alguns mostravam incómodo pela prisão do ex-primeiro-ministro, outros falavam abertamente da consternação que causou a todo o PS a sua detenção.

Em conversa com o Económico, alguns delegados mostram preocupação com as mazelas que o caso poderá trazer ao PS. Outros criticavam duramente a forma como a detenção tinha ocorrido em pleno aeroporto de Lisboa, considerando que o ex-primeiro-ministro "não foi tratado de forma igual" pela Justiça.

Aos microfones das rádios e televisões, os dirigentes ou históricos comentavam à entrada o caso, repetindo o apelo que tinha sido feito pelo líder: o caso de Sócrates é de justiça e o PS confia no Estado de Direito.

Nome de Sócrates é 'tabu' no palanque, mas domina nos bastidores

Inês David Bastos e Mariana Adam

Ontem 20:47

Costa, Perestrello e Alegre referiram-se indirectamente ao caso Sócrates. À margem do congresso o tema causa incómodo e preocupação.

O nome do ex-primeiro-ministro não foi proferido uma única vez no palanque do XX Congresso socialista no primeiro dia de trabalhos. Mas nos corredores, entre um café ou o cigarro, a sua detenção e posterior prisão preventiva foi o tema dominante.

Nos discursos, dentro da sala do congresso, alguns dirigentes e militantes socialistas referiram-se ao recente 'terramoto' que chocou a sociedade e, sobretudo, o PS. Mas nenhum pronunciou o nome José Sócrates. Referiram-se sempre ao assunto de forma indirecta. António Costa, o recém-empossado líder socialista, foi o primeiro a abrir as hostilidades para elogiar os socialistas pela forma como enfrentaram "o choque brutal" para o qual "ninguém está preparado".

Abrindo a sua intervenção com alusão indirecta ao caso do momento, o secretário-geral tentava, assim, estancar possíveis alusões a Sócrates no palanque, reiterando a mensagem que tem vindo a passar desde a prisão: que separem o caso judicial da política.

Marcos Perestrello já tinha antes feito uma referência muito indirecta ao recuperar um 'slogan' do partido: "Quanto mais a luta aquece, mais força tem o PS".

Manuel Alegre também quis deixar uma alusão ao caso, solidarizando-se com o ex-primeiro-ministro, mas também ele nunca citou o nome. O histórico garantiu que o PS não "apaga fotografias" e assume toda a sua história e deixou claro que não tem medo de "fantasmas". Tentando galvanizar os militantes para o período difícil que o partido enfrenta, Alegre pediu coesão e união.

Outra militante que se referiu ao caso, também indirectamente, foi Ana Gomes, mas em sentido oposto. A eurodeputada pediu a António Costa que diga "nunca mais" a amnistias que beneficiem evasores fiscais. De acordo com o Ministério Público, José Sócrates terá beneficiado de um programa de regularização fiscal que o próprio criou para alegadamente branquear capital.

Antes, Carlos César, o novo presidente do PS, tinha avisado que o partido devia liderar o combate à corrupção, admitindo "erros de governação" no Executivo de José Sócrates.

Enquanto dentro da sala se evitava a todo o custo referir directamente o nome José Sócrates, nos bastidores, fosse em conversa entre congressistas, fosse em declarações de dirigentes aos jornalistas, o nome foi mencionado de forma recorrente. Alguns mostravam incómodo pela prisão do ex-primeiro-ministro, outros falavam abertamente da consternação que causou a todo o PS a sua detenção.

Em conversa com o Económico, alguns delegados mostram preocupação com as mazelas que o caso poderá trazer ao PS. Outros criticavam duramente a forma como a detenção tinha ocorrido em pleno aeroporto de Lisboa, considerando que o ex-primeiro-ministro "não foi tratado de forma igual" pela Justiça.

Aos microfones das rádios e televisões, os dirigentes ou históricos comentavam à entrada o caso, repetindo o apelo que tinha sido feito pelo líder: o caso de Sócrates é de justiça e o PS confia no Estado de Direito.

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