Assertivo

30-06-2011
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É FARTAR, VILANAGEM!
1. Olhem lá, não há uma vagazinha para mim no Conselho de Administração da Caixa Geral de Depósitos? Que jeito que me dava... trabalhar um ano e nove meses e sair com uma reforma de dezoito mil euros! Também quero! Que é que preciso de fazer, além de me inscrever no PSD, ter amigos na Linha e ter feito carreira a divertir-me nos ralis e raides do desporto automóvel português? Digam-me lá, porque aquele dinheirito dava um certo jeito para compor o orçamento (o meu orçamento, claro; o do Estado pouco me interessa)!
2. Agora a sério: o Eng.º Luís Mira Amaral foi afastado do Conselho de Administração da CGD. Ou melhor: do Conselho Executivo da CGD. Porque uma luminária qualquer decidiu criar este órgão para alguém poder ocupar mais um cargo no sector financeiro do Estado. Nada mau, para quem anda sempre com o credo da contenção da despesa pública na boca... Mas esta direcção bicéfala não deu bons resultados, aparentemente por força das divergências entre o Conselho Executivo e o Conselho de Administração. Vai daí o Ministro das Finanças demitiu os presidentes dos dois órgãos e nomeou um catedrático com um curriculum absolutamente brilhante para ocupar um órgão único de administração. O Eng.º Mira Amaral pediu então a aposentação e, horas mais tarde, esta foi-lhe concedida: dezoito mil euros. Mensais, note-se bem! Isto é fantástico: cria-se um cargo à medida para recompensar um homem cujos únicos méritos conhecidos residem em ser do PSD e andar à volta do poder; esse homem apresenta resultados medíocres na administração do órgão que lhe foi confiado e, como compensação pelos seus árduos esforços, aposenta-se com uma pensão milionária! É fartar, vilanagem!
3. Mas é claro que a culpa de todos estes desmandos é dos funcionários públicos e da sua crónica falta de produtividade. Não é do esbanjamento de dinheiro em órgãos supérfluos, nem das pensões escandalosas dos gestores públicos. Todos os males das nossas finanças residem nos trabalhadores da função pública! Pouco importa que trabalhem doentes (Portugal tem a terceira menor taxa de absentismo por doença da União Europeia) ou que tenham os salários mais baixos da Europa: eles é que são os culpados. É por isso que vão receber aumentos abaixo da taxa de inflação real – apesar de os salários terem estado congelados durante os últimos dois anos! E andamos nós a pagar impostos para isto?! 4. Finalmente, alguns dias antes da limpeza na administração da CGD, o Partido Socialista livrou o povo de Matosinhos de dois caciques da pior espécie – Narciso Miranda e Manuel Seabra não serão candidatos às autárquicas. Por causa da peixeirada que precedeu a morte de Sousa Franco. Boas notícias para o poder local. Resta esperar que Narciso não se candidate como independente, e que Seabra não concorra (como já constou) pelo PSD. Porque os caciques agem em função do tacho, e não das convicções. Em todo o caso, tiro o chapéu ao PS. Fez justiça.

É FARTAR, VILANAGEM!
1. Olhem lá, não há uma vagazinha para mim no Conselho de Administração da Caixa Geral de Depósitos? Que jeito que me dava... trabalhar um ano e nove meses e sair com uma reforma de dezoito mil euros! Também quero! Que é que preciso de fazer, além de me inscrever no PSD, ter amigos na Linha e ter feito carreira a divertir-me nos ralis e raides do desporto automóvel português? Digam-me lá, porque aquele dinheirito dava um certo jeito para compor o orçamento (o meu orçamento, claro; o do Estado pouco me interessa)!
2. Agora a sério: o Eng.º Luís Mira Amaral foi afastado do Conselho de Administração da CGD. Ou melhor: do Conselho Executivo da CGD. Porque uma luminária qualquer decidiu criar este órgão para alguém poder ocupar mais um cargo no sector financeiro do Estado. Nada mau, para quem anda sempre com o credo da contenção da despesa pública na boca... Mas esta direcção bicéfala não deu bons resultados, aparentemente por força das divergências entre o Conselho Executivo e o Conselho de Administração. Vai daí o Ministro das Finanças demitiu os presidentes dos dois órgãos e nomeou um catedrático com um curriculum absolutamente brilhante para ocupar um órgão único de administração. O Eng.º Mira Amaral pediu então a aposentação e, horas mais tarde, esta foi-lhe concedida: dezoito mil euros. Mensais, note-se bem! Isto é fantástico: cria-se um cargo à medida para recompensar um homem cujos únicos méritos conhecidos residem em ser do PSD e andar à volta do poder; esse homem apresenta resultados medíocres na administração do órgão que lhe foi confiado e, como compensação pelos seus árduos esforços, aposenta-se com uma pensão milionária! É fartar, vilanagem!
3. Mas é claro que a culpa de todos estes desmandos é dos funcionários públicos e da sua crónica falta de produtividade. Não é do esbanjamento de dinheiro em órgãos supérfluos, nem das pensões escandalosas dos gestores públicos. Todos os males das nossas finanças residem nos trabalhadores da função pública! Pouco importa que trabalhem doentes (Portugal tem a terceira menor taxa de absentismo por doença da União Europeia) ou que tenham os salários mais baixos da Europa: eles é que são os culpados. É por isso que vão receber aumentos abaixo da taxa de inflação real – apesar de os salários terem estado congelados durante os últimos dois anos! E andamos nós a pagar impostos para isto?! 4. Finalmente, alguns dias antes da limpeza na administração da CGD, o Partido Socialista livrou o povo de Matosinhos de dois caciques da pior espécie – Narciso Miranda e Manuel Seabra não serão candidatos às autárquicas. Por causa da peixeirada que precedeu a morte de Sousa Franco. Boas notícias para o poder local. Resta esperar que Narciso não se candidate como independente, e que Seabra não concorra (como já constou) pelo PSD. Porque os caciques agem em função do tacho, e não das convicções. Em todo o caso, tiro o chapéu ao PS. Fez justiça.

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