O secretário-geral do Conselho das Igrejas Cristãs em Angola (CICA), reverendo Luís Nguimbi, pediu recentemente, em Luanda, aos cristãos angolanos para que se “tornem cada vez mais fortes ante as adversidades dos tempos que correm”.Na defesa das suas teses, nem todas – na minha opinião- válidas, Luís Nguimbi apresentou contudo um bom exemplo do que chamou fé cristã "inabalável e inquebrantável".Citou a esses propósito o exemplo de uma planta das matas do maiombe, na colónia angolana de Cabinda, chamada “nvunca”, que cresce na mesma proporção das suas raízes, o que a torna resistente contra qualquer tempestade."A nvunca não cai, nunca caiu e nunca secou", afirmou o pastor.Pois é. E os cabindas, apesar da manifesta e violenta ocupação política e militar por parte de Angola, são como a “nvunca”: Nunca caem, nunca secam. E se tiverem de morrer, morrem de pé para que a sua causa continue a viver.É esse mesmo exemplo que estão a dar à comunidade internacional, que pela frente fala de direitos humanos e por trás negoceia o petróleo, Raul Tati, Francisco Luemba, Belchior Lanzo Tati, Barnabé Paca Pezo, Andre Zeferino Puati, José Benjamin Fuca, entre muitos outros.Tal como a "nvunca", Cabinda – para além de ser desde 1975 uma colónia de Angola - é um tabu para Portugal. Quem, nesta altura, em Lisboa tem responsabilidades políticas não quer que se veja o que foi varrido para debaixo do tapete pelos seus recentes avoengos, tipo Mário Soares ou Almeida Santos.No entanto, por muito que custe, o lixo continua lá e o seu estado é cada vez mais putrefacto.Aliás, os cabindas apenas querem, como escreveu Francisco Luemba, que a questão seja suscitada, discutida calma e serenamente e as responsabilidades apuradas e assumidas sem preconceitos nem caça às bruxas, acusações ou insultos.Há alguns anos, no limiar do novo milénio, o governo belga apresentou ao Povo da República Democrática do Congo desculpas formais e oficiais pelo seu envolvimento no assassinato de Petrice Lumumba, herói da independência daquele país africano e chefe do seu primeiro governo.Para Cabinda, não é necessário que Portugal chegue a tanto, embora fosse da mais elementar justiça. Os cabindas apenas querem a verdade. Não só não exigem desculpas, como nem as esperam.Os cabindas são o único povo do planeta a quem é negado, sistemática e terminantemente, a compreensão, a amizade e a solidariedade. O único povo cujos mais elementares direitos são espezinhados. O único que, contra o direito e a a sua própria vontade, é empurrado para soluções extremas, como se o objectivo fosse arranjar um pretexto para eliminar os cabindas da face da terra.O problema está, contudo, que a "nvunca", para além de não cair e nunca secar... resiste mesmo depois de ser decepada.
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O secretário-geral do Conselho das Igrejas Cristãs em Angola (CICA), reverendo Luís Nguimbi, pediu recentemente, em Luanda, aos cristãos angolanos para que se “tornem cada vez mais fortes ante as adversidades dos tempos que correm”.Na defesa das suas teses, nem todas – na minha opinião- válidas, Luís Nguimbi apresentou contudo um bom exemplo do que chamou fé cristã "inabalável e inquebrantável".Citou a esses propósito o exemplo de uma planta das matas do maiombe, na colónia angolana de Cabinda, chamada “nvunca”, que cresce na mesma proporção das suas raízes, o que a torna resistente contra qualquer tempestade."A nvunca não cai, nunca caiu e nunca secou", afirmou o pastor.Pois é. E os cabindas, apesar da manifesta e violenta ocupação política e militar por parte de Angola, são como a “nvunca”: Nunca caem, nunca secam. E se tiverem de morrer, morrem de pé para que a sua causa continue a viver.É esse mesmo exemplo que estão a dar à comunidade internacional, que pela frente fala de direitos humanos e por trás negoceia o petróleo, Raul Tati, Francisco Luemba, Belchior Lanzo Tati, Barnabé Paca Pezo, Andre Zeferino Puati, José Benjamin Fuca, entre muitos outros.Tal como a "nvunca", Cabinda – para além de ser desde 1975 uma colónia de Angola - é um tabu para Portugal. Quem, nesta altura, em Lisboa tem responsabilidades políticas não quer que se veja o que foi varrido para debaixo do tapete pelos seus recentes avoengos, tipo Mário Soares ou Almeida Santos.No entanto, por muito que custe, o lixo continua lá e o seu estado é cada vez mais putrefacto.Aliás, os cabindas apenas querem, como escreveu Francisco Luemba, que a questão seja suscitada, discutida calma e serenamente e as responsabilidades apuradas e assumidas sem preconceitos nem caça às bruxas, acusações ou insultos.Há alguns anos, no limiar do novo milénio, o governo belga apresentou ao Povo da República Democrática do Congo desculpas formais e oficiais pelo seu envolvimento no assassinato de Petrice Lumumba, herói da independência daquele país africano e chefe do seu primeiro governo.Para Cabinda, não é necessário que Portugal chegue a tanto, embora fosse da mais elementar justiça. Os cabindas apenas querem a verdade. Não só não exigem desculpas, como nem as esperam.Os cabindas são o único povo do planeta a quem é negado, sistemática e terminantemente, a compreensão, a amizade e a solidariedade. O único povo cujos mais elementares direitos são espezinhados. O único que, contra o direito e a a sua própria vontade, é empurrado para soluções extremas, como se o objectivo fosse arranjar um pretexto para eliminar os cabindas da face da terra.O problema está, contudo, que a "nvunca", para além de não cair e nunca secar... resiste mesmo depois de ser decepada.