Alto Hama: A última mensagem escritado bispo emérito de Cabinda

21-01-2012
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«Quando um político entra em conflito com o seu próprio povo, perde a sua credibilidade no seu agir, torna-se um eterno ditador». Foi nestes termos que o bispo emérito de Cabinda, Paulino Madeca, falecido quarta-feira última, aos 80 anos de idade, se dirigiu a António Bento Bembe numa carta intitulada «A crise actual no enclave de Cabinda». Foi a Bento Bembe, mas poderia ter outros destinatários. Foi sobre Cabinda, mas poderia ser sobre Angola.«Acompanhei de longe alguns passos que foram dados sobre o processo de paz para Cabinda onde houve a assinatura de um Memorando de Entendimento», escreveu Paulino Madeca a António Bento Bembe numa carta com data de 26 de Setembro de 2006. «No entanto, a situação de guerra parece-me perdurar», prossegue Paulino Madeca, «isto leva-nos a grandes interrogações sobre a viabilidade desse processo».Na mesma carta, o bispo emérito afirma que toda «a prática que reduz as pessoas a serem mais que simples meios escraviza o homem» e que a maioria da população de Cabinda «continua mergulhada na miséria e a gritar por uma vida de liberdade e de dignidade». E acrescenta: «As nossas mães, nas aldeias, deixaram de ir livremente às lavras, em muitos lugares ainda tem havido prisões arbitrárias, estas e tantas outras devem interpelar-nos para a credibilidade do processo que está a começar».Paulino Madeca afirma que «as aspirações máximas de um homem político é de ser aceite pelo próprio povo por quem trabalha», mas quando um político entra em conflito com o seu próprio povo, «perde a sua credibilidade no seu agir, torna-se um eterno ditador porque usará sempre da força das armas para se impor».O bispo emérito de Cabinda escreveu que perante «o quadro tétrico que ainda se vive», o diálogo iniciado no enclave «deve abranger todas as forças vivas» de Cabinda, sublinhando ainda que o problema de Cabinda não se resolve no «acomodamento de algumas pessoas no governo angolano, recebendo alguns encargos», algo que Paulino Madeca considera «simplista de mais» para resolver o «conflito que dura há mais de 30 anos».«O diálogo deve ser franco, transparente e verdadeiro e as decisões do Fórum Cabindês devem ser sempre a expressão das aspirações do povo de Cabinda e não de interesses particulares».Paulino Madeca recordou a Bento Bembe que «o Fórum é um aglomerado de mandatos e não tem legitimidade por si próprio».Foi a Bento Bembe, mas poderia ter outros destinatários. Foi sobre Cabinda, mas poderia ser sobre Angola.Fonte: Angolense


«Quando um político entra em conflito com o seu próprio povo, perde a sua credibilidade no seu agir, torna-se um eterno ditador». Foi nestes termos que o bispo emérito de Cabinda, Paulino Madeca, falecido quarta-feira última, aos 80 anos de idade, se dirigiu a António Bento Bembe numa carta intitulada «A crise actual no enclave de Cabinda». Foi a Bento Bembe, mas poderia ter outros destinatários. Foi sobre Cabinda, mas poderia ser sobre Angola.«Acompanhei de longe alguns passos que foram dados sobre o processo de paz para Cabinda onde houve a assinatura de um Memorando de Entendimento», escreveu Paulino Madeca a António Bento Bembe numa carta com data de 26 de Setembro de 2006. «No entanto, a situação de guerra parece-me perdurar», prossegue Paulino Madeca, «isto leva-nos a grandes interrogações sobre a viabilidade desse processo».Na mesma carta, o bispo emérito afirma que toda «a prática que reduz as pessoas a serem mais que simples meios escraviza o homem» e que a maioria da população de Cabinda «continua mergulhada na miséria e a gritar por uma vida de liberdade e de dignidade». E acrescenta: «As nossas mães, nas aldeias, deixaram de ir livremente às lavras, em muitos lugares ainda tem havido prisões arbitrárias, estas e tantas outras devem interpelar-nos para a credibilidade do processo que está a começar».Paulino Madeca afirma que «as aspirações máximas de um homem político é de ser aceite pelo próprio povo por quem trabalha», mas quando um político entra em conflito com o seu próprio povo, «perde a sua credibilidade no seu agir, torna-se um eterno ditador porque usará sempre da força das armas para se impor».O bispo emérito de Cabinda escreveu que perante «o quadro tétrico que ainda se vive», o diálogo iniciado no enclave «deve abranger todas as forças vivas» de Cabinda, sublinhando ainda que o problema de Cabinda não se resolve no «acomodamento de algumas pessoas no governo angolano, recebendo alguns encargos», algo que Paulino Madeca considera «simplista de mais» para resolver o «conflito que dura há mais de 30 anos».«O diálogo deve ser franco, transparente e verdadeiro e as decisões do Fórum Cabindês devem ser sempre a expressão das aspirações do povo de Cabinda e não de interesses particulares».Paulino Madeca recordou a Bento Bembe que «o Fórum é um aglomerado de mandatos e não tem legitimidade por si próprio».Foi a Bento Bembe, mas poderia ter outros destinatários. Foi sobre Cabinda, mas poderia ser sobre Angola.Fonte: Angolense

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