NOVA ÁGUIA: REVISTA DE CULTURA PARA O SÉCULO XXI: BRASIL, POR PÊRO VAZ DE CAMINHA

21-01-2012
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As naus aproadas, Senhor, tive medo,O meu coração, as minhas mãos, a almaTremiam-me, a minha coragem é a da penaNão a das armas e do cordame. Um longe,Primeiro, acima das vagas, e depoisTodas as maravilhas do mundo, o verdePuro e alto, com o azul celeste, aberto,Confundidos no calvário infernal do ar eAves, ou anjos, de amarelo forte alucinadoNo assombro da visão rasgada. Toda a sede,Toda a fome, toda a dor, se nos calou,Senhor, naquele instante. Os batéisDescidos à pressa, calma, homens maisNão somos, chegados suplicantes, cristosDe carne e sal, vindos do sem pátriaDo terror das águas, a benção do fogoSobre nós caía, luz tanta, que do néscioNascia eloquência e virtude e levadosFomos ao paraíso terreno, ao mais santoDos chãos. Desta praia, o que Vos damos,Majestade, do penhor sereis Vós o reino,O que Deus conservou só podem os reisServir, os homens amar, o engenho e a penaDefender. Em boa razão Vos digo, Meu Rey,Escrevo estas palavras no imo do eterno eDo império da morte foi minhalma salva.Se meus olhos a essa luz nossa, nem à terraRegressarem, fui de Portugal filho, longePosso morrer, que o amor me é mortalha.Lord of Erewhon, aos 25 de Maio de 2008 deste Reino de Portugal


As naus aproadas, Senhor, tive medo,O meu coração, as minhas mãos, a almaTremiam-me, a minha coragem é a da penaNão a das armas e do cordame. Um longe,Primeiro, acima das vagas, e depoisTodas as maravilhas do mundo, o verdePuro e alto, com o azul celeste, aberto,Confundidos no calvário infernal do ar eAves, ou anjos, de amarelo forte alucinadoNo assombro da visão rasgada. Toda a sede,Toda a fome, toda a dor, se nos calou,Senhor, naquele instante. Os batéisDescidos à pressa, calma, homens maisNão somos, chegados suplicantes, cristosDe carne e sal, vindos do sem pátriaDo terror das águas, a benção do fogoSobre nós caía, luz tanta, que do néscioNascia eloquência e virtude e levadosFomos ao paraíso terreno, ao mais santoDos chãos. Desta praia, o que Vos damos,Majestade, do penhor sereis Vós o reino,O que Deus conservou só podem os reisServir, os homens amar, o engenho e a penaDefender. Em boa razão Vos digo, Meu Rey,Escrevo estas palavras no imo do eterno eDo império da morte foi minhalma salva.Se meus olhos a essa luz nossa, nem à terraRegressarem, fui de Portugal filho, longePosso morrer, que o amor me é mortalha.Lord of Erewhon, aos 25 de Maio de 2008 deste Reino de Portugal

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