NOVA ÁGUIA: REVISTA DE CULTURA PARA O SÉCULO XXI: Tribuna das Ilhas

24-01-2012
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“Gosto da Horta como de nêsperas. Tinha saudades do que fui, já nem sei bem como, aqui. Todo o imaginado é mais ou menos frustrado quando o realizamos; mas na Horta não é bem excedido […]. Matriz no alto onde foram as casas do donatário flamengo e que os jesuítas adaptaram, como sempre, cubicular e faustosamente, mais duas ou três igrejas conventuais nos altos; a cada ponta, ou sainte, as paróquias da Conceição e as Angústias, e o mais que é preciso para completar uma cidadezinha airosa alva como uma noiva” – Vitorino Nemésio in Corsário das IlhasNo próximo dia 20 de Fevereiro assinalam-se os 30 anos da morte do escritor açoriano Vitorino Nemésio.Nascido na Praia da Vitória, a 19 de Dezembro de 1901, o percurso escolar inicial do escritor não foi dos melhores, reprovando mesmo o 5º ano. Com 16 anos veio para o Faial, para se apresentar a exames como aluno externo no Liceu Nacional da Horta. Conclui o Curso Geral dos Liceus com uma média de 10 valores. Apesar das dificuldades na escola, Nemésio começava já a revelar-se um escritor de talento, tendo já escrito o livro de poesia “O Canto Matinal”.Durante a sua estadia no Faial, o escritor respirou do ambiente cosmopolita da cidade da Horta que, em pleno final da Primeira Grande Guerra, tinha um comércio marítimo imenso, e era escala obrigatória para muitas frotas. Para o cosmopolitismo da cidade contribuía também a Companhia dos Cabos Telegráficos Submarinos, aqui instalada.Este ambiente terá inspirado Vitorino Nemésio a escrever mais tarde, em 1944, a obra “Mau Tempo no Canal”, o seu romance mais mítico, cuja acção central se desenrola na Horta, com menções também às ilhas Pico, S. Jorge e Terceira.Nemésio concluiu o Liceu em Coimbra, e inscreveu-se na Faculdade de Direito de Lisboa, abandonando o curso pela Filologia Românica, na Faculdade de Letras, mais de acordo com a sua paixão pela escrita. Mais tarde viria a leccionar nesta faculdade, após alguns anos ao serviço do ensino na Universidade Livre de Bruxelas. Foi professor na Faculdade de Letras durante quase 40 anos, retirando-se em 1971.Casou em Coimbra com Gabriela Gomes, e teve quatro filhos.Recebeu o Prémio Nacional de Literatura em 1965, e em 1974, o Prémio Montaigne.Faleceu em 1978, sendo sepultado em Coimbra.É considerado hoje um dos maiores escritores portugueses so século XX. Foi professor, ficcionista, poeta, cronista, ensaísta, biógrafo, historiador da literatura e da cultura, jornalista, investigador, espistológrafo, filólogo e comunicador televisivo, um homem de letras de grande destaque, com um contributo impar para a cultura portuguesa.D.R.In Tribuna das Ilhas, 15 de Fevereiro de 2008


“Gosto da Horta como de nêsperas. Tinha saudades do que fui, já nem sei bem como, aqui. Todo o imaginado é mais ou menos frustrado quando o realizamos; mas na Horta não é bem excedido […]. Matriz no alto onde foram as casas do donatário flamengo e que os jesuítas adaptaram, como sempre, cubicular e faustosamente, mais duas ou três igrejas conventuais nos altos; a cada ponta, ou sainte, as paróquias da Conceição e as Angústias, e o mais que é preciso para completar uma cidadezinha airosa alva como uma noiva” – Vitorino Nemésio in Corsário das IlhasNo próximo dia 20 de Fevereiro assinalam-se os 30 anos da morte do escritor açoriano Vitorino Nemésio.Nascido na Praia da Vitória, a 19 de Dezembro de 1901, o percurso escolar inicial do escritor não foi dos melhores, reprovando mesmo o 5º ano. Com 16 anos veio para o Faial, para se apresentar a exames como aluno externo no Liceu Nacional da Horta. Conclui o Curso Geral dos Liceus com uma média de 10 valores. Apesar das dificuldades na escola, Nemésio começava já a revelar-se um escritor de talento, tendo já escrito o livro de poesia “O Canto Matinal”.Durante a sua estadia no Faial, o escritor respirou do ambiente cosmopolita da cidade da Horta que, em pleno final da Primeira Grande Guerra, tinha um comércio marítimo imenso, e era escala obrigatória para muitas frotas. Para o cosmopolitismo da cidade contribuía também a Companhia dos Cabos Telegráficos Submarinos, aqui instalada.Este ambiente terá inspirado Vitorino Nemésio a escrever mais tarde, em 1944, a obra “Mau Tempo no Canal”, o seu romance mais mítico, cuja acção central se desenrola na Horta, com menções também às ilhas Pico, S. Jorge e Terceira.Nemésio concluiu o Liceu em Coimbra, e inscreveu-se na Faculdade de Direito de Lisboa, abandonando o curso pela Filologia Românica, na Faculdade de Letras, mais de acordo com a sua paixão pela escrita. Mais tarde viria a leccionar nesta faculdade, após alguns anos ao serviço do ensino na Universidade Livre de Bruxelas. Foi professor na Faculdade de Letras durante quase 40 anos, retirando-se em 1971.Casou em Coimbra com Gabriela Gomes, e teve quatro filhos.Recebeu o Prémio Nacional de Literatura em 1965, e em 1974, o Prémio Montaigne.Faleceu em 1978, sendo sepultado em Coimbra.É considerado hoje um dos maiores escritores portugueses so século XX. Foi professor, ficcionista, poeta, cronista, ensaísta, biógrafo, historiador da literatura e da cultura, jornalista, investigador, espistológrafo, filólogo e comunicador televisivo, um homem de letras de grande destaque, com um contributo impar para a cultura portuguesa.D.R.In Tribuna das Ilhas, 15 de Fevereiro de 2008

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