Prémio Pritzker 2011

04-12-2019
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A pedido de várias famílias e fora do contrato que me liga a esta instituição aqui fica em estéreo:

A atribuição do Pritzker a Eduardo Souto Moura é um prémio justíssimo para a carreira de um atelier. Digo atelier e não arquitecto pois, ao contrário dos casos de Siza, Zumthor ou Mendes da Rocha, neste caso, premeia-se sobretudo a obra de uma entidade por onde têm passado muitos dos melhores arquitectos de várias gerações. De memória, sem rigor cronológico e esquecendo, involuntariamente, tantos outros recordo-me de Paula Santos, Francisco Vieira de Campos, Graça Correia, David Adjaye ou Pedro Mendes… entre tantos outros.

Mas esta também é uma vitória que tem de ser partilhada com a Escola (com “E” grande só pode ser a do Porto). Carlos Ramos, Fernando Távora e Siza Vieira (Álvaro Siza para consumo internacional) e Souto Moura (Souto de Moura para consumo internacional) fazem parte de uma estrutura de sucessão, fortemente defendida e construída por figuras menos conhecidas mas importantíssimas na arquitectura portuguesa do séc. XX como Alexandre Alves Costa, Domingos Tavares e Nuno Portas. A este lisboeta formado para combater a Escola do Porto, não lhe resta muito mais do que afirmar a sua excepcionalidade na arte de se continuar a recriar, produzindo profissionais para o mundo a um nível apenas equiparável, em Portugal, à s escolas do Sporting dos anos 80/90 com Figo, Simão, Nani ou Cristiano Ronaldo – com a vantagem do elo escola-profissão nunca se ter quebrado.

A obra premiada é absolutamente extraordinária, até porque, desenvolvida na sua maioria em Portugal. Ao contrário do que sucede com Siza, todas as mais relevantes obras de Souto Moura foram realizadas em Portugal. Aliás, o país é bem caracterizado pela forma como o próprio relata publicamente como lhe foi entregue o projecto do Estádio do Braga a partir de um telefonema de Mesquita Machado ou pelo seu comentário ontem à noite na RTP2, esperando que este prémio lhe traga algum trabalho.

Souto Moura gosta de caracterizar a obra do seu atelier como de arquitectura anónima, o que não é bem verdade.

Como não podia deixar de ser a obra premiada conta com altos e baixos, mas não posso deixar de me associar ao coro que destaca o Estádio do Braga como uma obra maior ou a importância urbana do Metro do Porto. Talvez quebre a unanimidade quando considero representações menores algumas das suas casas para uma certa burguesia e, em especial, para a que se projecta para a estrela do Real Madrid CR7 – que o Francisco Vale aqui publica.

Mas este também é um prémio para o Eduardo que, ainda na Escola, apresentava um belíssimo projecto ao concurso para um Monumento ao General Humberto Delgado (1979) que aqui deixo a imagem de uma maqueta retirada da lista de projectos de uma monografia publicada pela velhinha e saudosa Blau:

Por fim concluiria destacando a decisão de Saramago quando, após o Nobel, deixou de aceitar prémios. Sábia decisão que lhe poupou tempo, elogios palermas e muitos convites para eventos sociais em torno do seu nome. Muito gostaria que Siza e Souto Moura tivessem a mesma clarividência para que a sua arquitectura não seja canibalizada por mestres de circunstância.

A pedido de várias famílias e fora do contrato que me liga a esta instituição aqui fica em estéreo:

A atribuição do Pritzker a Eduardo Souto Moura é um prémio justíssimo para a carreira de um atelier. Digo atelier e não arquitecto pois, ao contrário dos casos de Siza, Zumthor ou Mendes da Rocha, neste caso, premeia-se sobretudo a obra de uma entidade por onde têm passado muitos dos melhores arquitectos de várias gerações. De memória, sem rigor cronológico e esquecendo, involuntariamente, tantos outros recordo-me de Paula Santos, Francisco Vieira de Campos, Graça Correia, David Adjaye ou Pedro Mendes… entre tantos outros.

Mas esta também é uma vitória que tem de ser partilhada com a Escola (com “E” grande só pode ser a do Porto). Carlos Ramos, Fernando Távora e Siza Vieira (Álvaro Siza para consumo internacional) e Souto Moura (Souto de Moura para consumo internacional) fazem parte de uma estrutura de sucessão, fortemente defendida e construída por figuras menos conhecidas mas importantíssimas na arquitectura portuguesa do séc. XX como Alexandre Alves Costa, Domingos Tavares e Nuno Portas. A este lisboeta formado para combater a Escola do Porto, não lhe resta muito mais do que afirmar a sua excepcionalidade na arte de se continuar a recriar, produzindo profissionais para o mundo a um nível apenas equiparável, em Portugal, à s escolas do Sporting dos anos 80/90 com Figo, Simão, Nani ou Cristiano Ronaldo – com a vantagem do elo escola-profissão nunca se ter quebrado.

A obra premiada é absolutamente extraordinária, até porque, desenvolvida na sua maioria em Portugal. Ao contrário do que sucede com Siza, todas as mais relevantes obras de Souto Moura foram realizadas em Portugal. Aliás, o país é bem caracterizado pela forma como o próprio relata publicamente como lhe foi entregue o projecto do Estádio do Braga a partir de um telefonema de Mesquita Machado ou pelo seu comentário ontem à noite na RTP2, esperando que este prémio lhe traga algum trabalho.

Souto Moura gosta de caracterizar a obra do seu atelier como de arquitectura anónima, o que não é bem verdade.

Como não podia deixar de ser a obra premiada conta com altos e baixos, mas não posso deixar de me associar ao coro que destaca o Estádio do Braga como uma obra maior ou a importância urbana do Metro do Porto. Talvez quebre a unanimidade quando considero representações menores algumas das suas casas para uma certa burguesia e, em especial, para a que se projecta para a estrela do Real Madrid CR7 – que o Francisco Vale aqui publica.

Mas este também é um prémio para o Eduardo que, ainda na Escola, apresentava um belíssimo projecto ao concurso para um Monumento ao General Humberto Delgado (1979) que aqui deixo a imagem de uma maqueta retirada da lista de projectos de uma monografia publicada pela velhinha e saudosa Blau:

Por fim concluiria destacando a decisão de Saramago quando, após o Nobel, deixou de aceitar prémios. Sábia decisão que lhe poupou tempo, elogios palermas e muitos convites para eventos sociais em torno do seu nome. Muito gostaria que Siza e Souto Moura tivessem a mesma clarividência para que a sua arquitectura não seja canibalizada por mestres de circunstância.

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