O país do Burro: Ao serviço da usura

27-01-2012
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«O agravamento dos juros em um quarto de ponto, para 4,25 por cento, visa “conter” os riscos inflacionistas e prevenir os efeitos indirectos perigosos, em particular do aumento generalizado e durável dos preços através da subida acentuada dos salários, declarou Jean-Claude Trichet, em conferência de imprensa, a seguir ao anúncio do BCE.»Não está ao alcance de todos dizer que os europeus ganham salários demasiado altos. Mas o presidente do BCE não é eleito e, como tal, está completamente imune a qualquer crítica à sua falta de visão e irresponsabilidade. Falta de visão porque um aumento de juros num contexto de mercado em que o acesso ao crédito é completamente selvagem e desregulado tem um alcance duvidoso sobre um consumo que pode ser alcançado facilmente através do endividamento. Irresponsável porque, nestes condições, o efeito mais que previsível será o de uma pressão na procura de crédito que provocará a subida do juro praticado no mercado e, por essa via, reproduzir inflação, fazer recuar o investimento e o crescimento económico e, naturalmente, aumentar o desemprego.Quem sai prejudicado da subida hoje anunciada são as empresas e as famílias das classes médias e baixas mais endividadas que, apesar de terem direito ao voto, não votam para o BCE. Quem sai beneficiado são a banca e as instituições de crédito que, apesar de não votarem, têm sido sistematicamente favorecidas por uma política de incentivo à agiotagem que tem enriquecido uma classe minoritária bastante bem representada em Bruxelas. À custa dos primeiros. O Tratado de Lisboa institui este modelo de repartição da riqueza.


«O agravamento dos juros em um quarto de ponto, para 4,25 por cento, visa “conter” os riscos inflacionistas e prevenir os efeitos indirectos perigosos, em particular do aumento generalizado e durável dos preços através da subida acentuada dos salários, declarou Jean-Claude Trichet, em conferência de imprensa, a seguir ao anúncio do BCE.»Não está ao alcance de todos dizer que os europeus ganham salários demasiado altos. Mas o presidente do BCE não é eleito e, como tal, está completamente imune a qualquer crítica à sua falta de visão e irresponsabilidade. Falta de visão porque um aumento de juros num contexto de mercado em que o acesso ao crédito é completamente selvagem e desregulado tem um alcance duvidoso sobre um consumo que pode ser alcançado facilmente através do endividamento. Irresponsável porque, nestes condições, o efeito mais que previsível será o de uma pressão na procura de crédito que provocará a subida do juro praticado no mercado e, por essa via, reproduzir inflação, fazer recuar o investimento e o crescimento económico e, naturalmente, aumentar o desemprego.Quem sai prejudicado da subida hoje anunciada são as empresas e as famílias das classes médias e baixas mais endividadas que, apesar de terem direito ao voto, não votam para o BCE. Quem sai beneficiado são a banca e as instituições de crédito que, apesar de não votarem, têm sido sistematicamente favorecidas por uma política de incentivo à agiotagem que tem enriquecido uma classe minoritária bastante bem representada em Bruxelas. À custa dos primeiros. O Tratado de Lisboa institui este modelo de repartição da riqueza.

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